1969 - Acreditar na vitória

1969 - Acreditar na vitória

Os Acontecimentos

  • 04
      01/1969

    04/01/1969 - 

    Ataque a uma viatura da Junta Autónoma das Estradas no itinerário Luso-Lucusse, no Leste de Angola.

  • 06
      01/1969

    06/01/1969 - 

    Sabotagem do Caminho-de-Ferro de Moçâmedes, em Angola, tendo descarrilado duas máquinas e cinco vagões (Munhengo).

  • 06
      01/1969

    06/01/1969 - 

    Operação Urso – acção de grande envergadura de forças portuguesas helitransportadas em Luatxe, Moxico, na Zona Militar Leste de Angola, sobre um acampamento do MPLA.

    Foi executado um heliassalto por forças da 12ª Companhia de Comandos sobre o acampamento Parafuso, nas margens do rio Cassai. Num dos assaltos foram referenciados acampamentos da Rota Agostinho Neto, um do Grupo Certeza e outro do grupo de Iko Carreira. O conjunto das operações decorreu de 6 a 11 de Janeiro.

  • 06
      01/1969

    06/01/1969 - 

    Envio, pelo Governo português, de uma nota oficial ao Governo dos Estados Unidos a solicitar a revisão do estatuto da Base das Lajes.

    Marcelo Caetano e Franco Nogueira, numa mutação estratégica, reactivaram a questão dos Açores como uma arma política para arrancar concessões políticas.

    Desde 1963 que os Estados Unidos estavam nos Açores numa base ad hoc, isto é, podiam ter de sair mediante um pré-aviso de seis meses.

  • 08
      01/1969

    08/01/1969 - 

    Primeira “conversa em família” de Marcelo Caetano.

    Marcelo Caetano iniciou na televisão as “conversas em família”, que se tomaram um meio importante de popularização da sua imagem, em contraste com o eremítico Salazar.

    Um dos fundadores da televisão

    Marcelo Caetano foi um dos fundadores da televisão em Portugal, conhecia bem o extraordinário poder deste meio de comunicação e iria utilizá-lo sem cerimónias como um aparelho ao serviço da propaganda do Governo e da sua política.

    O que em Salazar era excepcional, o aparecimento na televisão, passou, com Caetano, a fazer parte do trabalho de rotina do chefe do Governo.

    Para controlar a televisão, Caetano nomeou o fiel Moreira Baptista para secretário de Estado do Turismo e da Informação e Ramiro Valadão para presidente da Rádiotelevisão Portuguesa. Moreira Baptista tornou-se num caso paradigmático de propagandista, ao ser simultaneamente membro do Governo e comentador político com um programa quinzenal na RTP.

    A utilização da RTP para fins propagandísticos de Marcelo Caetano foi explorada ao máximo por Ramiro Valadão, especialmente no aproveitamento dos grandes acontecimentos que envolviam o novo primeiro-ministro. Para Caetano, a RTP era um instrumento ao serviço do Governo e devia, como afirmou Moreira Baptista, estar submetida, para além de todas a razões, ao interesse nacional.

     

  • 10
      01/1969

    10/01/1969 - 

    Exposição de dois mil católicos da diocese do Porto aos bispos portugueses.

    Dois mil católicos do Porto assinaram uma exposição, dirigida a todos os bispos portugueses dizendo:

    “… esperamos de Vossas Excelências Reverendíssimas aquela acção que a Justiça e a Caridade evangélicas pedem, a qual acreditamos já esteja em curso, em ordem a vermos entre nós, no Governo efectivo da sua Diocese, o nosso Bispo ausente”.

    D. António Ferreira Gomes, o bispo exilado, regressará a Portugal em Julho.

  • 10
      01/1969

    10/01/1969 - 

    Durante um patrulhamento de forças portuguesas foi encontrado o corpo de um cubano morto numa emboscada em Cabinda, em 22 de Dezembro.

  • 17
      01/1969

    17/01/1969 - 

    Grande emboscada no itinerário Quibala-Toto que causou 17 mortos, oito feridos e dois desaparecidos às forças portuguesas.

    Um grupo de guerrilheiros do MPLA emboscou um grupo de combate que se deslocava entre Quibala e Toto, no Norte de Angola, causando-lhe 17 mortos, oito feridos graves e dois desaparecidos e a captura de 12 espingardas FN, um cano de metralhadora Breda e um rádio E/R AN/GRC-9.

    Este tipo de acções, em que as forças portuguesas sofriam elevado número de baixas, ocorria após longos períodos de ausência de actividade da guerrilha, o que motivava relaxamento das normas de segurança e diminuição de efectivos.

  • 18
      01/1969

    18/01/1969 - 

    Início da Conferência Internacional de Solidariedade para com os Povos das Colónias Portuguesas e da África Austral, em Cartum.

    Estiveram presentes mais de cem delegados em representação de países da África e da Ásia e também de organizações sociais internacionais.

    Foram discutidos os problemas respeitantes “à criação do exército regular dos movimentos de libertação, em Angola, Guiné e Moçambique”.

    O Sudão propôs a criação de um exército africano para combater ao lado dos movimentos de libertação e, na resolução final, o Comité de Mobilização e Apoio aos Povos das Colónias Portuguesas pediu o reconhecimento dos movimentos de libertação de Angola, Guiné, Moçambique, África do Sul e Rodésia e considerou que Portugal era o “elo mais fraco do imperialismo colonialista e que a luta contra ele devia ser prioritária”.

  • 20
      01/1969

    20/01/1969 - 

    Richard Nixon toma posse como presidente dos EUA.

    Com Nixon, surgiu Kissinger como conselheiro de política externa.

    Será Kissinger o mentor da nova política externa dos EUA, dominada pela situação no Vietname e a necessidade de manter intacto o prestígio internacional dos Estados Unidos. Para Kissinger o mundo estava dividido entre amigos e inimigos e entre arenas de cooperação e competição. Esta visão primária das relações internacionais favorecia Portugal, que estava do lado dos amigos e dos não competidores. A administração Nixon terá Marcelo Caetano como interlocutor e as relações entre os EUA e Portugal serão muito mais fáceis do que nas administrações Kennedy e Johnson.

     

  • 20
      01/1969

    20/01/1969 - 

    Ataque de guerrilheiros da UPA a uma brigada de trabalhadores do Caminho-de-Ferro de Benguela na região de Cafungo, Moxico, de que resultaram 15 trabalhadores mortos, 32 feridos e dois desaparecidos.

  • 21
      01/1969

    21/01/1969 - 

    Assinatura de um novo acordo entre Portugal e a África do Sul para aproveitamento dos recursos hídricos da bacia do Cunene.

    Este acordo foi assinado na sequência do anterior de 1964 e, em termos técnicos, resultava da evolução nos estudos de desenvolvimento do projecto entretanto realizados.

    Em termos políticos este novo acordo representava o estreitamento das relações entre Portugal e a África do Sul, as quais passavam por grandes empreendimentos hidroeléctricos como o do Cunene e de Cahora Bassa.

  • 21
      01/1969

    21/01/1969 - 

    Operação Grande Colheita na zona de Bigene, Guiné, com assinaláveis resultados.

