Captura, pelas milícias do aldeamento de Caduco, de dois militares zambianos, um cabo e um soldado, que faziam parte de um grupo de cinco e se encontravam em território de Moçambique junto à fronteira com a Zâmbia.
Referência, por um comandante do PAIGC numa reunião com populações do interior, à utilização de uma nova arma contra as forças portuguesas na região do Cantanhez, anunciando a entrada em acção do míssil terra-ar.
O comandante do PAIGC Osvaldo Máximo Vieira referiu, numa reunião com populações no interior da Guiné, o próximo ataque às forças portuguesas no Cantanhez com uma arma nova. De facto, o primeiro avião português foi abatido nesta região por um míssil Strela em Março de 1973.
Ataque de guerrilheiros nacionalistas da Rodésia (Zimbabué) a uma quinta de agricultores brancos em Centenary.
Este ataque marca o início da guerra de guerrilhas na Rodésia, embora muito antes desta data já as forças rodesianas perseguissem e atacassem nacionalistas negros na Rodésia e em Moçambique.
A descrição desta operação é um bom exemplo do modo como os rodesianos actuavam, como organizavam e conduziam as suas operações.
Nesta descrição surgem conceitos operacionais que as Forças Armadas Portuguesas hesitaram em utilizar, ou utilizaram limitadamente como o de “cordão sanitário” junto às fronteiras, que foi previsto para a Operação Fronteira mas não implantado no terreno, especialmente por falta de recursos, ou de áreas de “fogo livre”, que as forças portuguesas só utilizaram para a Força Aérea.
A 21 de Dezembro, guerrilheiros do ZANLA atacaram a residência de um branco, marcando com esta acção o início de uma nova campanha militar. A penetração dos guerrilheiros tinha-se espalhado durante o ano, e a guerra na Rodésia entrava numa nova fase. As populações africanas tinham sido sujeitas a uma grande actividade de propaganda pelos guerrilheiros e colaboravam cada vez menos com as Forças Armadas, nomeadamente no campo das informações. As forças rodesianas responderam ao ataque do ZANLA com um Centro Conjunto de Operações, com o nome de código de Hurricane, para conter a ameaça. Este centro conjunto era a formalização dos sistemas de coordenação existentes desde os anos 60 e podia integrar o Exército, a Força Aérea e a Polícia. As prioridades eram as resultantes da necessidade de deter o fluxo de guerrilheiros vindos de Moçambique e o controlo da população.
O centro conjunto iria planear grandes operações no exterior (Moçambique) de resposta aos ataques. Por um lado, as forças iriam montar um “cordão sanitário” com aparelhos de detecção e aviso de violação, patrulhado e protegido por uma faixa de 20 quilómetros de largura como área interdita; e por outro, seria exercido o controlo das populações, através de “aldeias protegidas”, controlo de alimentação, corta-fogos e, eventualmente, lei marcial e acção psicológica massiva.
A finalidade era usar campos de minas e patrulhas para canalizarem os guerrilheiros até áreas determinadas de onde a população tinha sido evacuada, onde poderiam então ser seguidos e eliminados antes de atingirem áreas povoadas.
Contudo, estas áreas deviam primeiro ser esvaziadas de população, a quem devia ser proporcionada ajuda e condições de conforto. A população local devia ser colocada em “Aldeias Protegidas e Consolidadas” para impedir ou terminar a interacção entre a população e os guerrilheiros.
A primeira área interdita da Operação Hurricane foi criada ao longo da fronteira com Moçambique em Maio de 1973.
Outra área interdita foi desenvolvida ao longo das planícies da fronteira da Rodésia para tentar estabelecer áreas livres de população para a intervenção de das forças de segurança – zonas de fogo livre.
Este conceito (quem quer que se movimente numa destas áreas é considerado um terrorista e pode ser abatido) foi experimentado em algumas áreas do Vietname com grande sucesso militar.
Reorganização das Forças Armadas de Moçambique por Kaúlza de Arriaga.
A 23 de Dezembro, Kaúlza de Arriaga emitiu uma directiva do Comando-Chefe com a nova orgânica das forças militares de Moçambique.
Acumulando Kaúlza de Arriaga as funções de comandante-chefe e de comandante da Região Militar (Exército), propunha a existência de um primeiro Comandante Adjunto e de um segundo Comandante Adjunto para a Região Militar.
O Estado-Maior do Comando-Chefe deveria ter as habituais cinco repartições (Pessoal, Informações, Operações, Logística e Acção Psicológica), a que se juntavam os Comandos das Armas e Chefias de Serviços.
A estrutura apresentava-se desta forma:
1 – Os Comandos Territoriais
Comando Territorial do Sul
Comando Territorial do Centro
2 – Comandos Operacionais
Comando da Zona Operacional de Tete
Sector F
Sector G
Sector H
Comando Operacional de Defesa de Cabora Bassa
Comando do Sector Operacional A
Escalão Destacado Sector A
Comando do Sector Operacional B
Escalão Destacado Sector B
Comando do Sector Operacional C
Comando do Sector Operacional D
Comando das Cargas Críticas
Comando Operacional das Cargas Críticas
Comando Operacional das Forças de Intervenção
Comandos Eventuais
3 – Unidades da Região Militar
Transmissões
Um batalhão de Transmissões
Engenharia
Um batalhão de Engenharia
Três companhias de Construções
Cinco companhias de Engenharia
Duas companhias de Sapadores
Artilharia
Um grupo de Artilharia de Campanha
Dois pelotões de Artilharia
Antiaérea
Cavalaria
Cinco companhias de Polícia Militar
Um esquadrão a cavalo
Três esquadrões de Autometralhadoras
Seis pelotões de autometralhadoras
Infantaria/Caçadores
Oito comandos de batalhões territoriais (Lourenço Marques, Beira, Vila Pery, Quelimane, Nampula, Tete, Vila Cabral e Porto Amélia)
20 comandos de batalhões de reforço
68 Companhias de Quadricula
46 Companhias de Intervenção Comandos
Um comando de batalhão de Comandos
12 companhias de Comandos (oito formadas em Moçambique)
Dentro da sua política de conquista das populações, Spínola libertou no final do ano 25 antigos guerrilheiros do PAIGC que se encontravam presos nas instalações penitenciárias da ilha dos Bijagós.
