1971 - Lutar em novas frentes

1971 - Lutar em novas frentes

Os Acontecimentos

  • 21
      06/1971

    21/06/1971 - 

    Abertura das estações postais de Tete, Mueda e Vila Cabral, como uma evolução na organização do SPM, pois as estações postais substituíam os postos militares de correio (PMC).

  • 21/6/1971
      a 23/6/1971

    21/6/1971 a 23/6/1971 - 

    A OUA retira o reconhecimento ao GRAE, durante a reunião de chefes de Estado que decorreu em Adis Abeba.

    A reunião dos chefes de Estado da OUA que decorreu em Adis Abeba decidiu retirar o seu reconhecimento ao GRAE e nomear os presidentes da Tanzânia, Zâmbia, Congo-Kinshasa e Congo-Brazzaville medianeiros entre o MPLA e a FNLA, com vista à sua reconciliação.

    A Nigéria conseguiu, no entanto, fazer aprovar uma resolução que autorizava os países que o desejassem a continuar a apoiar o GRAE.

  • 23
      06/1971

    23/06/1971 - 

    Marcelo Caetano, como presidente da ANP, convida Américo Tomás para ser reeleito Presidente da República.

  • 24
      06/1971

    24/06/1971 - 

    Criação do Lar Militar da Cruz Vermelha.

    Estabelecido sob a responsabilidade da Cruz Vermelha Portuguesa e tutelado pelo Ministério da Defesa Nacional, com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa e da Fundação Calouste Gulbenkian, foi constituído como Instituição Particular de Residência Permanente para indivíduos adultos do sexo masculino com deficiência motora grave devido a causa traumática inerente à sua carreira militar.

  • 26
      06/1971

    26/06/1971 - 

    Ataque a Bafatá, a segunda cidade da Guiné, por forças do PAIGC.

  • 28
      06/1971

    28/06/1971 - 

    Visita de uma delegação da Cruz Vermelha Internacional ao Centro de Kinkuzu, da FNLA, para contactar os militares portugueses prisioneiros no Congo-Kinshasa.

  • 29
      06/1971

    29/06/1971 - 

    A França autoriza a África do Sul a construir aviões Mirage sob licença.

    A fábrica francesa Dassault, construtora dos aviões de combate Mirage, aprovou uma licença para a África do Sul passar a produzir os modelos Mirage 3 e Mirage F1.

    Previa-se a construção de 40 aeronaves.

  • 7
      1971

    7/1971 - 

    Manifestações contra Cahora Bassa em Berlim, durante a assembleia anual de accionistas da AEG-Telefunken, uma das empresas participantes no consórcio construtor da barragem.

  • 06
      07/1971

    06/07/1971 - 

    Criação do Comando Operacional da Defesa de Cahora Bassa (CODCB).

    Este comando ficou inicialmente na dependência da Zona de Operações de Tete (ZOT), com sede em Estima.

    Além deste comando, da responsabilidade das Forças Armadas Portuguesas, o Gabinete do Vale do Zambeze e o consórcio ZAMCO dispunham da sua própria polícia e segurança.

  • 07
      07/1971

    07/07/1971 - 

    Reuniões em Kinshasa entre o MPLA e a FNLA, tendo em vista a reconciliação dos dois movimentos, presididas pelo vice-presidente e pelo ministro do Interior do Congo.

  • 08
      07/1971

    08/07/1971 - 

    Capturado um barco da FRELIMO no rio Rovuma.

    Forças estacionadas no Tartibo (zona de Mueda, fronteira do Rovuma) capturaram um barco utilizado pela FRELIMO para atravessar o rio.

  • 17
      07/1971

    17/07/1971 - 

    Explosão no paiol da Escola Prática de Cavalaria em Santarém.

    As munições do paiol estiveram a explodir durante vários dias, causando prejuízos em várias habitações próximas do quartel. A explosão foi atribuída a causas naturais, embora corresse o boato de que fora uma sabotagem.

  • 17
      07/1971

    17/07/1971 - 

    Reunião em Vila Machado, Tete, do clero da Congregação dos Padres Brancos que reconsideraram a anterior decisão apresentada em Maio, de abandonar Moçambique, e decidiram só sair por acto compulsório do Governo e nunca por iniciativa própria.