    Esta foi uma operação conjunta da Companhia de Cavalaria 2443, da Companhia de Caçadores 3, da Companhia de Artilharia 1745 e do DFE 13, entre 21 e 23 de Janeiro nos “corredores” Talicó e Sambuiá.

    No dia 23 foram detectados dois acampamentos com arrecadações de material em Sambuiadim onde as forças portuguesas recolheram material importante, entre o qual um canhão sem recuo B-10, um morteiro 82mm, uma metralhadora pesada Degtyarev, uma metralhadora Breda, e uma metralhadora MG, 11 metralhadoras Bren, quatro RPG2, espingardas G-3 e um LGF (lança granadas foguete 8,9cm M20-B1 m/952, bazuca de origem americana, que tinha sido capturada às forças portuguesas), 45 espingardas Mauser, 14 Simonov, 10 Mosin Nagant e 19 pistolas-metralhadoras PPSH.

  • 22
      01/1969

    22/01/1969 - 

    Emboscada a uma viatura civil em Mucondo (Norte de Angola).

    Um grupo de guerrilheiros atacou uma viatura civil da fazenda Daladiata (Mucondo) matando dois trabalhadores e ferindo gravemente o gerente. A 26 seria emboscada um outra viatura civil, agora da fazenda Três Marias, fazendo um morto. Estas acções contra viaturas civis, isoladas, pertencentes às fazendas, enquadram-se na acção da UPA para desestabilizar a região e prejudicar a actividade económica.

  • 24
      01/1969

    24/01/1969 - 

    Directiva Conjunta nº 1/69 do comandante-chefe e do governador-geral de Moçambique “Para a Coordenação das Actividades de Contrainformação ao nível Distrito-Sector”.

    Assinada por Baltazar Rebelo de Sousa, como governador-geral, e por António Augusto dos Santos, como comandante-chefe, a directiva representa uma linha de pensamento muito própria, de que ambos, com o general Francisco da Costa Gomes, eram notáveis representantes. Em primeiro lugar, enquadra-se a “contra-subversão” nos seus limites e nos seus propósitos, sendo enunciados os princípios de actuação:

    “1. Tem de ser responsabilidade e obra de todos, civis e militares, e constituir a sua primeira preocupação;

    2. Dirige-se, fundamentalmente, às populações e abrange, praticamente, todas as actividades da Administração;

    3. Deve integrar-se nas actividades normais da Administração, de preferência a dispor de serviço próprio para a sua execução;

    4. Requer unidade de acção nas restantes actividades, civis e militares”.

    Este edifício, reconstruído e mantido para 1969, será completamente desmantelado a partir de 1970, com o pensamento e a acção de Kaúlza de Arriaga. Ao adoptar a ideia da preponderância militar, através de uma acção espectacular, destinada a destruir o núcleo central do inimigo e a causar-lhe danos irreparáveis, Kaúlza corta radicalmente com a forma de actuação dos seus antecessores. Demonstrou-se que a opção de Kaúlza se transformou num desastre e que a opção pela acção persistente, coordenada e de baixa intensidade, aplicada por Costa Gomes em Angola, para onde foi nomeado comandante-chefe, se mostrou muito mais eficaz e bem sucedida.

  • 27
      01/1969

    27/01/1969 - 

    Oferta de um avião-ambulância aos militares de Moçambique feita pela África do Sul.

    O avião ligeiro, completamente equipado, tinha o valor estimado de 50 000 rands e foi entregue pelo Mozambique Soldier’s Confort Fund ao brigadeiro português Manuel Norton Brandão.

  • 29
      01/1969

    29/01/1969 - 

    Reunião, em Cartum, da Conferência Internacional de Solidariedade para com os Povos das Colónias Portuguesas e da África Austral.

  • 03
      02/1969

    03/02/1969 - 

    Assassínio de Eduardo Mondlane, líder da FRELIMO.

    Eduardo Mondlane morreu em Dar es Salam ao abrir uma encomenda armadilhada contendo a tradução francesa das «Obras Escolhidas», de George Plekhanov. Não existem dúvidas que a PIDE foi a executora do assassínio de Mondlane. O explosivo foi fornecido pela casa Praff, de Lourenço Marques, a encomenda foi preparada por Casimiro Monteiro, o agente da PIDE que assassinou Humberto Delgado. Rosa Casaco, o inspector da PIDE que comandou o grupo que assassinou o general e a sua secretária, afirma que foi Casimiro Monteiro o executor, “a mando do António Vaz” (o chefe da PIDE em Moçambique). Os serviços secretos italianos (SDI), sempre muito bem informados nos meios fascizantes e de Extrema-Direita, atribuem o crime a uma rede que inclui a PIDE, a Aginterpress, o engenheiro Jardim, Uria Simango, mas referem também Casimiro Monteiro como autor material.

    A quem aproveitava a morte de Mondlane?

    Mondlane tinha uma formação ocidental, era casado com uma americana, funcionário das Nações Unidas, não era muito querido dos dirigentes da Tanzânia, não era
    também um homem de Moscovo, cujas autoridades desconfiavam, justificadamente, dele e das suas simpatias pró-americanas. Qualquer substituto de Mondlane na chefia da FRELIMO seria mais favorável à Tanzânia e a Moscovo que Mondlane e seria menos favorável aos EUA e a Portugal. Dos possíveis sucessores, apenas Marcelino dos Santos estudara em Portugal, mas era agora um radical marxista, como muitos jovens universitários europeus e africanos da sua geração, Machel nunca fora a Portugal e Uria Simango também não. Em Lisboa parece que ninguém ganharia nada com a troca, a não ser que a intenção fosse piorar a situação…

     

    Os homens da PIDE

    O certo é que a PIDE esteve envolvida no assassínio e que António Vaz, o chefe da organização em Moçambique, não tinha autonomia para determinar o assassínio de Mondlane. António Vaz era um funcionário.

    Dado que a morte de Mondlane não servia a Portugal, que não era agradável aos Estados Unidos e não dizia respeito a um território francófono, só interessava à URSS, ou à China. Resta saber qual dos chefes da PIDE prestou o serviço de afastar Mondlane.

    Mas existe, como sempre em Moçambique, o engenheiro Jardim, a confundir qualquer análise.

    Jorge Jardim

    A estratégia de longo prazo de Jardim assentava na convicção de que Moçambique seria independente. A única possibilidade que Jardim tinha de contrariar esta evidência e de ganhar poder com a nova situação era dividir Moçambique. Dividir, não necessariamente ao meio (paralelo da Beira), mas o mais a norte possível: no rio Messalo, no Lúrio, quando muito, pelo paralelo de Nampula.

    Nesta estratégia, Jardim era um aliado natural de Kavandame e dos macondes.

    Quem era um obstáculo ao Moçambique dividido de Jardim, o Moçambique que garantia os corredores e os portos de Lourenço Marques e da Beira, era Mondlane, um homem do Sul, um shangana europeizado que queria ser presidente de um Moçambique como fora desenhado na Conferência de Berlim. Jardim tinha poucos argumentos contra um homem como Mondlane, um aliado dos Estados Unidos, um homem das Nações Unidas, um universitário.

