1965 - Continuar a guerra

1965 - Continuar a guerra

Os Acontecimentos

  • 01
      1965

    01/1965 - 

    Pressão internacional contra a política colonial do Governo português.

    Durante o mês de Janeiro de 1965 a política colonial portuguesa foi condenada em várias reuniões internacionais. O Comité Executivo do Secretariado Permanente de Solidariedade Afro-Asiática discutiu as medidas a tomar para solucionar os problemas de Angola, Moçambique e Guiné; a Comissão Central do Conselho Mundial das Igrejas fez uma declaração sobre a necessidade de ser apressada a concessão da autodeterminação aos territórios coloniais ainda existentes em África; e a Conferência dos Ministros dos Negócios Estrangeiros da África Oriental (Uganda, Quénia e Tanzânia) considerou ser necessário promover uma política comum em relação aos refugiados de Angola, Moçambique e Guiné provocados pela guerra que Portugal levava a cabo nos seus territórios.

     

     

  • 01
      01/1964

    01/01/1964 - 

    Primeira emissão de uma emissora de rádio do PAIGC.

    O PAIGC dispunha da Rádio Libertação, que era a emissora do partido e, a nível internacional, dispunha do apoio da Rádio Conacri, Rádio Pequim, Rádio Praga, Rádio Gana e Rádio Cairo, que emitiam várias horas em português. A Rádio Libertação emitia todos os dias de manhã, das 7h30 às 8h30 TMG.

     

     

  • 02
      01/1964

    02/01/1964 - 

    Entrada em funcionamento da base da Força Aérea Alemã em Beja.

    A base destinava-se a treino e exercícios dos pilotos de algumas esquadrilhas de aviões da Força Aérea Alemã, como os Alpha-Jet, os F-4 Phantom e os Tornado. A importância operacional da base portuguesa residia no facto dos pilotos alemães poderem voar a baixa altitude, ao contrário do que sucedia na Alemanha.

    Durante a Guerra Fria serviu igualmente o objectivo de funcionar como ponto logístico e de recuo, em caso de conflito com as forças do Pacto de Varsóvia. Foi lá instalada uma linha de montagem parcial do avião F 104G, com ligação ao caminho-de-ferro português. Findo o conflito Este-Oeste, e posta em marcha a modernização da Força Aérea Alemã, a base acabou por perder importância, tendo passado para a Força Aérea Portuguesa em 1994 constituindo actualmente a BA11.

     

     

  • 05
      01/1964

    05/01/1964 - 

    Mecanização dos vencimentos do Exército e centralização na Região Militar de Angola

    O Quartel-Mestre-General (comandante responsável pela logística) determinou que a partir do dia 30 de Janeiro todas as unidades do Exército passassem a ter os seus vencimentos processados de forma centralizada e mecanizada, a partir do Centro Mecanográfico instalado pelo Exército em Angola.

    A partir de 1 de Fevereiro foram dados 45 dias para o sistema estar em funcionamento.

    Desde 1963 que o Exército Português tinha instalado na Maianga – Luanda, um computador IBM 1401 a cartões com 4 kbytes de memória central (RAM), para processamento dos vencimentos.

    A mecanografia (computação) aplicada à gestão era um avanço tecnológico significativo por parte do Exército.

    Só em 1965 foi instalado um IBM 1401 no edifício de Lisboa da Caixa Geral de Depósitos Crédito e Previdência, em 1967 foi instalado um computador na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e só em 1968 foi instalado o primeiro computador no IST.

     

     

  • 05
      01/1964

    05/01/1964 - 

    Ataque a uma secção de Fuzileiros, no Niassa.

    Ao desembarcar em N’Gombe para verificar informações sobre o ataque a Olivença (fronteira norte) uma secção de Fuzileiros foi violentamente atacada a tiro por um grupo de 40 guerrilheiros. Na acção morreu um polícia auxiliar.

     

     

  • 07
      01/1964

    07/01/1964 - 

    Aumento das taxas do Imposto de Defesa.

     

     

  • 10
      01/1964

    10/01/1964 - 

    Destaque dado pela revista Jeune Afrique à mudança de atitude da OUA relativamente ao problema angolano, passando o MPLA a receber um terço do orçamento anual destinado a Angola.

     

     

  • 12
      01/1964

    12/01/1964 - 

    A FPLN pede à ONU que obrigue Portugal a cumprir as suas resoluções.

