1970 - A ilusão das grandes operações

1970
A Guiné em 1970 - um problema por resolver

Aumento de efectivos – à custa do recrutamento local

Um ano depois das alterações ao dispositivo que Spínola fez após a sua chegada ao território, a carta de situação de 2 de Agosto de 1970 permite verificar um acréscimo de meios operacionais que ele conseguiu. Este aumento de efectivos na Guiné foi quase todo conseguido no próprio teatro das operações, com recurso ao recrutamento local, quer para unidades regulares de Comandos, Caçadores e Artilharia, quer para companhias de milícias. A intervenção de Spínola continuou a fazer-se mais à custa da constituição de comandos operacionais para dinamizar acções locais do que por alteração de limites ou de meios das unidades. Tratava-se de um conceito de comando específico que ficou bem expresso na directiva de 18 de Agosto.

 

Spínola visita o quartel de Nova Sintra, a sul de Bissau. [ADS]

 

Zonas e sectores

Todo o teatro de operações foi dividido em zonas, sectores e subsectores. As zonas eram quatro: Oeste, Leste, Sul e Bissau. Com excepção da última, as zonas dividiam-se em sectores, atribuídos ora a comandos de batalhão, ora a comandos operacionais (COP). Além destas zonas existia uma área à responsabilidade do Comando de Bissau (COMBIS). Os comandos de agrupamento e os comandos de agrupamento operacionais (CAOP) podiam englobar indistintamente zonas, sectores e subsectores.

 

Vários tipos de comandos operacionais – estruturas ligeiras com os recursos locais

Para além destes órgãos, apareceram ainda comandos de agrupamento temporários (CAT) e comandos operacionais temporários (COT). Todos estes órgãos (CAOP, COP, CAT e COT) eram organizados pelo Comando-Chefe com pessoal existente localmente na Guiné. Os comandos de agrupamento tinham constituição orgânica e eram destacados da Metrópole.

 

Constantes alterações

O dispositivo, no entanto, sofreu constantes alterações como consequência da prioridade dada à manobra sócio-económica, preocupação que levou mesmo à desocupação militar de áreas desabitadas ou pouco habitadas, as quais passaram a ser designadas por Zonas de Intervenção do Comando-Chefe (ZICC).

 

Spínola visita o CAOP 1, em Teixeira Pinto, a norte de Bissau. [ADS]

 

Um dispositivo simétrico ao do PAIGC

Spínola passou a nomear comandos de carácter operacional baseado numa organização do dispositivo militar em que assentava a estrutura do PAIGC. Estes comandos possuíam categorias hierárquicas variáveis e implantação e duração eventuais. Destinavam-se a cumprir missões pontuais, determinadas pelo Comando-Chefe, substituindo, nalguns casos, a presença efectiva na área (quadrícula) pelo dinamismo da acção. As áreas de intervenção enquadravam-se nesta táctica e eram muitas vezes zonas desocupadas.

 

Prioridade à manobra socioeconómica

Em vez da ocupação efectiva de todo o território, Spínola deu ênfase à denominada manobra socioeconómica, fazendo convergir as forças para as zonas de ocupação populacional e deixando as despovoadas para intervenções esporádicas de reconhecimento ou acções de combate a grupos do PAIGC eventualmente infiltrados e referenciados.

 

Bons resultados

Uma população pouco politizada aderia a quem de imediato lhe dava melhores possibilidades de vida, embora ajudasse ao mesmo tempo os guerrilheiros. A propaganda, bem feita, conseguiu mesmo atrair muitas populações anteriormente foragidas no mato ou acolhidas nos campos de refugiados da guerrilha, no Senegal ou na República da Guiné-Conacri. Entretanto, continuavam no terreno 40 000 soldados para ganhar o tempo de que Spínola necessitava para restabelecer o equilíbrio militar e negociar com o PAIGC numa posição confortável.

 

Força Aérea

Outro objectivo, no quadro das alterações introduzidas pelo Comando-Chefe sob as ordens de Spínola, era dotar a Força Aérea com as condições que lhe permitissem assegurar um elevado nível de prontidão e sustentação dos meios. Este conjunto de medidas tornou possível voar muito mais horas do que anteriormente, apesar do facto de cada hora de voo exigir, em média, cerca de 10/15 horas de manutenção, não falando das dificuldades que se deparavam, quer por força dos constrangimentos de aquisição de material de guerra a que Portugal estava sujeito, quer pela dureza das condições em que os meios operavam e eram mantidos. Acresce que, na sua maioria, os aviões de combate eram meios quase obsoletos, com uma idade média superior a 20 anos. 

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