    A hipótese natural

    Mas o assassínio de Mondlane pode ter causas unicamente centradas no seio da PIDE. Uma organização criminosa como a PIDE, com um assassino disponível como Casimiro Monteiro, ao deparar-se com uma oportunidade de matar um adversário, salta e mata-o sem pensar nas consequências, porque essa é a sua natureza.

  • 06
      02/1969

    06/02/1969 - 

    Desastre do Cheche na travessia do rio Corubal, durante a retirada das forças portuguesas do quartel de Madina do Boé, na Guiné.

    Esta operação tinha em vista retirar as forças portuguesas da posição insustentável de Madina do Boé, cercada pelo PAIGC e depois ocupada logo a seguir, no mesmo
    dia.

     

     

     

    A companhia que estava em Madina do Boé havia 13 meses era a Companhia de Caçadores 1790, comandada pelo capitão José Aparício.

    Depois de saírem de Madina, pelas nove da manhã do dia 6 de Fevereiro de 1969, as forças portuguesas perderam meia centena de homens e grande quantidade de material, quando a jangada que fazia a travessia do rio Corubal, se virou. Aparentemente por excesso de peso, ou pela sua má distribuição, agravado por uma detonação que provocou o pânico.

    Na sequência da retirada e do desastre, o PAIGC ocupou Madina do Boé, Mejo e Cheche, tendo sido o facto alvo de exploração junto da opinião pública mundial por parte dos serviços de informação e propaganda do PAIGC.

    O Exército justificou a retirada daquela região em consequência do reordenamento populacional, que exigia que aquelas populações fossem transferidas para aldeias de maior progresso económico e social.

    De facto, o abandono do quartel de Madina do Boé fazia parte da reorganização do dispositivo militar que Spínola estava a levar a cabo desde que tomara posse. Madina era, juntamente com o Destacamento de Béli (já desactivado em Junho de 1968) e com Cheche, uma posição muito difícil de defender, por estar perto da fronteira da Guiné-Conacri, numa zona semidesértica e a uma cota inferior à dos morros do Futa Djalon, separada dos outros postos portugueses pelo rio Corubal, o que tornava esta localidade muito difícil de reabastecer ou mesmo de socorrer.

  • 08
      02/1969

    08/02/1969 - 

    Alteração do Estatuto do Oficial do Exército, através do Decreto-Lei n.º 48.864, que determina que “a passagem à situação de reserva dos oficiais que desistam de prestar provas de aptidão profissional para o posto imediato ou revelem não possuir os requisitos de cultura necessários ao desempenho do novo posto […] só tem lugar quando não haja inconveniente para o serviço”.

    Tratava-se da reacção administrativa do Governo às tentativas de saída das fileiras de muitos militares do QP, os quais, vendo indeferidos os seus requerimentos para a passagem à reserva, estavam a usar o subterfúgio da não satisfação das condições de promoção para, por força estatutária, serem desligados do serviço. O poder político vinha agora dar corpo de lei à possibilidade dessa exclusão deixar de ser automática, passando a depender do poder discricionário de quem tinha competência para decidir se havia ou não “inconveniente para o serviço”.

  • 09
      02/1969

    09/02/1969 - 

    Ataque do PAIGC ao quartel de Cambaju com assalto ao interior do quartel.

    Este ataque foi realizado por um grupo de cerca de 200 guerrilheiros com canhões sem recuo, morteiros 82mm, lançafoguetes RPG e metralhadoras pesadas, tendo durado cerca de duas horas. Durante o ataque os guerrilheiros entraram no perímetro defensivo do quartel (Batalhão de Caçadores 2856), onde sofreram oito mortos, dos quais três ficaram no interior do quartel. A operação foi comandada por Quemo Mané.

  • 09
      02/1969

    09/02/1969 - 

    Leopold Senghor apresentou em Dacar um plano de paz para a Guiné, que propunha a independência no quadro de uma Comunidade Luso-Africana.

    Senghor tentou sempre encontrar vias de diálogo para a resolução do problema colonial na Guiné. A visão que ele tinha da presença portuguesa na África era a de um
    homem de cultura, de que seria desastroso se Portugal fosse expulso da África pela força das armas, o que poderia significar o fim da cultura portuguesa no continente. Por outro lado considerava que os países latinos eram mais capazes de relacionamentos pacificadores que os anglo-saxónicos. Preocupava-o o imobilismo do Governo português e via no general Spínola um interlocutor – chegou a compará-lo a De Gaulle – para conseguir uma independência negociada.

  • 10
      02/1969

    10/02/1969 - 

    “Conversa em família” de Marcelo Caetano em que nega a existência de uma aliança entre Portugal, a Rodésia e a África do Sul.

    “É corrente na Assembleia das Nações Unidas falar-se de aliança secreta de Portugal com a União Sul-Africana e a Rodésia. Escuso de dizer que não existe, a ligar os três países, qualquer aliança, secreta ou ostensiva. Praticamos, aliás, políticas raciais distintas, e sabe-se quanto estamos empenhados em prosseguir e aperfeiçoar a nossa política de não discriminação e de franco convívio…”

    Embora formalmente o acordo de aliança só venha a ser assinado em Outubro de 1970, a verdade é que a cooperação intensa com a África do Sul era já um facto.

  • 11
      02/1969

    11/02/1969 - 

    Visita do ministro da Defesa, Sá Viana Rebelo, a Angola, Moçambique e África do Sul.

    Foi a primeira visita ao exterior de Sá Viana Rebelo como ministro da Defesa e, naturalmente, deslocou-se aos dois principais teatros de operações e ao principal aliado de Portugal em África.

  • 14
      02/1969

    14/02/1969 - 

    Flagelação de Guileje pelo PAIGC com utilização de canhões sem recuo e morteiros, tendo explodido cerca de 200 granadas no interior do quartel, causando dois mortos entre os militares portugueses.

  • 17
      02/1969

    17/02/1969 - 

    O Congresso da União dos Estudantes das Escolas Secundárias da Suécia entregou o produto da Operação Um Dia de Trabalho à FRELIMO, no valor de três a quatro milhões de coroas suecas (17 a 22 mil contos a preços de 1969).

  • 19
      02/1969

    19/02/1969 - 

    Emboscada de guerrilheiros no itinerário Binda-Camabatela (Angola), causando às forças portuguesas cinco mortos e 13 feridos graves, com apreensão de quatro espingardas G-3.

  • 21
      02/1969

    21/02/1969 - 

    Recebida nos serviços de informação militares, através da PIDE, a notícia de que o PAIGC iria utilizar minas aquáticas no rio Cacheu, minas que recebera na base de Koundara, no Senegal.

  • 22
      02/1969

    22/02/1969 - 

    Directiva nº 1/69 “Para a defesa de Lourenço Marques contra a subversão”.

    Esta directiva foi emanada pelo comandante militar, general Francisco da Costa Gomes, pouco antes de terminar a sua comissão em Moçambique. Nela admite que “o estado de aliciamento das populações, cuja intensidade precisa se desconhece, bem como o flagrante contraste entre o nível de vida das populações nativa e branca, são factores que não só facilitam a continuação da propaganda e consolidação da subversão clandestina, como até a passagem à fase da violência, por acções de terrorismo urbano”.

