1969 - Acreditar na vitória

1969 - Acreditar na vitória

Os Acontecimentos

  • 06
      05/1969

    06/05/1969 - 

    Encerramento compulsivo da Universidade de Lisboa.

    A luta dos estudantes pela democratização do país e do ensino estendeu-se de Coimbra a Lisboa, com a correspondente acção das autoridades.

  • 06
      05/1969

    06/05/1969 - 

    Comunicado do MPLA em que rejeita responsabilidades nos descarrilamentos do Caminho-de-Ferro de Benguela.

    A atribuição da responsabilidade dos ataques ao CFB ao MPLA foi uma técnica de contra-informação frequentemente utilizada pelas autoridades portuguesas para levar a Zâmbia a modificar a sua atitude de apoio ao MPLA.

    A grande maioria destas acções foi realizada pela UNITA e algumas delas foram efectuadas por elementos da PIDE/DGS.

  • 06
      05/1969

    06/05/1969 - 

    Ataque a Maniamba, no Niassa, Moçambique.

    Um grupo de cem guerrilheiros atacou o aquartelamento de Maniamba com dois canhões sem recuo e dois morteiros de 82mm, causando um morto.

    Os canhões e os morteiros estavam a três quilómetros do quartel e as armas automáticas a 300 metros.

    No mesmo dia, na estrada do Catur para Vila Cabral, uma emboscada causou dois mortos e cinco feridos a uma força portuguesa, na chamada região do Caracol.

  • 08
      05/1969

    08/05/1969 - 

    Emboscada no Cazombo, no Leste de Angola, por um grupo de 20 guerrilheiros, causando dois mortos e quatro feridos à força portuguesa.

  • 10
      05/1969

    10/05/1969 - 

    Interrupção do tráfego do CFB, motivada por sabotagens.

    Um grupo de guerrilheiros levantou cerca de dois quilómetros de linha a Leste de Cangumbe, depois de outro troço de linha sabotada no dia 5 ter sido dado como pronto.

    As sabotagens à linha do CFB foram uma das acções mais utilizadas pelos guerrilheiros da UNITA para perturbarem a situação no Leste de Angola e para criarem dificuldades às relações do MPLA com Zâmbia.

    O MPLA já tinha emitido um comunicado em Lusaca afirmando nada ter a ver com estes ataques.

  • 10
      05/1969

    10/05/1969 - 

    Exposição da Região Militar de Moçambique ao Comando-Chefe sobre a situação jurídica de um soldado português que desertara para se alistar e combater na FRELIMO e que mais tarde se apresentou às autoridades militares portuguesas.

    Um imbróglio político e jurídico Esta apresentação criou situações complicadas. O militar era, face à lei, acusado por crime “Contra a Independência da Nação”, o que lhe daria uma condenação de 20 a 24 anos de pena de prisão maior.

    Mas esta condenação poderia ter graves inconvenientes ao ser explorada pela FRELIMO que apresentaria este caso como exemplo daquilo que os portugueses faziam a quem desertasse da FRELIMO.

    Acontecia ainda que os guerrilheiros (os “terroristas”), que nunca tinham sido militares portugueses, eram incentivados a apresentarem-se voluntariamente, sem qualquer castigo.

    Mas a lei era a lei e o comandante da Região Militar de Moçambique avisava que a iria fazer cumprir.

  • 12
      05/1969

    12/05/1969 - 

    Emboscada da FRELIMO entre Mueda e Sagal causa cinco mortos e 13 feridos.

    Esta emboscada ocorreu na zona do Chindorilho, local habitual de passagem de guerrilheiros em trânsito da Tanzânia para as bases do núcleo central do Planalto dos Macondes.

  • 12
      05/1969

    12/05/1969 - 

    Directiva do comandante da Região Militar de Moçambique, general Francisco da Costa Gomes, “Para a criação duma faixa neutralizada, duma zona de acção condicionada e duma zona de segurança no Sector F, na fronteira com a Zâmbia”, a fim de evitar violações, mesmo que involuntárias, do território da Zâmbia, pois, a existirem, elas “contribuem para agravar as já tensas relações com aquele País, sem vantagens para a nossa luta”.

  • 15
      05/1969

    15/05/1969 - 

    Directiva de “Acção Psicológica para as Nossas Tropas”, respeitante aos anos de 1969 e 1970, do comandante da Região Militar de Moçambique, general Francisco da Costa Gomes.

    A directiva indicava os temas a serem desenvolvidos durante as acções de formação das tropas, com o objectivo de “consciencializar o pessoal acerca das vantagens individuais e colectivas, da justiça, do direito e da lógica dos objectivos político-militares pelos quais lutamos”.

