O Comandante-Chefe das Forças Armadas em Moçambique, general Kaúlza de Arriaga, contrariamente aos seus antecessores, acreditava que podia chegar à vitória mediante uma grande esforço ofensivo directo sobre as forças da FRELIMO. Com esse objectivo, lançou, em Julho-Agosto, no planalto dos Macondes (Distrito de Cabo Delgado), a Operação Nó Górdio, complementada, posteriormente, com a Operação Fronteira, ao longo do rio Rovuma. Foi um período de intensa actividade operacional, com frequentes contactos e rebentamentos de minas. As forças portuguesas viram, então, subir o número de baixas em combate para valores nunca dantes atingidos, grande parte das quais devido ao accionamento de minas. Por outro lado, o desgaste provocado pelas duas operações não se ficou pelas vidas humanas perdidas. Diversamente do que sucedia em operações convencionais, a conservação do terreno não fazia parte dos objectivos da guerrilha. Por essa razão, as forças da FRELIMO não tiveram qualquer relutância em buscar outras áreas, fora da zona de operações, para prosseguir a sua acção. Um objectivo apetecível era o grandioso empreendimento de Cahora Bassa, em Tete. Ainda as tropas portuguesas se encontravam empenhadas nas duas grandes operações em Cabo Delgado e já a actividade política e militar da FRELIMO se revelava preocupante em torno da barragem em construção.
O empreendimento hidroeléctrico de Cahora Bassa cedo se revelou constituir, no plano militar, um autêntico tiro no pé. Implantado numa zona de guerra e a cerca de 600 quilómetros da Beira – porto de desembarque dos materiais – o estaleiro de construção da barragem transformou-se num factor de risco adicional, para o qual os meios disponíveis eram manifestamente exíguos. Para a FRELIMO, impedir a construção da barragem passou a ser, por razões de prestígio, a principal prioridade da sua actividade operacional.
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