    A Frente Patriótica de Libertação Nacional, de Humberto Delgado, lançou um apelo às Nações Unidas pedindo que tome as medidas apropriadas para que Portugal seja obrigado a respeitar as resoluções da ONU.

     

     

  • 13
      01/1964

    13/01/1964 - 

    Chegada a Dar es Salam de 40 instrutores da Força Aérea da Alemanha Federal.

    Quarenta membros da Força Aérea da Alemanha Federal chegaram a Dar es Salam, na Tanzânia, para ministrar instrução ao pessoal da Air Wing da Tanzânia. A instrução seria ministrada em aviões Piaggio, italianos.

    Ainda relativamente à Tanzânia, o presidente Nyerere anunciou um empréstimo da Grã-Bretanha no valor de 6 750 000 libras, uma quantia que cobrirá 80% do custo de 217 projectos previstos no plano de fomento para os dois anos seguintes.

    Os países europeus ocidentais mantiveram acções de cooperação muito estreitos com a maior parte dos países recém-independentes, incluindo cooperação militar e cooperação económico-financeira durante os primeiros anos a seguir às independências. Nestes anos, empresas e consórcios ocidentais estiveram envolvidos e conduziram os maiores projectos económicos em África, como foram as barragens de Kariba na Rodésia/Zâmbia, a barragem no rio Kafue na Zâmbia e o pipeline da Tanzânia até ao copperbelt da Zâmbia.

    Aos poucos, estas relações foram sendo substituídas pelas relações privilegiadas com países do Bloco de Leste e com a China, e quer a Europa quer os EUA surgiram como inimigos dos povos africanos.

    As explicações para a continuada diminuição de influência da Europa Ocidental e dos EUA juntos dos novos países africanos tem múltiplas causas.

     

    A vitória do Leste na África pós-colonial ou o marxismo como proposta tentadora

    Numa época de intensa luta ideológica, o marxismo surgia como uma proposta tentadora para os líderes africanos na construção do “homem novo africano”.

    No âmbito do conflito Leste-Oeste, a URSS e os seus aliados surgiam de “mãos limpas”, quanto aos pecados do colonialismo, pois nenhum dos
    países de Leste foi potência colonial. Num momento em que as novas nações tinham necessidade de se afirmarem como Estados e o faziam pelo caminho mais fácil de criar novas elites a partir do aparelho militar e da centralização da economia e apropriação dos seus meios de produção, o Bloco de Leste tinha disponível um excedente de material de guerra de baixa tecnologia e baixo custo e tinha um pacote de soluções político-económicas adequadas às ambições dos novos poderes.

    O fornecimento de material de guerra e de marxismo foi assim uma das principais vias de aproximação dos países aliados da URSS e da China aos novos Estados. O Ocidente não podia competir nos preços e não tinha uma ideologia justificativa para as vendas de material militar. O Ocidente estava bloqueado por uma contradição da qual não tinha como sair: os seus fornecedores de material de guerra eram inimigos dos seus vendedores de ideologia. A direita europeia vendia armas, mas era capitalista e antimarxista e a esquerda europeia era marxista e anticapitalista, mas pacifista.

     

    O papel comprometedor de Portugal, da África do Sul e da Rodésia

    Resta ainda por explicar a perda de influência do Ocidente em África e as relações dos países ocidentais com Portugal, a Rodésia e a África do Sul que, sendo embora de condenação formal, nunca surgiram aos olhos dos novos líderes africanos como de oposição frontal. Para os africanos, o regime de apartheid da África do Sul foi tolerado e até apoiado pelos ocidentais. A Guerra Colonial que Portugal conduzia em Angola, Guiné e Moçambique era apoiada pelos aliados ocidentais e a independência unilateral da Rodésia de Ian Smith só foi possível e só se
    manteve porque os ocidentais assim quiseram. Portugal foi o elo mais fraco no teatro secundário da Guerra Fria que a África constituiu.

  • 14
      01/1964

    14/01/1964 - 

    Resolução do Conselho de Ministros para tentar regular a emigração.

    A partir de 1963 registaram-se números tão elevados tanto de emigração regular como clandestinaque o Governo deixou de fixar o número de emigrantes autorizados a sair do país (que até aí era de 30 000 por ano) e tentou aplicar algumas medidas no sentido de resolver a situação incontornável da emigração e seus problemas. A Resolução do Conselho de Ministros de 14 de Janeiro de 1965 ilustra a apreensão do Governo face ao elevado número de emigrantes, ressaltando os emigrantes clandestinos, a forma desordenada como a emigração se processava, que poderia vir a ter consequências para o país, em particular para a realização da política nas províncias ultramarinas “(…) que constitui imperativo constitucional e exigência crescente do progresso do nosso Ultramar”. Apesar dos esforços do Governo para disciplinar a emigração, essa tarefa foi considerada quase impossível.