    Em paralelo deveria levar-se a efeito uma “Acção Psicológica Reflexa”, isto é, o exercício de uma “Informação Pública Militar, visando esclarecer a sociedade moçambicana da missão do Exército e das vantagens da presença militar”, sendo que a população privilegiada nesta acção seria a “população evoluída (altos funcionários e dirigentes privados, quadros médios públicos e empresariais, comerciantes, industriais, etc.), aquela que, especialmente, interessa esclarecer para este efeito”.

  • 15/5/1969
      a 18/5/1969

    15/5/1969 a 18/5/1969 - 

    II Congresso Republicano, em Aveiro.

    O II Congresso Republicano de Aveiro reflectiu o momento de primavera política dos primeiros tempos do marcelismo, sendo as respectivas sessões relatadas pelos jornais, o que era uma novidade no mundo da comunicação do regime.

    Estiveram presentes cerca de 1500 delegados, o que transformou o congresso num grande evento e a sessão inaugural foi presidida por Hélder Ribeiro, um respeitado democrata. As sessões de trabalho foram dirigidas por Rodrigues Lapa e Orlando de Carvalho, dois universitários. A Oposição reclamou o debate livre sobre a guerra de África e a formação de partidos políticos.

    A ruptura CDE-CEUD.

    Ao congresso seguiu-se, a 15 de Junho, uma reunião da Oposição em S. Pedro de Muel, onde foi aprovada a Plataforma de Acção Comum.

    Numa nova reunião, agora a 13 de Julho, realizada no Palácio Fronteira, de Fernando Mascarenhas, um monárquico oposicionista, desta vez promovida por Francisco Sousa Tavares, Arlindo Vicente e Francisco Pereira de Moura, foram notórias as tensões e divergências entre os comunistas e o grupo de Mário Soares, de que resultaria a cisão que levaria à criação de dois movimentos oposicionistas para concorrerem às eleições – a CDE, próxima do Partido Comunista, e a CEUD, do grupo que daria origem ao PS.

    Como consequência desta cisão, também em Argel, a 9 de Novembro, a FPLN afastou o representante do PCP, Pedro Soares, e afirmou-se revolucionária, num processo que daria origem às Brigadas Revolucionárias (BR) e a 15 de Dezembro Silva Marques formalizou o processo de ruptura com o PCP, escrevendo uma carta aberta a todos os militantes e amigos do partido.

  • 17
      05/1969

    17/05/1969 - 

    Condenação à morte dos implicados numa tentativa de golpe de Estado contra Sekou Touré, da Guiné-Conacri.

    Dez implicados foram condenados à pena capital, entre eles o chefe do Estado-maior Adjunto do Exército, um antigo ministro da Economia, um antigo embaixador e o então embaixador em Paris.

    Ao longo dos anos foram noticiadas várias tentativas de golpe de Estado para derrubar Sekou Touré, que aproveitou essas tentativas para eliminar eventuais competidores e para acusar países estrangeiros, quase sempre a França, a antiga potência colonizadora.

    Portugal esteve envolvido, no ano seguinte, numa dessas tentativas de derrube com a Operação Mar Verde.

  • 19
      05/1969

    19/05/1969 - 

    Entrada na zona de Tete de um grupo de 40 guerrilheiros da FRELIMO com grande quantidade de armamento.

    O grupo de 40 homens da FRELIMO que procedia da Tanzânia entrou na zona de Tete, com grande quantidade de armamento e munições. Seguiu um percurso, que se tornou habitual, de Tunduma-Lusaca-Chadiza-Tete.

  • 27
      05/1969

    27/05/1969 - 

    Uma mina aquática foi accionada pelo batelão Guadiana no rio Cobade, no sector Sul, Guiné, causando cinco mortos e oito feridos e ficando a embarcação encalhada no local.

  • 01
      06/1969

    01/06/1969 - 

    O programa de rádio da FNLA “Voz de Angola Livre” passou a ser transmitido de Lubumbashi, em face das facilidades concedidas pela República Democrática do Congo.

  • 04
      06/1969

    04/06/1969 - 

    Desvio de um avião da DTA para Ponta Negra, na República Popular do Congo.

    O desvio do avião foi executado por um comando de três elementos do MPLA chefiado por Soares da Silva e constituído por António Neto (Loló) e Lourenço de Jesus, que morreu em 29 de Março de 1971 durante o ataque a Lumbala (Leste).

