Humberto Delgado assassinado
Uma brigada da PIDE chefiada por Rosa Casaco assassinou o general Humberto Delgado em Espanha, junto à fronteira com Portugal. O tiro fatal foi disparado pelo agente Casimiro Monteiro. A brigada era chefiada por Rosa Casaco. Henrique Cerqueira, em Rabat, deu o alarme. Os cadáveres do general e da secretária apenas foram descobertos no dia 24 de Abril. O assassínio de Humberto Delgado pela polícia política do regime revela que Salazar julgava a situação nacional e internacional suficientemente confortável para afrontar sem grandes danos as repercussões que a morte do antigo candidato à presidência da República, que era também o mais conhecido rosto da Oposição, necessariamente causaria.
Casimiro Monteiro – o assassino das grandes figuras
Casimiro Monteiro foi o assassino mais conceituado da PIDE. Foi ele o escolhido para matar Humberto Delgado e foi ele quem, quatro anos mais tarde, preparou a operação de assassínio de Eduardo Mondlane, o presidente da FRELIMO.
Um currículo impressionante
Casimiro Monteiro era conhecido na PIDE pela alcunha de bulldog, devido à sua ferocidade e força. Nasceu na Índia e frequentou o seminário de Goa. Foi desertor do Exército, esteve na Legião Estrangeira e passou pela Guerra Civil de Espanha. Combateu na II Guerra Mundial no Exército de Montgomery, foi talhante em Londres, além de informador da Scotland Yard e membro de uma quadrilha de assaltantes. Fugiu para a Índia e ingressou na Polícia Especial.
Depois da invasão da Índia, Casimiro Monteiro regressou a Portugal e em 1963 foi julgado no Tribunal Militar de Santa Clara acusado de homicídio, extorsão, rapto, violação e sevícias. Mas foi absolvido, sendo recrutado pelo coronel Hermes de Oliveira que, de acordo com Franco Nogueira, ministro dos Negócios Estrangeiros, preparava operações de desestabilização da Índia.
Na Índia, como agente clandestino, Casimiro Monteiro colocou bombas e cometeu assassínios, entre os quais o do amante da mulher, sendo obrigado a fugir para Portugal.
Chefe de brigada da PIDE apadrinhado por Barbieri Cardoso
Com este vasto currículo, a PIDE convidou-o, sendo admitido directamente como chefe de brigada. A falta de habilitações académicas exigidas para o cargo foi ultrapassada graças a Barbieri Cardoso, o influente director-adjunto, que apadrinhou a sua entrada na elite da polícia política do regime. Casimiro Monteiro deslocou-se para Espanha com Rosa Casaco e Agostinho Tienza com um passaporte falso e foi ele quem matou o general e a sua secretária com a maior frieza.
O assassínio de Eduardo Mondlane
Depois do assassínio de Humberto Delgado a PIDE enviou-o para Lourenço Marques e, contrariando a versão de que Salazar e os dirigentes da PIDE não queriam a morte do general e que esta foi acidental, Casimiro Monteiro foi encarregue pelo director da PIDE local de preparar o assassínio de Eduardo Mondlane, sendo ele quem fabricou a bomba, por ser também um grande especialista em explosivos.
Assassínio de Orlando Cristina
Casimiro Monteiro desapareceu de Lisboa em 24 de Abril de 1974. Tal como aconteceu com o inspector São José Lopes, parece ter-se refugiado na África do Sul. Alguns dos seus antigos companheiros na PIDE garantem que viveu miseravelmente nos últimos anos, mas outras informações dão-no como a trabalhar para os serviços secretos sul-africanos e envolvido no assassínio de Orlando Cristina, que fora um dos principais colaboradores do engenheiro Jorge Jardim.
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