  • 22
      02/1969

    22/02/1969 - 

    O Governo dos EUA pronuncia-se contra a nova lei sul-africana sobre a Namíbia, onde o regime sul-africano tinha começado a construir aldeias estratégicas na faixa de Caprivi e onde impusera as leis de segregação racial existentes na África do Sul.

  • 24
      02/1969

    24/02/1969 - 

    Emboscada da FRELIMO a sul do rio Messalo, causando quatro mortos.

    Um grupo de guerrilheiros emboscou uma força portuguesa na região de Mataca/Macomia/Serra do Mapé causando quatro mortos, entre os quais o oficial comandante e um sargento, mais quatro feridos graves e quatro ligeiros.

  • 26
      02/1969

    26/02/1969 - 

    Ataque do PAIGC a duas lanchas da Marinha no rio Buba.

    Foi a primeira vez que o PAIGC efectuou um ataque a partir da margem norte do rio Buba. O ataque, comandado por Mário de Sousa Delgado e Mamadu Indjai, ocorreu contra as lanchas de desembarque LDG Alfange e a lancha de fiscalização LFG Cassiopeia e foi efectuado com morteiros, lança-foguetes e armas ligeiras.

  • 27
      02/1969

    27/02/1969 - 

    Spínola concentra toda actividade operacional da Guiné.

    Pela Directiva 23/69, de 27 de Fevereiro, o Comando Territorial Independente da Guiné (CTIG), que comandava as forças do Exército, deixou de ter interferência directa na conduta operacional, ficando apenas com responsabilidade nos assuntos logísticos e administrativos que corriam pelas chefias dos serviços.

    Spínola, que chegara no ano anterior a Bissau, assumia em pleno as suas funções de comandante-chefe das Forças Armadas da Guiné. Kaúlza de Arriaga e Costa Gomes fariam o mesmo em Moçambique e em Angola.

    Comando completo das Forças Armadas – comandantes-chefes

    Num curto espaço de tempo os três generais que maior influência terão na guerra decidem concentrar em si a conduta das operações que até aí estavam a cargo dos respectivos Ramos. Criaram quartéis-generais interforças, capazes de comandarem e conduzirem operações conjuntas.

    Foi uma mudança significativa na condução da guerra. O general comandante-chefe, que até aí era um “coordenador” de actividades terrestres, navais e aéreas, passou a ser um verdadeiro comandante. Para os ramos ficaram as missões logísticas e de aprontamento do pessoal.

    Comandante-chefe: um inter pares

    Um dos aspectos curiosos deste processo de concentração de poderes, de exercício de comando completo por parte dos comandantes-chefes dos teatros de operações nunca foi inteiramente assumido pelo regime. De facto, os generais comandantes-chefes nunca foram promovidos, nem sequer temporariamente graduados em generais de quatro estrelas. O Governo manteve-os sempre como um inter pares, o que dificultava as colocações e as relações.

    Costa Gomes comandava em Angola três generais de três estrelas. Sendo e mantendo-se general de três estrelas.

    Em Moçambique, Kaúlza tinha dois generais de patente igual à sua como seus subordinados.

    A política do regime era e foi sempre a de evitar o aparecimento de figuras fortes e carismáticas, dotadas de poder e autoridade para se imporem. O regime criado à imagem de Salazar preferia os poderes distribuídos a um único responsável.

  • 27
      02/1969

    27/02/1969 - 

    Prisão de Francisco Salgado Zenha, um conhecido advogado e destacado membro da Oposição, pela PIDE/DGS, quando ia realizar um colóquio sobre o problema colonial na Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa.

  • 27
      02/1969

    27/02/1969 - 

    Directiva nº 2/69 do comandante militar de Moçambique, general Francisco da Costa Gomes, “Para a coordenação das actividades de contra-subversão”.

    Esta directiva correspondia à aplicação em Moçambique do despacho conjunto dos ministros da Defesa e do Ultramar de 19 de Outubro de 1967 sobre a organização e a coordenação dos meios militares e civis para a luta contra-subversiva.

    Uma das medidas preconizadas era o conceito de “área militar” na qual o poder militar se sobrepunha ao civil.

     

  • 01
      03/1969

    01/03/1969 - 

    V Congresso da União Nacional e alteração de nome para Acção Nacional Popular.

    Foi o último Congresso da União Nacional. Neste congresso, os membros da União Nacional decidiram eleger Salazar como presidente honorário da organização e extingui-la. A União Nacional deixa de existir e passa a chamar-se Acção Nacional Popular no dia 21 de Março.

     

  • 02
      03/1969

    02/03/1969 - 

    Spínola cria os Comandos de Agrupamento Operacional, na Guiné.

    Tendo concentrado o comando operacional, Spínola tomou rapidamente medidas para o concretizar. A 2 de Março foi constituído um Comando de Agrupamento Operacional (CAOP), com sede em Teixeira Pinto (Cantchungo), à custa das zonas de dois sectores de batalhão, numa área que abrangia as zonas de Có, Pelundo, até ao rio Cacheu, e que incluía a área libertada do PAIGC da Coboiana.

    O CAOP era um órgão de comando apenas operacional, de escalão semelhante ao comando de agrupamento de Batalhões e Companhias, quer de quadrícula quer de intervenção.

    Organização e funcionamento dos CAOP

    Os CAOP tinham um comando muito pequeno – quatro a cinco oficiais – que tratavam de operações e informações e controlavam operacionalmente quer as unidades de quadrícula da sua zona, quer as de intervenção.

    Tinham um papel muito importante na coordenação dos apoios de fogos de Artilharia e aéreos.

    CAOP1 – um laboratório

    O CAOP de Teixeira Pinto (designado depois por CAOP1) será uma estrutura de comando em que Spínola se apoiará para a sua manobra no chamado “chão manjaco”. Ele colocou aqui alguns dos seus melhores oficiais. Era neste CAOP que se encontravam os majores que vieram a morrer mais tarde, quando tentavam estabelecer conversações com dirigentes e comandantes do PAIGC.

  • 06
      03/1969

    06/03/1969 - 

    Início da Operação Vulcano, na região Sul da Guiné, Quitafine/Cassebache, em que forças pára-quedistas tentaram assaltar posições de Artilharia do PAIGC, demonstrando o PAIGC, pela primeira vez, capacidade para manter posições no terreno, numa defesa a todo o custo.

    Nesta operação o PAIGC defendeu-se com uma metralhadora pesada antiaérea quádrupla 14,5mm e seis simples de 12,7mm, atingindo dois Fiats G-91 e uma DO-27.

    Operação Vulcano – quando as coisas correm mal

    A Operação Vulcano teve lugar na Guiné em Março de 1969 e o que seria uma operação típica de um ataque de Pára-quedistas a uma base de guerrilheiros, com o apoio da aviação, esteve à beira de se transformar num sério desaire.

    O PAIGC, depois das primeiras acções contra os aviões portugueses realizadas com metralhadoras 12,7mm, deu um novo passo para contrariar a superioridade aérea portuguesa e, no Sul da Guiné, na fronteira com a Guiné-Conacri, foram referenciadas na zona de Cassebeche posições de armas antiaéreas ZPU-4 (quádruplas), de origem soviética.