    O avião, um Dakota, voava de Ambrizete para Sazaire e levava 17 pessoas a bordo, cinco tripulantes e 12 passageiros. Três militares portugueses, dois furriéis e um soldado, ficaram prisioneiros da República Popular do Congo, enquanto os passageiros civis foram libertados e o avião entregue às autoridades portuguesas em 12 de Junho. A Cruz Vermelha mediou uma solução de troca destes militares portugueses por cidadãos congoleses presos em Cabinda e os interesses portugueses foram assumidos pela França.

  • 05
      06/1969

    05/06/1969 - 

    Ataque simultâneo efectuado por uma força de cem elementos da FRELIMO ao destacamento militar e ao aldeamento de Nova Coimbra, no Niassa, utilizando morteiros, lança-granadas-foguete e armas automáticas, tendo espalhado panfletos de propaganda.

  • 06
      06/1969

    06/06/1969 - 

    Ataque ao aldeamento de Quissengue, Mocímboa da Praia, no Norte de Moçambique, causando mortos e feridos à população.

    Um grupo de cerca de 400 guerrilheiros atacou o aldeamento de Quissengue, Mocímboa da Praia, causando mortos e feridos à população, e levando armas e o emissor receptor da unidade de milícias do aldeamento.

  • 07
      06/1969

    07/06/1969 - 

    Ataque a Piche, na fronteira norte da Guiné, com elevadas baixas na população civil, que obrigou ao seu deslocamento.

    Um grupo de cerca de cem guerrilheiros flagelou Piche (sede do Batalhão de Artilharia 2857) com um canhão sem recuo, morteiros 82mm e metralhadoras pesadas. O ataque foi feito das direcções sul, leste e sueste, a partir do interior da Guiné, causando dois mortos e 32 feridos, dos quais sete graves, entre os militares, e 23 mortos, entre a população, para além de elevados danos materiais.

    Esta foi a primeira acção de ataque ao aquartelamento junto à fronteira. Além deste ataque o PAIGC atacou ainda simultaneamente as povoações de Amedalai, Dembataco e Moricanhe na região de Xime, povoações que serviam de “tampão” ao avanço para Bambadinca.

    O ataque do PAIGC a Piche obrigou ao deslocamento das populações desta área para zonas mais seguras, tendo alguns fugido para o Senegal.

  • 07
      06/1969

    07/06/1969 - 

    Operação Zeta – acção das forças portuguesas no complexo da base Limpopo, a NO de Mocímboa do Rovuma, Moçambique, com localização de grande quantidade de material, incluindo espingardas Simonov, pistolas-metralhadoras, munições, granadas de morteiro, explosivos e minas.

    A febre das grandes operações.

    A realização da Operação Zeta é reveladora das diferenças de conceitos entre os generais portugueses quanto às grandes operações. O general António Augusto dos Santos, enquanto comandante-chefe em Moçambique, foi dos que resistiu quanto pôde, mas teve de ceder perante as pressões do general Deslandes, chefe do Estado-Maior-General.

    Augusto dos Santos considerou na altura que teimavam “numa concepção profundamente errada de que em Cabo Delgado se pode ganhar agora a guerra”.

    Operação Zeta – Os páras saltam no Planalto dos Macondes.

    Em 7 de Junho de 1969 duas companhias de páras do Batalhão de Pára-quedistas 32 (Nacala) e uma do Batalhão de Pára-quedistas 31 (Beira) foram lançadas na zona de Malambuage, a sul do rio Rovuma, onde se situavam bases de apoio às infiltrantes da FRELIMO que partiam das bases na Tanzânia e se dirigiam ao “coração” do Planalto dos Macondes, na zona de Mueda, Nangololo e Sagal.

    Embora não se tenham registado combates violentos, a Operação Zeta constituiu uma das principais referências da actividade das tropas Pára-quedistas em Moçambique porque foi o primeiro e o maior lançamento operacional de Pára-quedistas naquele teatro de operações e um dos raros que tiveram lugar durante toda a guerra.

    O lançamento de Pára-quedistas permitiu surpreender os guerrilheiros, cuja organização defensiva estava organizada para o alerta e a defesa contra forças que se aproximassem por terra, levando-os a dispersar e a abandonar grande quantidade de material e ainda porque nela foram ensaiadas algumas manobras tácticas que melhorariam o futuro desempenho das forças em operações, como a mudança de zona de acção de uma unidade em plena operação com o emprego de helicópteros em elevado número.

    Em 1972 os páras voltariam a saltar em ambiente operacional, na região de Tete.