  • 17
      01/1964

    17/01/1964 - 

    Presos pela PSP de Lourenço Marque três elementos da FRELIMO.

    Pela PSP de Lourenço Marques foram presos Rungo Tinga, Paulo Mebate e Alberto Bila, respectivamente presidente e tesoureiro da célula da FRELIMO em Lourenço Marques.

  • 18
      01/1964

    18/01/1964 - 

    Portugal põe em causa a legitimidade das resoluções do Conselho de Segurança das
    Nações Unidas.

    Muito pressionado pelas resoluções da ONU, Portugal, por sua vez, pôs em causa a legitimidade da constituição do Conselho de Segurança, declarando não se considerar obrigado por qualquer decisão sua. Portugal endereçou ao secretário-geral da ONU duas notas de protesto pela escolha dos dois membros não permanentes do Conselho de Segurança por consultas e não por escrutínio, como era regulamentar. Esta atitude de Portugal poderia ter sérias consequências pois, no plano jurídico, as decisões das Nações Unidas seriam nulas e Portugal podia sempre não
    reconhecer a validade das decisões que lhe dissessem respeito. Acrescia que Portugal e a França não tomaram parte nas consultas.

  • 02
      1964

    02/1964 - 

    Referência no jornal Le Monde à prisão de intelectuais hostis à política colonial em Moçambique.

    Trata-se da prisão dos escritores Rui Nogar e José Craveirinha, presos pela PIDE em Lourenço Marques, durante o mês de Janeiro, facto só anunciado mais tarde. A prisão destes elementos destacados da comunidade de Lourenço Marques contribuiu para o aumento de tensão social na colónia portuguesa.

  • 02
      1964

    02/1964 - 

    Relatório sobre a política colonial de congressistas americanos membros da omissão de Relações Externas da Câmara dos Representantes, referindo que os programas desenvolvidos por Portugal nas colónias são construtivos e necessários.

  • 02
      1964

    02/1964 - 

    Proibição pelo Governo da Zâmbia das actividades dos movimentos nacionalistas fora de Lusaca, interditando a organização de colectas de fundos no seu território.

  • 03
      02/1964

    03/02/1964 - 

    Ataque ao posto de água de Mueda.

    Este posto de água situava-se a cerca de três quilómetros de Mueda, na estrada para Nancatari e servia toda a povoação e as forças militares ali instaladas (Batalhão de Caçadores 558). Era uma instalação essencial à vida dos militares e a sua manutenção exigiu a colocação de uma guarda em permanência.

  • 04
      02/1964

    04/02/1964 - 

    Despacho do ministro do Exército aprovando as “Normas Reguladoras de Transladação de Ossadas de Militares”, em que o Exército assume os encargos daí resultantes, a pedido das famílias.

  • 09
      02/1964

    09/02/1964 - 

    O PAIGC cerca a aldeia de Dunane (Canquelifá), obrigando as populações a entregarem as armas e munições.

    A tabanca, situada perto do quartel de Canquelifá, junto à fronteira norte com o Senegal, tinha 50 armas distribuídas para autodefesa e 100/150 cartuchos por arma. Não houve qualquer reacção por parte da população armada e alguns acompanharam os guerrilheiros para a Guiné-Conacri. Admitindo as autoridades portuguesas que alguns dos elementos da população, na sua totalidade de etnia fula, tivessem colaborado com o PAIGC. Na madrugada seguinte o PAIGC opôs-se ao avanço das forças portuguesas da Companhia de Caçadores 509 durante 45 minutos. O grupo do PAIGC era comandado por Domingos Gomes Ramos e tinha cerca de 200 homens.

  • 09
      02/1964

    09/02/1964 - 

    Definição da área de subversão em Cabo Delgado.

    O comando-chefe das forças portuguesas de Moçambique definiu oficialmente a área de subversão em Cabo Delgado:

    • A norte, o rio Rovuma – fronteira com a Tanzânia;

    • A sul, o vale do rio Messalo até ao Quiterajo, mais as regiões de Macomia, Mucojo e Chai.

    Esta área manter-se-á inalterada até cerca de 1972, passando depois o limite sul a ser definido pela estrada Montepuez–Viúva–Porto Amélia.

     

     

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