    O Comando-Chefe decidiu realizar uma operação para destruir essas armas e capturá-las. A operação iniciou-se com o bombardeamento aéreo realizado pelos sete aviões Fiat G-91 (R4) disponíveis no território, a que se seguiu uma tentativa de heliassalto com duas companhias de Pára-quedistas apoiadas por helicanhões, uma a
    norte e outra a sul das posições do PAIGC.

    Um Fiat acertou com uma bomba de 200kg numa ZPU e “acredita-se que tudo vai correr pelo melhor”. Os helicópteros AL III colocaram a vaga inicial de Pára-quedistas, mas logo depois do desembarque começaram a ser batidos pelo fogo e descobriu-se que continuavam activas três armas antiaéreas. Um Fiat e um DO-27 foram atingidos, mas conseguiram regressar à base, sendo decidido empregar a reserva de quarenta Pára-quedistas, que se viram envolvidos num incêndio provocado pelos disparos das armas. A companhia de Pára-quedistas encontrava-se a 500 metros da posição da ZPU, mas estava detida debaixo de fogo. Um outro avião foi atingido e o comandante da operação considerou “a situação preocupante”. Os páras não progrediam devido à reacção das forças do PAIGC, só existiam cinco aviões operacionais, não era possível empregar os helicópteros armados, que não tinham qualquer possibilidade de sobrevivência naquelas circunstâncias e, à medida que o dia avançava, mais difícil seria recuperar os Pára-quedistas. “Torna-se urgente tomar uma decisão perante a iminência do desastre”, escrevia o comandante da operação, e as hipóteses eram dar ordem para os páras se lançarem ao assalto às posições mais fortes, com elevados custos em baixas, mantê-los na área, obrigando-os a pernoitar, deixando-os à mercê dos ataques com morteiros e Artilharia durante a noite ou mandar retirar.

    Foi esta última a opção tomada e a meio da tarde todas as forças portuguesas tinham abandonado o Quitafine.

     

     

    Uma lição

    Aquilo que poderia ter sido um grande “ronco”, um sucesso, falhara por falta de meios de bombardeamento capazes de eliminar as resistências antes do assalto, mas o PAIGC, que viu a maior parte das suas armas destruídas por estarem em posições fixas, aprendeu que para ter êxito na luta antiaérea necessitava de armas de emprego mais flexível, facilmente transportáveis e dissimuláveis. Essa arma seria o míssil terra-ar SAM7 (Strela), que surgirá em 1973 e desequilibrará a guerra na Guiné a favor do PAIGC.

  • 06
      03/1969

    06/03/1969 - 

    Publicação do Decreto-Lei nº 48 894 que autoriza o Governo a contrair empréstimos até ao montante de dois milhões de contos, no âmbito da Comissão de Reequipamento Extraordinário do Exército e da Força Aérea (CREEFA).

  • 08
      03/1969

    08/03/1969 - 

    Ataque da FRELIMO ao Destacamento de Lalamo, no Norte de Moçambique.

    Um grupo de cerca de 300 guerrilheiros atacou o posto de Lalamo, na região de Porto Amélia, guarnecido por forças da 2ª Companhia do Batalhão de Caçadores 16 (recrutamento local).

    O ataque foi efectuado com morteiros, lança-granadas-foguete (LGF) e armas automáticas, causando quatro mortos, entre os quais o oficial comandante e um sargento europeu, e mais três feridos. Os guerrilheiros capturaram nove espingardas G3, duas metralhadoras MG, uma pistolametralhadora, duas pistolas e um LGF (Bazooka).

  • 09
      03/1969

    09/03/1969 - 

    Ataque da FRELIMO ao quartel de Antadora, no Norte de Moçambique.

    O destacamento de Antadora, da Companhia de Caçadores 1713, situava-se na estrada 243 de ligação de Mueda a Macomia e estava perto das bases “Moçambique” e “Angola” da FRELIMO. A actividade operacional desta unidade era reduzida, pois não dispunha de efectivos para lançar operações ofensivas, nem ameaçar as bases de guerrilheiros.

    O forte ataque que sofreu com canhões sem recuo e morteiros de 60 e 82mm, que atingiram o perímetro interior do quartel com 23 granadas causando dois feridos graves e três ligeiros, tinha por objectivo desmoralizar os militares portugueses através das baixas causadas.

  • 12
      03/1969

    12/03/1969 - 

    Declaração de Senghor, em Casamança, sobre a guerra da Guiné.

    Senghor realizava uma viagem a Casamança e fez uma declaração à Rádio Senegal sobre a guerra de libertação da Guiné-Bissau. Esta declaração segue a linha de pensamento das declarações que Senghor tinha feito em Fevereiro em Dacar.

    O pensamento de Senghor

    Nesta declaração de Casamança, Senghor lembrou que o Senegal foi o primeiro país a pedir em 1964 a autodeterminação e mesmo a independência para as colónias portuguesas. Declarou então que “a guerra e a violência eram soluções de desespero e que antes e durante as guerras é necessário aproveitar todas as ocasiões para renunciar à guerra ou cessar o fogo para entabular um diálogo que conduziria à paz pela negociação”.

    Spínola percebeu a mensagem que Senghor lhe enviava e é muito significativo que tenha mandado reproduzir o discurso do presidente do Senegal na íntegra num Perintrep (Perintrep 11/69, de 18 Março), um documento para ser lido até ao escalão de comandante de Companhia, os capitães.

  • 13
      03/1969

    13/03/1969 - 

    Criação do COP3 em Jumbembem, na Guiné.

    Spínola cria um Comando Operacional (COP) em Jumbembem para conter as infiltrações através do “corredor de Lamel”.

    COP – um modo de chamar os melhores oficiais para comandar

    A constituição dos COP foi uma forma hábil de Spínola ultrapassar a rigidez dos Batalhões de Caçadores e, principalmente, de poder escolher os comandantes  operacionais sem ficar dependente da escala de nomeação de tenentes-coronéis. Ficaram conhecidas as reacções violentas do general contra comandantes recém-chegados à Guiné e a quem ele não reconhecia qualidades de comando e chefia, mandando-os de regresso à Metrópole.

    Os COP eram comandados por um major e dispunham apenas de uma sala de operações, ficando a responsabilidade logística para os tradicionais Batalhões.

    Em 21 de Abril será criado o COP 5 em Nova Lamego (Gabu), no Leste, dado o agravamento da situação.

    Em Maio foi criado o COP6 para apoiar a construção da estrada Mansabá-Farim, que circundava a região do Morés, onde o PAIGC dispunha de importantes efectivos.

    Com o CAOP em Teixeira Pinto e este COP, Spínola pretendia obter fácil acesso às regiões libertadas do PAIGC a norte do rio Geba e dificultar o trânsito de guerrilheiros de e para o Senegal.

  • 16
      03/1969

    16/03/1969 - 

    Lázaro Kavandame, o líder maconde, abandona a FRELIMO e entrega-se às autoridades portuguesas em Moçambique.

    Kavandame entregou-se em Nangade, no Norte de Moçambique. Outros 14 macondes conseguiram também furtar-se ao controlo da FRELIMO e atravessar o rio Rovuma. A rendição do chefe maconde só foi, no entanto, anunciada em Porto Amélia, quartel-general do Sector B (Mueda/Cabo Delgado) no dia 3 de Abril.

