Acção da ARA contra o navio Cunene fundeado no porto de Lisboa, pronto a partir para África com material de guerra.
A sabotagem do navio Cunene foi a primeira acção violenta da ARA (Acção Revolucionária Armada), organização do PCP contra objectivos que serviam de apoio à continuação da guerra. Em virtude desta acção o navio Cunene, que era utilizado para transporte de material e pessoal destinado aos teatros de operações de África, ficou alagado e imobilizado na doca de Alcântara, com um grande rombo.
A ARA declarou que não estava contra os soldados, os sargentos e oficiais honrados, forçados a fazer uma guerra, mas sim contra a continuação dela, e que estava solidária com a luta dos povos coloniais.
Implantação, por parte da FRELIMO, de uma grande quantidade de minas na fronteira norte de Moçambique.
A FRELIMO respondeu às operações de interdição da fronteira norte que as forças portuguesas tentavam realizar após a Operação Nó Górdio, colocando grande número de minas nos itinerários paralelos ao rio Rovuma, desde Nangade até à foz, tentando isolar os quartéis portugueses e fixando as suas guarnições de modo a impedi-las de realizarem operações sobre as linhas de infiltração dos guerrilheiros.
No dia 27 foram detectadas 17 minas anticarro e 63 antipessoal entre Nangade e Pundanhar (cerca de 20 quilómetros), mais três anticarro e nove antipessoal entre Pundanhar e Tartibo (cerca de 15 quilómetros).
Criação da Associação SEDES, como esboço de um partido político de tendência moderada.
Os estatutos da SEDES, Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, tinham sido aprovados a 2 de Outubro. João Salgueiro demitiu-se a 29 de Outubro do cargo de subsecretário de Estado do Planeamento para poder continuar como presidente da associação.
A SEDES integrará vários elementos da oposição, o que desagradou a Marcelo Caetano, que tinha autorizado a sua constituição para funcionar dentro do regime, como contraponto aos ultras de direita e não como mais uma organização oposicionista.
Proposta de negociações entre Portugal e os movimentos de libertação.
Durante a reunião da OUA, o presidente da Costa do Marfim, Houphouet Boigny, apresentou uma proposta em que considerava que a única solução para os problemas entre os governos das nações africanos e a República da África do Sul e de Portugal era a abertura de negociações para um possível diálogo. Manifestaram-se a favor da proposta do presidente da Costa do Marfim para a realização de uma conferência africana para abertura de um diálogo com Portugal e a África do Sul, a República Malgache, o Gabão, o Daomé, o Lesotho e o Malawi e manifestaram-se contra a Zâmbia, a Tanzânia, a Somália, o Senegal, os Camarões, a República do Congo e a Argélia.
Aprovação, pela Comissão Política Especial da Assembleia Geral da ONU, constituída por 127 países, de uma resolução recomendando o aumento do auxílio aos movimentos de libertação, em cuja votação apenas Portugal votou contra.
Nova carta do general Kaúlza de Arriaga para Marcelo Caetano sobre o estado de espírito da população branca de Moçambique.
“As populações brancas, em toda a Província, interessam-se um pouco mais pela guerra, mas têm tendência para a descrença, o pessimismo e a boataria. Elementos das mesmas populações, em Tete, pactuam e colaboram com o inimigo”
A Rádio Lusaca passou a emitir o programa “Angola Combatente” do MPLA.
O Governo da Zâmbia colocou a Rádio Lusaca à disposição do MPLA para emitir o seu programa “Angola Combatente”. Seria a emissão C, a juntar às emissões A e B emitidas a partir de Brazzaville e de Dar es Salam, respectivamente.
Apresentação, pelo general Costa Gomes, ao Conselho Provincial de Angola, do seu conceito de defesa.
Costa Gomes, novo comandante-chefe de Angola, dirigiu-se aos membros do Conselho Provincial de Angola considerando indispensável que todos os responsáveis pela administração e direcção das actividades e serviços estatais, e até particulares, orientassem as suas acções no respeito pelas directivas que iriam nortear a luta de contra-subversão nos diferentes sectores. Costa Gomes preparava-se para centralizar todas as áreas dessa luta, nomeadamente aquelas que até aí tinham estado a ser executadas por forma quase autónoma pela PIDE.
Aprovação da Operação Mar Verde por Marcelo Caetano.
O oficial da Marinha Alpoim Calvão, que foi o organizador e o comandante da Operação Mar Verde, deslocou-se a Lisboa por indicação de Spínola para explicar os seus objectivos e o seu planeamento a Marcelo Caetano, que deu o seu acordo, desde que as forças não deixassem vestígios comprometedores para Portugal.
Seminário de quadros do PAIGC em Conacri presidido por Amílcar Cabral.
Neste seminário o dirigente do PAIGC declarou de forma premonitória: “É mais fácil, ou menos difícil, para nós ganhar a guerra de libertação nacional do que garantir ao nosso povo uma vida de trabalho, dignidade e justiça”.
Tripla acção da ARA contra objectivos militares anticoloniais.
Na segunda acção, a ARA, numa operação conjugada, atacou a Escola da PIDE/DGS, o navio Niassa e o Centro Cultural dos EUA. Estas acções causaram a destruição parcial da Escola Técnica da PIDE-DGS, em Sete Rios, Lisboa, a destruição de importantes quantidades de equipamento e material de guerra armazenados no cais privativo da Companhia Nacional de Navegação, prontos para embarcar no navio Niassa e a destruição do Centro Cultural da embaixada dos Estados Unidos em Lisboa.
Início da Operação Mar Verde, envolvendo um efectivo de 350 homens com 25 objectivos na área da cidade e porto de Conacri, cujo único resultado foi a libertação de militares portugueses prisioneiros.