Início da vigília na capela do Rato, em Lisboa, durante a qual um grupo de católicos aprovou um documento contra a Guerra Colonial.
No dia 30 de Dezembro, no final da missa na capela da Juventude Escolar Católica (JEC), na Calçada Bento da Rocha Cabral (junto ao Largo do Rato, em Lisboa), uma jovem católica leu uma declaração anticolonial, explicando a decisão tomada por um grupo de pessoas de entrarem em greve da fome.
A partir daí os presentes constituíram-se em assembleia, pela qual passaram durante dois dias centenas de pessoas, católicas e não católicas.
O facto deste protesto se desenrolar no coração de Lisboa transformou-o numa manifestação pública contra a Guerra Colonial.
As repercussões da manifestação aumentaram com a distribuição de panfletos à porta das igrejas no domingo e pelo lançamento de petardos em 30 locais diferentes de Lisboa e margem sul.
O Governo hesitou durante dois dias na acção a tomar e no dia 31 à noite a polícia entrou na capela e prendeu as pessoas que lá se encontravam, entre elas Francisco Pereira de Moura, Nuno Teotónio Pereira, Luís Moita, José e Benedita Galamba de Oliveira, Luís Salgado de Matos, Jorge Wemens e Francisco Louçã.
Em documento oficial, o Comando militar português na Guiné previa a utilização, pelo PAIGC, de canhões antiaéreos, lançadores múltiplos de foguetões, viatura anfíbia PT-76, viatura blindada BTR-40 e carros de combate T-34, aumentando substancialmente o seu potencial de combate.
O emprego pelos movimentos de libertação de armas antiaéreas, ou de outras usadas como tal, foi progredindo ao longo do tempo, mas quase todos dispuseram destas armas. Saliente-se que as metralhadoras em uso em todos os exércitos eram capazes de fazer tiro conta aeronaves de baixa velocidade (aviões de hélice e helicópteros) com relativa eficácia.
A título de exemplo, as metralhadoras Breda de 7,9mm tinham um tripé para tiro antiaéreo, bem como as mais poderosas Browning de 12,7mm, mas também as metralhadoras ligeiras MG-44 tinham o mesmo sistema, e até as Dreyse tinham uma alça para tiro contra aeronaves. Evidentemente que se tratava de autodefesa conta a ameaça aérea pontual, e não de um plano de defesa contra aviões.
As armas mais usadas pela guerrilha neste papel foram a metralhadora Goriunov SG-43 de 7,62mm e sobretudo a metralhadora pesada DSHK de 12,7mm, ambas veteranas da II Guerra Mundial.
Na Guiné foi usada a metralhadora pesada ZPU-4 de 14,5mm, de fabrico soviético, que originalmente seria rebocada ou montada numa viatura blindada ou num camião.
Composta por quatro tubos, cada um com uma cadência de 550 tiros por minuto, esta arma tinha um poder de fogo total de 2200 t.p.m., com um alcance eficaz de cerca de 1500 metros. Era portanto uma arma eficaz para defesa pontual (bases e aquartelamentos). Este conceito de tubos múltiplos é ainda hoje utilizado contra mísseis e aviões voando a baixa altitude.
Também foi referido o emprego de uma peça antiaérea de origem soviética de 37mm. Tratava-se da peça antiaérea de 37mm M/1939, equivalente à Bofors de 40mm, usada pelo Exército e pela Marinha.
O calibre 37mm era partilhado por diversas forças armadas (inglesas, americanas, francesas, etc.), quer em antiaérea quer em anticarro, ou peça de carro. Sendo uma arma obsoleta em termos de conflitos clássicos no teatro de operações europeu, era uma arma eficaz contra aviões lentos ou helicópteros, sobretudo porque tinha um projéctil explosivo, ao contrário da metralhadora de 14,5mm.
O lança-foguetes múltiplo referido era o BM-21, afinal o “pai” de todos os lança-foguetes soviéticos, constituído por um camião com uma rampa de 40 tubos que podem ser disparados em salva ou um por um. É uma arma de saturação de área muito eficaz, que está também na origem da concepção do MLRS americano.
Há várias referências a viaturas blindadas usadas na Guiné, pelo PAIGC. A BTR-40 é uma viatura de rodas 4×4 de blindagem lateral de 8mm, que entrou ao serviço do Exército da URSS em 1951, tendo sido considerada obsoleta no final da década de 50 e vendida por todo o mundo. Era semelhante às viaturas blindadas White m/946, de origem americana, usadas em Portugal em unidades de reconhecimento, e que chegaram a ser usadas em África. A BTR-40 pesava 5,3 toneladas e podia transportar oito atiradores, carga, ou rebocar morteiros ou artilharia ligeira.
O carro de combate ligeiro PT-76 foi usado nas unidades de reconhecimento do Exército soviético, tendo a particularidade de ser anfíbio, o que, na Guiné, teria muito interesse. Estava armado com uma peça de 76mm e metralhadoras de 7,62mm, tinha um peso de 14,6 toneladas e uma blindagem máxima de 14mm. O seu motor de 240 hp permitia-lhe uma velocidade de cerca de 45 km/h em terra e de 8 km/h na água.
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