1963 - Guiné, uma nova frente de combate

Equipas Especiais de Informações

Um Caso Particular

Depois do início da luta armada em Angola e na Guiné era previsível que a guerra chegaria a Moçambique. Este facto levou as forças portuguesas a procurarem obter informações antecipadas sobre o momento em que tal ocorreria e para o conseguirem foram criadas, em 1962, unidades especialmente orientadas para a busca de informações: as Equipas Especiais de Informações. Estas equipas constituem um caso particular em todo o sistema de informações militares durante a guerra e foram uma adaptação do que os ingleses haviam feito: brigadas de caça, constituídas por militares disfarçados de caçadores e que tinham vida autónoma. Iniciaram a sua actuação no terreno em 1963 e tinham por missão vigiar as linhas de infiltração da fronteira norte, obter informações sobre actividades subversivas na área, sobre o terreno, populações e outros elementos, montar redes de informadores nos territórios vizinhos. Eram chefiadas por um oficial e tinham dois sargentos, um enfermeiro, um telegrafista, um cabo atirador e onze soldados e dispunham para os seus deslocamentos de um jipe Land-Rover, de dois Unimogs e de uma viatura pesada.

Para esconder a verdadeira actividade das equipas, os seus elementos apresentavam-se como caçadores profissionais. Curiosamente, embora estas equipas fossem constituídas por militares do Exército e dependessem directamente do Quartel-General, todas as suas despesas, excepto o vencimento, eram suportadas pela venda do produto da caça, da venda da carne e do marfim.

Em 1962 foram constituídas duas equipas com sede em Pauila (Vila Cabral) e Nantuego (Marrupa) que cobriam a fronteira norte entre o lago Niassa e a foz do rio Lugenda e em 1963 foram criadas mais duas equipas em Nassombe e Palma, no Distrito de Cabo Delgado.

Orlando Cristina

Uma destas equipas era chefiada por Orlando Cristina, filho de um antigo militar radicado em Vila Cabral e que falava as línguas da região. Orlando Cristina conseguiu infiltrar-se nos grupos iniciais de guerrilheiros e seria mais tarde o homem-forte de Jorge Jardim no Niassa e no Malawi.

Resultados aquém do esperado

Embora tivessem obtido excelentes informações, que teriam permitido aos comandos militares e à administração elementos para agir em antecipação e com conhecimento da situação, os resultados destas equipas ficaram aquém das expectativas por falhas de organização e de coordenação. Os governos dos distritos não foram informados da sua actividade. Já quanto a um outro aspecto que constava na missão das equipas, a criação de redes de informadores para o lado de lá da fronteira, não há muitas referências, embora se saiba que o chefe de uma delas, o tenente Cristina, tenha mantido relações com elementos tanzanianos nos anos posteriores, quando, depois de deixar o serviço activo do Exército, se encontrava ao serviço de Jorge Jardim.

Base de uma equipa especial de informação no Nazombe, Norte de Moçambique. [ACF]

Arquivos Históricos

Lugares de Abril

Curso História Contemporânea

Roteiro Didático e Pedagógico

Base Dados Históricos

Site A25A

Centro de Documentação

Arquivo RTP

Cadernos 25 Abril

Filmes e Documentários

Arquivos Históricos

© 2018 – Associação 25 de Abril
We use cookies to personalise content and ads, to provide social media features and to analyse our traffic. We also share information about your use of our site with our social media, advertising and analytics partners. View more
Cookies settings
Accept
Privacy & Cookie policy
Privacy & Cookies policy
Cookie name Active
Save settings
Cookies settings