    Kavandame foi utilizado como um troféu político pelas autoridades civis portuguesas, nomeadamente pelo governador-geral, Baltazar Rebelo de Sousa.

    Mas, tal como previram os dois mais altos comandantes militares portugueses em Moçambique, os efeitos das apresentações foram sobrestimados e não afectaram o desenvolvimento da actividade da guerrilha da FRELIMO.

    O general Augusto dos Santos, comandante-chefe em Moçambique, que o foi ver a Porto Amélia, considerou que ele não se tinha apresentado, que tinha fugido das acusações que a FRELIMO lhe fazia de assassínio.

    O general Costa Gomes, comandante-militar interino da Região Militar de Moçambique, que se recusou a ir falar com ele, considerou que Kavandame apenas queria benesses dos portugueses e não colaborar com eles. Pelo contrário, o governador-geral, Baltazar Rebelo de Sousa, considerou que a apresentação de Kavandame e de outros membros da FRELIMO “alterou substancialmente a situação existente, tornando o inimigo mais vulnerável em Cabo Delgado e susceptível a uma acção mais decisiva”.

    Um mau estudo de situação conduziu à Operação Nó Górdio

    A sucessão de acontecimentos na FRELIMO, com a morte de Mondlane, o assassínio de Samuel Cancomba, a defecção do dirigente Mateus Gwenguere, a ausência dos macondes do II Congresso, a actividade do COREMO, o movimento rival e, por fim, a apresentação de Kavandame e de outros dirigentes, levaram Baltazar Rebelo de Sousa a considerar que “valeria a pena efectuar um reforço das acções militares em Cabo Delgado”.

    Com o fim das comissões militares dos experientes e prudentes Augusto dos Santos e de Costa Gomes, este entusiasmo atraiu Kaúlza de Arriaga, o novo comandante de Moçambique, para aproveitar esta oportunidade de obter uma vitória militar.

  • 22
      03/1969

    22/03/1969 - 

    Apelo da ONU à África do Sul para transferir a administração da Namíbia para a ONU.

  • 23
      03/1969

    23/03/1969 - 

    Visita a Lisboa do ministro da defesa da África do Sul, P. Botha, e do comandante das Forças Armadas, general Fraser.

    Os dois dirigentes sul-africanos chegaram a Lisboa para uma visita de três dias, vindos de França, onde tinham assistido ao lançamento à água de três submarinos destinados à RAS.

    Era a primeira visita de altos dirigentes da África do Sul a Portugal depois da tomada de posse de Marcelo Caetano e a retribuição da visita de Sá Viana Rebelo a Pretória.

    A África do Sul desejava conhecer as intenções do homem que substituíra Salazar. Durante o Governo de Marcelo Caetano a evolução da situação militar em Angola e, principalmente, em Moçambique forçaram o estreitamento das relações de Portugal com a África do Sul, especialmente no campo militar e dos serviços secretos.

    No entanto a publicitação da existência de um eixo branco funcional Lisboa-Pretória-Salisbúria, como pretendia a África do Sul, esbarrou sempre no prurido português de se identificar publicamente com dois regimes segregacionistas.

  • 23
      03/1969

    23/03/1969 - 

    Recusa do primeiro-ministro da África do Sul em receber o representante da ONU para discutir a situação da Namíbia, reafirmando a posição de que a Namíbia fazia parte integrante da África do Sul.

  • 27
      03/1969

    27/03/1969 - 

    Encerramento de um Simpósio sobre contra-subversão em Luanda, em que o comandante-chefe, general Almeida Viana, realçou as deficiências da acção política e militar.

  • 27
      03/1969

    27/03/1969 - 

    Retirada das tropas portuguesas da posição de Gandembel, no Sul da Guiné.

    No início de 1968, havia já uma zona a sul da Guiné, junto à fronteira com a Guiné de Sekou Touré, que estava de facto fora do controlo das forças portuguesas e que receberia a designação geral de “corredor de Guileje”.

    O quartel de Gandembel foi implantado no ponto da estrada de Guileje para Aldeia Formosa onde esta mais se aproxima da fronteira, no eixo da faixa de terreno que era conhecida pelo corredor da morte, e que servia uma das principais vias de reabastecimento para os guerrilheiros do PAIGC no interior.

    O objectivo do Estado-Maior do general Shultz ao instalar um posto militar fixo naquele ponto era impedir ou limitar as penetrações no território da Guiné. Gandembel seria assim e durante meses o alvo fácil dos ataques da Artilharia do PAIGC e da Guiné-Conacri, limitando-se os militares da guarnição da Companhia de Caçadores 2317 a tentar sobreviver, muitas vezes reforçados por unidades de Pára-quedistas que aí cumpriram missões de elevado sacrifício.

    Spínola, com a sua ideia de manobra de trocar terreno por populações, deu por finda a missão de permanência dos militares portugueses junto à fronteira e de alvos para os seus ataques.

    A 28 de Março de 1969 o quartel foi abandonado, deixando os últimos militares portugueses de pé apenas oito casernas-abrigo e uma série de minas antipessoais de protecção, envolvendo o arame farpado e um fortim junto ao rio Balana.

    O envio de tropas para uma zona de grande importância logística para o PAIGC, que já tinha conseguido impedir a deslocação de colunas no troço da picada entre Aldeia Formosa e Guileje, mostrar-se-ia um fracasso rotundo para as forças portuguesas que aí sofreriam, em cerca de um ano, desde a data de instalação a 8 de Abril de 1968 à saída em 28 de Março de 1969, cerca de 20 mortos e meia centena de feridos entre os militares da guarnição e os de reforço, em operações e durante os ataques.

    Em Guileje permanecerá uma outra unidade, que Spínola julgou poder manter e que seria abandonada pela guarnição em Maio de 1973.

  • 29
      03/1969

    29/03/1969 - 

    Nomeação do general José Pereira do Nascimento como secretário de Estado da Aeronáutica em substituição do general Fernando Oliveira.

  • 30
      03/1969

    30/03/1969 - 

    Marcelo Caetano reúne-se em Washington com Nixon, por ocasião do funeral de Eisenhower.

    A trágica ironia das relações luso-americanas é que Kennedy, o reformador anticolonialista, encontrou pela frente um Salazar inabalável; e Caetano, o autonomista, tem como interlocutor um Nixon para quem África é uma região periférica.

  • 30
      03/1969

    30/03/1969 - 

    Deserção de três furriéis da Companhia de Caçadores 113 do Batalhão de Caçadores 11 (Cabinda), naturais de Angola, que deram, posteriormente, uma entrevista à rádio do MPLA.

  • 02
      04/1969

    02/04/1969 - 

    Início da Operação Robusta: deportação de populações no Norte de Angola.

    Não tendo sido a primeira grande operação de expulsão de populações das suas áreas e do seu aldeamento, a Operação Robusta foi a maior deportação de populações a maior distância.

    Cerca de 6000 homens, mulheres e crianças de uma população considerada tradicionalmente desafecta às autoridades portuguesas foram transferidos forçadamente da região de Salazar, no distrito do Cuanza Norte, para a região de S. Salvador, no distrito do Zaire, junto à fronteira com o Congo, e a cerca de 400 quilómetros da origem.

