25/08/1973 -
Substituição de António de Spínola por Bettencourt Rodrigues nos cargos de governador-geral e comandante-chefe da Guiné.
O prestígio político remanescente e a capacidade operacional de Spínola ainda foram conseguindo disfarçar a degradação da situação militar nos seus últimos meses de governo e chefia militar na Guiné, mas desde que perdera a liberdade de acção aérea, que permitiria lançar com algum sucesso a ofensiva sobre as áreas libertadas do Sul da colónia no final de 1972 e início de 1973, nada mais restava do que “aguentar enquanto fosse possível”. Por outro lado, toda a estratégia de Spínola, que passava sempre por uma solução política, negociada com o PAIGC, se desmoronara face à intransigência de Marcelo Caetano, que não admitia, em condição alguma, o que apelidava de cedência política. Para a estratégia colonial de Lisboa, a Guiné não passava de um simples peão, sem grande valor, que se abandonaria quando já não fosse possível defendê-lo mais. Marcelo Caetano fora bem explícito ao admitir que para a Guiné aceitava uma derrota militar mas nunca uma cedência política. A partir desse momento já nada mais restava a Spínola para fazer na Guiné. As medidas a tomar, e era urgente que se tomassem, teriam de ser realizadas na Metrópole. Impunha-se o derrube do Governo de Marcelo e de Tomás antes que as colónias se perdessem por sucessivas derrotas militares cuja responsabilidade seria sempre atribuída às Forças Armadas. Como acontecera com a Índia.