A “Rádio Ghana” anunciou que ainda neste mês de Julho se publicaria em Acra o jornal Preludia em português, que iria ficar ao serviço dos movimentos emancipalistas. O jornal começou a ser publicado a 20 do mesmo mês.
Início da reunião do Congresso Mundial da Paz em Helsínquia, que aprova uma proposta para a realização de uma semana de solidariedade com os combatentes da liberdade das colónias portuguesas.
Visita de uma missão militar da OUA às regiões controladas pelo PAIGC.
Uma comissão da OUA constituída por 10 delegados militares (Camarões, Mauritânia e Serra Leoa) partiu de Conacri a fim de visitar as instalações militares do PAIGC no interior da Guiné.
A missão foi acompanhada por Luís Cabral e tinha por finalidade avaliar a capacidade militar do PAIGC, comparando-a com a da FLING.
Eleição de Américo Tomás como presidente da República por um colégio eleitoral, em que, apesar do controlo do regime, ainda se registaram 13 votos nulos.
Referenciada a utilização de um rádio emissor/receptor pelo PAIGC, na sua base de Simbeli (Guiné-Conacri), a partir do qual emitia em fonia e grafia diariamente.
Nomeação do brigadeiro Francisco da Costa Gomes para o cargo de 2º comandante da Região Militar de Moçambique.
Costa Gomes tinha sido exonerado do cargo de subsecretário de Estado do Exército em 1961, na sequência do golpe Botelho Moniz e da reestruturação do Governo que Salazar fez após neutralizar o golpe. Após a sua saída do Governo, Costa Gomes foi afastado de funções de relevo e colocado em Beja, no Distrito de Recrutamento. Depois, em 1962, comandou o Regimento de Lanceiros 1, em Elvas.
Frequentou em 1962 o Curso de Altos Comandos no Instituto de Altos Estudos Militares, em Pedrouços, onde também foi professor. Foi promovido a brigadeiro em 1964. Tendo sido responsável, com Almeida Fernandes, pela reorganização do Exército a partir de 1958, o que lhe deu as bases para enfrentar as novas ameaças que se adivinhavam vir de África, sendo da sua iniciativa a criação do Centro de Operações Especiais de Lamego, a primeira escola de guerra de contraguerrilha e anti-subversão portuguesa, sendo ainda por sua intervenção que foram enviados oficiais portugueses à Argélia em missão de observação junto do Exército Francês, Costa Gomes iria ter agora a oportunidade de passar à prática os seus conceitos.
Dissolução, pelo Governo-Geral, do Centro Associativo dos Negros de Moçambique por se considerar que a associação perturbava a “ordem política e social”.
Carta do chanceler alemão Ludwig Erhard a Salazar sobre a utilização dos aviões alemães fornecidos a Portugal.
Em Fevereiro de 1965, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha Ocidental tinha informado o Governo português de que só venderia 65 aviões militares F-86 de origem canadiana a Portugal, na condição de eles serem exclusivamente utilizados na área NATO.
Esta foi uma fórmula para evitar a venda e salvar a face de todos os intervenientes, Canadá, Alemanha e Portugal, pois todos sabiam que os aviões de destinavam a operar em África.
A recusa da Alemanha deu-se depois da intervenção dos Estados Unidos, mas, impedida de cumprir o contrato escrito celebrado com Portugal para fornecimento de aviões F-86, pelo embargo dos EUA, a Alemanha adquiriu em Itália uma partida de aviões de combate Fiat G91 e forneceu-os a preço inferior ao ajustado para os F-86 em segunda mão. Forneceu ainda, a troco do uso da base de Beja e de facilidade de treino em Santa Margarida, três milhões de dólares em assistência militar, com a reserva, apenas formal, de que o material não seria utilizado em
África. Os Fiat sempre foram utilizados em África, assim como as viaturas Unimog da Mercedes. A carta de Ludwig Erhard explicitava que as armas e aparelhos que a RFA vendesse ou cedesse a Portugal no âmbito do acordo de 16 de Janeiro de 1960 seriam utilizados unicamente em Portugal para fins de defesa no quadro do Tratado do Atlântico Norte.
O chanceler esperava que estes termos em que agora assentava a cooperação luso-alemã testemunhassem a “importância que o Governo alemão dedicava à colaboração com Portugal”. No entanto, Erhard realçava as cada vez maiores dificuldades em tomar atitudes que pudessem ser interpretadas como favoráveis a Portugal, porque poderiam “ter consequências nefastas” para a política alemã, nomeadamente para o desejo de reunificação do povo alemão. O que o chanceler alemão queria dizer era que o Governo federal teria de ser “mais cauteloso na forma de apoiar o Governo de Lisboa”.
De acordo com Franco Nogueira, a República Federal optou por solucionar a questão da maneira “mais fidalga e benéfica”, pois cedeu ao Governo português 40 aviões Fiat G-91, “inteiramente novos, por preço inferior ao ajustado” para os F-86 Sabre. Estes Fiat G-91 chegaram a Portugal no início de 1966 e em Junho desse ano foram colocados na Base Aérea n.º 12, em Bissalanca, na Guiné.
Ataque do PAIGC ao quartel de Canjambari durante mais de duas horas, com morteiros, metralhadoras, lança-granadas foguete e armas automáticas. A 6 os guerrilheiros atacaram Cabedu durante uma hora, com morteiros de 82mm, causando um morto e destruindo a tabanca.
Corte de relações diplomáticas e comerciais do Congo Brazzaville com Portugal, com interdição de voo e aterragem de aviões e o trânsito de navios portugueses.
As interdições de sobrevoo mesmo para os aviões comerciais de quase todos os países africanos obrigaram a TAP a alterar as suas, que passaram a bordejar a costa de África, tornando-se mais longas.
A Rádio Brazzaville anuncia que a comissão militar da OUA encarregada de estudar a representatividade do PAIGC e da FLING terminara os seus trabalhos, tendo conseguido visitar áreas dominadas pelo PAIGC, mas não as que a FLING afirmava
controlar. A comissão chegou a Conacri em 23 Julho.
Decreto-Lei n.º 46.508 determinando que os contratos dos sargentos, em tempo de
guerra ou “sempre que situações anormais imponham um aumento apreciável do número de militares presentes nas fileiras”, passam a ser renovados automaticamente.
Ainda e sempre a questão da escassez de quadros profissionais. Do antecedente, os sargentos do QP não tinham um vínculo vitalício à função pública. A sua manutenção nas fileiras era feita através de contratos, por períodos de três anos, renováveis por mútuo interesse. Com a nova legislação, abandonava-se o sistema do contrato a termo certo – tão vantajoso para o Estado, em tempo de paz –, para legalizar uma fórmula que implicava a manutenção dos sargentos nas fileiras, independentemente da vontade do próprio militar.
Nomeação do general Moura dos Santos para o cargo de comandante da RMM, em substituição do general Carrasco.
Moura dos Santos, que fora mobilizado para Moçambique como 2º comandante da Região Militar, assumiu o cargo de comandante das forças do Exército, após ser promovido a general. Para o seu lugar de 2º comandante seguiria Costa Gomes, entretanto promovido a brigadeiro depois dos anos de afastamento a que Salazar o sujeitara na sequência do golpe de Botelho Moniz.
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