    Segundo o Comando Militar português, a finalidade desta deportação era “libertar o distrito do Cuanza Norte de um número significativo de apoiantes claros da subversão” e “povoar e desenvolver uma região muito desabitada e de onde tinham fugido para o Congo mais de uma centena de milhar de pessoas e de muito débil economia com a fixação forçada de populações que se tentaria captar através da concessão de importantes regalias e melhores condições de vida”.

    Um fracasso

    O Governo-Geral de Angola não poupou verbas para a concretização da iniciativa. A cada família deslocada foram dadas terras de cultura e gado, mas logo em 1970 as autoridades portuguesas começaram a sentir que “a aceitação desta situação não seria tão ampla como se imaginava, pelo que o retorno das populações ao Cuanza Norte começou a ser tido como inevitável…”. Tal só veio a ocorrer, contudo, já depois do 25 de Abril.

     

  • 03
      04/1969

    03/04/1969 - 

    Ataque por um grupo de cem guerrilheiros do PAIGC a Mansabá (Guiné), com canhões sem recuo, morteiros e armas pesadas.

    Mansabá situa-se na orla da zona do Morés e era uma base para o ataque a esta região de forte implantação de organizações do PAIGC. O quartel foi atingido com 80 impactos. Neste ataque foi utilizado um número de canhões sem recuo nunca até então visto, o que indica um reforço considerável de meios.

  • 03
      04/1969

    03/04/1969 - 

    Os dirigentes da FRELIMO na Tanzânia tomam conhecimento da apresentação de Kavandame às autoridades portuguesas, ocorrida em 16 de Março.

    Os dirigentes encontravam-se em Mtwara, na Tanzânia, quando souberam através da rádio sul-africana da fuga do antigo chefe maconde. A mulher de Kavandame tentou fugir de barco a partir de Lindi.

  • 08
      04/1969

    08/04/1969 - 

    Emboscada a viaturas civis em Léua (Leste de Angola) com três mortos civis europeus.

    Na emboscada morreram três civis europeus e ficaram feridos gravemente oito, entre os quais um europeu. Os corpos das vítimas apresentavam sinais de sevícias, pelo que as autoridades militares portuguesas admitiram tratar-se de um ataque da UNITA. No mesmo dia um outro grupo de cinco guerrilheiros da UNITA emboscou uma coluna militar portuguesa no itinerário Chafinda-Luculo, causando um morto e um ferido grave.

  • 08
      04/1969

    08/04/1969 - 

    Início de uma visita de Marcelo Caetano à Guiné, Angola e Moçambique.

    A visita de Marcelo Caetano ao Ultramar foi um périplo preparado para ser triunfal. Marcelo Caetano, recém-nomeado presidente do Conselho de Ministros, em substituição de Salazar, queria inspirar confiança às tropas em combate, reforçar os vínculos entre as comunidades de origem europeia e mostrar a face revitalizada do poder central. A sua estratégia apontava em três direcções:

    • Dinamização orgânica das forças militares e aumento da eficácia no terreno.

    • Descentralização da burocracia e maior participação dos autóctones na gestão pública, acentuando o conceito de Estado multirracial.

    • Crescimento económico e atracção dos investimentos estrangeiros. Ao medo dos integracionistas, Caetano contrapõe a exaltação semântica do portuguesismo.

     

  • 11
      04/1969

    11/04/1969 - 

    Criação na Guiné do TG3 (Task Group 3).

    O Task Group 3 (TG3) foi uma novidade organizativa de Spínola.

    As relações do general com a Marinha nem sempre eram isentas de atritos, tanto ao nível do Comando Naval, como das unidades navais, navios e Fuzileiros.

    Depois de uma sugestão do seu Estado-Maior, Spínola deu uma missão operacional à Marinha, que a levou a retirar de Bissau um Destacamento de Fuzileiros.

    Atribuiu à TG3 uma área onde as operações ficavam a cargo do Comando da Defesa Marítima da Guiné, uma área para patrulhamentos fluviais que se estendia ao longo do curso médio do rio Cacheu.

    Pela mesma directiva foi criado o COP4 com sede em Aldeia Formosa e responsabilidade até à fronteira sul. Aparece também uma Zona de Intervenção do CAOP (ZICAOP), situada no extremo norte da área de acção (Coboiana).

    Nesta zona não existiam forças de quadrícula e nela apenas era permitida actividade operacional coordenada directamente pelo CAOP.

  • 15
      04/1969

    15/04/1969 - 

    Início da 5ª Conferência de Alto Nível da África Central e Oriental.

    Durante a conferência, com data de 16 de Abril, catorze Estados da África Central e Oriental aprovaram um Manifesto sobre a África Austral, conhecido por “Manifesto de Lusaca”, que constituiu uma tentativa moderada, mas firme, de solucionar de forma pacífica as situações coloniais da zona.

    O “Manifesto de Lusaca” viria a ser adoptado em Setembro pela OUA e depois aprovado pela Assembleia Geral da ONU.

  • 15
      04/1969

    15/04/1969 - 

    Despacho do comandante-chefe de Angola, general Almeida Viana, sobre a orgânica de contra-subversão, tendo em conta as conclusões do “Simpósio” realizado em Março de 1969. Um ano depois, um novo despacho irá adaptar a orgânica e definir a sua estrutura e funções.

  • 17
      04/1969

    17/04/1969 - 

    Início da crise académica de Coimbra de 1969.

    A 17 de Abril ocorreu o incidente protocolar durante a inauguração do departamento de Matemática da Universidade de Coimbra que deu início à crise académica de 1969 e abalou o regime.

    Em nome dos estudantes, o presidente da Associação Académica de Coimbra, Alberto Martins, pediu a palavra na sessão solene presidida pelo presidente da República, Américo Tomás, e que contava com a presença do ministro da Educação, José Hermano Saraiva. Alberto Martins foi impedido de falar e, após este episódio, os estudantes de Coimbra sublevaram-se, decretando o luto académico, com greve aos exames.

    As universidades de Lisboa, Porto e Coimbra passaram a viver daí em diante dias agitados de contestação e radicalismo, à semelhança do que acontecia noutras universidades europeias e americanas. A nova geração estudantil politizou-se apressadamente, agora muito influenciada pela cultura libertária do Maio de 1968 e pela ascensão do maoísmo nos meios estudantis e intelectuais.

  • 17
      04/1969

    17/04/1969 - 

    Difusão de uma carta de Iko Carreira aos militantes do MPLA, preparando a luta urbana.

    Esta carta circular, apreendida pelos serviços de informações militares, transmitia orientações às estruturas do MPLA para a preparação e o desenvolvimento de actividades clandestinas “nas cidades e outros centros urbanos”.

    A intenção das autoridades portuguesas era alertar os militares para esta possibilidade de guerrilha, ou terrorismo urbano e reforçar as medidas de segurança militar (Perintrep 558 de 17 de Abril 1969 do QG/RMA).

    A carta

    “A actividade urbana é fundamentalmente clandestina, embora alguns membros da rede devam realizar tarefas de carácter semi-público.