     

  • 08
      06/1969

    08/06/1969 - 

    Ataque antiaéreo da FRELIMO contra aviões PV2, T-6 e helicanhão empenhados na Operação Zeta, com base de fogos na Tanzânia.

  • 09
      06/1969

    09/06/1969 - 

    Aprovação de uma ordem de interdição do território do Senegal aos elementos do PAIGC.

    A proposta de interdição foi apresentada pelo ministro do Interior ao presidente Senghor, que a aceitou. Em consequência, cerca de 110 elementos do PAIGC que se encontravam em Koldá receberam ordem de expulsão.

    Esta ordem tinha a ver com as más relações entre as populações locais e os guerrilheiros e era uma demonstração de vontade de melhoria das relações políticas do Senegal – desejo de boa cooperação – com Portugal devido à substituição de Salazar por Marcelo Caetano e pela nova atitude de Spínola.

    Durante este período inicial dos mandatos de Marcelo Caetano em Lisboa e de Spínola em Bissau foram frequentes os contactos entre autoridades portuguesas e senegalesas ao longo da fronteira e populações senegalesas receberam inclusivamente apoio sanitário em unidades militares portuguesas.

  • 10
      06/1969

    10/06/1969 - 

    Ataque de 60 guerrilheiros da UPA à residência do encarregado da Companhia dos Asfaltos, na estrada Caxito-Libongos (Norte), de onde foram roubadas armas.

  • 11
      06/1969

    11/06/1969 - 

    Início da acção armada do MPLA no distrito do Bié, Angola.

    Nesta data foi referenciado pelas autoridades militares portuguesas um grupo de guerrilheiros no “quimbo” Sacazumbissa, a sul de Mutumba, e a oeste do rio Cuanza.

    Este grupo tentou o aliciamento da população e foi perseguido por forças da Companhia de Cavalaria 1407. A 14 de Junho este grupo de 30 elementos foi referenciado nos arredores de Silva Porto. Eram os primeiros contactos de guerrilheiros do MPLA no distrito do Bié.

  • 17
      06/1969

    17/06/1969 - 

    Visita do ministro dos Negócios Estrangeiros da República da África do Sul, Hildegard Muller, a Lisboa, tendo afirmado que os dois países deviam actuar como bastiões contra a ofensiva comunista em África.

  • 19
      06/1969

    19/06/1969 - 

    Recomendação da Assembleia-Geral da União da Europa Ocidental (UEO) no sentido de ser prosseguida uma política comum tendente ao encaminhamento de Portugal para um Governo democrático.

    A reunião teve lugar em Paris e a recomendação de ser prosseguida uma politica tendente a instalar um Governo democrático era dirigida a  Portugal e à Grécia, as duas ditaduras da NATO.

  • 19
      06/1969

    19/06/1969 - 

    O general Câmara Pina toma posse como director do Instituto de Defesa Nacional.

    O general Luís da Câmara Pina tinha sido nomeado chefe do Estado-Maior do Exército em 1958. Depois de dez anos cruciais como responsável pelo Exército, o ramo das Forças Armadas sobre o qual recaía o esforço principal da guerra em África, o general abandonou o seu posto por ter atingido o limite da idade para o serviço activo. Câmara Pina ultrapassou incólume todas as graves crises do regime: a tentativa de golpe de Botelho Moniz, a invasão e ocupação dos territórios de Goa, Damão e Diu na Índia e a rendição das forças portuguesas, o início das guerras em Angola, Guiné e Moçambique (estava em Cabinda, numa missão de estudo para a reorganização do Exército em África quando ocorreram os massacres do Norte de Angola), o assalto ao quartel de Beja. Assistiu do seu gabinete no Estado-Maior do Exército ao desfilar de ministros tão diferentes como Salazar e Correia de Araújo na Defesa, de Mário Silva, Luz Cunha ou Bettencourt Rodrigues no Exército, de Adriano Moreira e Peixoto Correia no Ultramar.

Arquivos Históricos

Lugares de Abril

Curso História Contemporânea

Roteiro Didático e Pedagógico

Base Dados Históricos

Site A25A

Centro de Documentação

Arquivo RTP

Cadernos 25 Abril

Filmes e Documentários

Arquivos Históricos

© 2018 – Associação 25 de Abril
We use cookies to personalise content and ads, to provide social media features and to analyse our traffic. We also share information about your use of our site with our social media, advertising and analytics partners. View more
Cookies settings
Accept
Privacy & Cookie policy
Privacy & Cookies policy
Cookie name Active
Save settings
Cookies settings