    Como o ocupante põe um cuidado muito especial na liquidação e repressão de toda a acção nacionalista de tipo urbano, devemos fazer muita atenção na escolha dos membros e responsáveis da rede clandestina…”

    A actividade clandestina nos centros urbanos devia ser realizada através de três grandes linhas de acção e trabalho: o reabastecimento e financiamento, a informação e a mobilização, e a acção armada.

    A carta atribuía tarefas e orientações aos responsáveis de cada uma destas áreas e adiantava:

    “é preciso não esquecer os estudantes que hoje representam uma massa contestatária e dinâmica muito importante… eles poderão ser organizados no seio da “União dos Estudantes Angolanos”.

    A questão da guerrilha urbana dos movimentos de libertação

    Durante a guerra foram muito raras as acções de guerrilha urbana nos três teatros de operações. Em Angola, na Guiné e em Moçambique, a luta desenrolou-se quase exclusivamente em áreas rurais, nas “matas” e nas vias de comunicações.

    A explicação mais habitual para esta ausência de terrorismo urbano tem sido a eficácia da PIDE/DGS, que conseguia desmantelar todas as redes clandestinas formadas nos centros urbanos antes de elas se tornarem operacionais.

    A eficácia da PIDE/DGS só explica em parte essa ausência, pois a Boss sul-africana e a CIO da Rodésia eram polícias secretas igualmente eficazes e não evitaram acções de terrorismo nos seus territórios.

    A explicação mais plausível parece ser a de que as tensões sociais entre os vários grupos que conviviam nos centros urbanos – colonos europeus, africanos em diversos graus de integração social e de consciência política – nunca foram suficientes para os fazer passar à fase do terror. A ausência de terrorismo nos centros urbanos parece configurar a possibilidade de convívio entre os vários grupos que, como aconteceu muitas vezes na colonização portuguesa, partilhavam elementos comuns através dos laços de parentesco.

    Estes laços terão sido, talvez, a causa mais forte para os movimentos de libertação terem evitado investir decididamente no terrorismo urbano, com todo o seu cortejo de dramas. Isso mesmo fazia parte dos seus planos de actuação.

  • 19
      04/1969

    19/04/1969 - 

    Série de ataques ao Caminho-de-Ferro de Benguela, em Angola.

    O primeiro ataque ocorreu no troço entre Saleno e Chicala a oeste do Luso e provocou o descarrilamento de 18 vagões do comboio, que foi também flagelado com tiros de armas ligeiras. Este ataque foi realizado por guerrilheiros da UNITA e provocou seis mortos, dos quais quatro europeus, dois feridos civis e dois militares.

    Quando os reforços chegaram para recuperar as composições descarriladas sofreram novo ataque e nova sabotagem. Estas acções contra o CFB continuaram até 23 de Abril.

    A PIDE responsabilizou o MPLA pelos ataques para o comprometer junto da Zâmbia, que necessitava desta via para escoar os seus produtos.

  • 21
      04/1969

    21/04/1969 - 

    Constituição de um triunvirato para presidir à FRELIMO, constituído por Uria Simango, Marcelino dos Santos e Samora Machel.

    Após a morte de Eduardo Mondlane, o Comité Central da FRELIMO decidiu suprimir o cargo de presidente, instituindo em seu lugar um “Conselho Presidencial”. Para este conselho foram escolhidos Uria Simango, Marcelino dos Santos e Samora Machel, ocupando os cargos de presidente da Frente, secretário para os Problemas da Defesa e secretário para os Problemas Políticos, respectivamente.

     

  • 22
      04/1969

    22/04/1969 - 

    Reunião em Dilolo (Congo Kinsahasa) entre o chefe da delegação da PIDE de Teixeira de Sousa e o coronel congolês comandante da Base Kamina (Dilolo).

    O encontro foi realizado a pedido do oficial congolês, que manifestou o desejo de se manterem relações de colaboração e amizade quer entre as populações, quer entre as autoridades. Na realidade, o assunto era a preocupação com as sabotagens realizadas no CFB, salientando a sua grande importância para a economia do Congo.

    Os contactos entre responsáveis portugueses e congoleses de guarnições junto à fronteira foram permanentes e continuados ao longo da guerra.

     

  • 23
      04/1969

    23/04/1969 - 

    Ataque do MPLA à fazenda Transmontana, no Uíge, a NE de Quitexe, por um grupo de 30 a 40 guerrilheiros, causando dois mortos civis.

  • 24
      04/1969

    24/04/1969 - 

    Corte de relações comerciais da Indonésia com a África do Sul, a Rodésia e Portugal.

  • 27
      04/1969

    27/04/1969 - 

    Operação Robusta – os guerrilheiros reagiram aos movimentos das tropas que escoltavam as populações deslocadas.

    As forças envolvidas foram flageladas nos dias 27 (duas vezes), 28 de Abril e 1 de Maio. Em 28 de Abril uma força da 12ª Companhia de Comandos teve um ferido grave, na zona do rio Dange.

  • 28
      04/1969

    28/04/1969 - 

    Grande emboscada no Norte de Angola, perto de Lufico.

    Um grupo de cerca de cem elementos, alguns de camuflado, dispondo de morteiros, lança-granadas-foguete, metralhadoras e granadas de mão emboscou a escolta a um movimento de viaturas logísticas (MVL), perto de Lufico, no Norte de Angola.

    A emboscada foi executada a partir dos dois lados da estrada criando uma “zona de morte” de 350 metros e foi conjugada com o rebentamento de uma armadilha à distância. Causou quatro feridos graves.

     

  • 30
      04/1969

    30/04/1969 - 

    Ataque ao Caminho-de-Ferro de Benguela, em Angola, provocando 11 feridos e o descarrilamento de 12 vagões e uma máquina em Chicala. Novo ataque no dia seguinte de que resultaram oito feridos, entre os quais quatro europeus.

  • 02
      05/1969

    02/05/1969 - 

    Lançamento à água da corveta João Coutinho.

    A corveta João Coutinho foi construída nos estaleiros de Blohm & Voss de Hamburgo. Era o primeiro de três navios desta classe encomendados pelo Governo português à República Federal da Alemanha.

    A falta notória de meios navais de algum porte e as restrições ao emprego dos que estavam afectos à NATO levaram à construção na Alemanha e em Espanha de uma nova classe de navios, as corvetas da classe João Coutinho, segundo um projecto nacional do contra-almirante Rogério de Oliveira, desenvolvido em seguida no estaleiro alemão Blohm & Voss.

    Estes navios constituíam uma solução muito mais económica para o controlo das águas das colónias portuguesas do que a que era obtida com o recurso às fragatas da classe Comandante João Belo.

    Os navios, de que foram construídas seis unidades, entraram ao serviço entre 1970 e 1971.

    Perante o relativo êxito desta classe de navios, foi ainda decidida a aquisição de mais quatro corvetas da classe Baptista de Andrade, estas construídas em Espanha, com projecto baseado no das corvetas João Coutinho, mas muito mais armadas e sofisticadas. Estes navios entraram ao serviço a partir de 1973, pelo que tiveram uma acção muito reduzida na guerra colonial, tendo no entanto participado nas tarefas da descolonização.

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