    Esta decisão colocava sobre o Governo português odioso da expulsão e responsabilizava-o pela degradação das relações com as congregações religiosas em Moçambique.

  • 26
      07/1971

    26/07/1971 - 

    Chegada a Dacar da Comissão da ONU de investigação às queixas do Senegal.

    A missão nomeada pelo Conselho de Segurança para investigar a queixa do Senegal sobre violações de fronteira a partir da Guiné-Bissau chegou a Dacar e iniciou os seus trabalhos com inquéritos na fronteira.

  • 06
      08/1971

    06/08/1971 - 

    Revisão da Constituição de 1933.

    A Lei 3/71 reviu a Constituição de 1933. Na revisão era mantido o princípio da unidade política e consagrado o princípio da autonomia das províncias. Todavia, o Governo de Lisboa detinha a autoridade final sobre todas as decisões tomadas nas províncias ultramarinas, respeitantes àrepresentação e política externa, à definição dos respectivos estatutos e ainda quanto à fiscalização das suas actividades financeiras.

    Simultaneamente com a revisão da Constituição em 1971, o sistema político abria brecha com o advento da chamada Ala Liberal, esboroando-se por via legislativa o dogma integracionista defendido pelos “ultras” do regime.

    A revisão constitucional de 1971 revelou a incapacidade de Marcelo Caetano e do seu grupo de fiéis para fazerem uma reforma do regime. Foram incapazes de perceber o princípio básico do exercício do poder democrático de que o que diz respeito a todos deve ser decidido por todos.

    A revisão constitucional de Marcelo Caetano manterá as características essenciais da Constituição de 1933, legitimando um regime colonial e repressivo.

     

  • 06
      08/1971

    06/08/1971 - 

    Anúncio da construção do avião Impala pelo ministro da Defesa da África do Sul.

    O ministro P. W. Botha afirmou que, além do fabrico de aviões Mirage sob licença da França, a África do Sul iria construir um avião ligeiro de transporte e também uma versão mais avançada do jacto de treino Impala. O ministro adiantou que a RAS se iria tornar auto-suficiente na produção de armamentos.

  • 08
      08/1971

    08/08/1971 - 

    Entrevista de Samora Machel à Rádio Praga.

    Nesta entrevista Samora Machel afirmou que a extensão da luta armada a zonas mais profundas do distrito de Tete era de particular importância porque ali Moçambique tinha fronteiras com o Malawi e com a Rodésia. Samora Machel explicou que a FRELIMO não tinha declarado até então a zona de Tete como objectivo principal porque não estava seguro da sua capacidade para prosseguir aí a luta, mas que tinha a certeza de poder manter as suas posições e avançar mais para sul.

    Expressou ainda a ideia de que, enquanto Portugal concentrasse forças em redor de Cahora Bassa e na protecção da estrada que ligava Tete à barragem, a FRELIMO actuaria noutras áreas.

  • 09
      08/1971

    09/08/1971 - 

    Início do terceiro mandato de Américo Tomás como presidente da República.

  • 25
      08/1971

    25/08/1971 - 

    Directiva 14/71 do Comando-Chefe para a constituição de Grupos Especiais (GE) em Angola.

    Os GE eram definidos como tropas irregulares, totalmente constituídas por voluntários recrutados localmente entre a população africana que, não abandonando as suas actividades civis, tomavam parte activa na luta contra a subversão.

    Possuíam chefes próprios, e tinham por missão a pesquisa de notícias, a realização de acções de contraguerrilha e de acções de recuperação de população e de pacificação. Os GE dependiam da cadeia normal de comando militar, inerente ao controlo operacional da zona de acção onde actuavam. O Comando-Chefe de Angola podia também utilizar os GE através do seu Gabinete de Tropas Irregulares (GTI).

    Um grupo de GE tinha habitualmente 31 homens, que comandado por um chefe e articulava-se em três secções de dez homens e estavam armados com espingardas automáticas e por vezes com morteiros de 60mm, um lança-granadas-foguete, ou uma metralhadora.

    Os GE não estavam sujeitos ao Regulamento de Disciplina Militar nem ao Código de Justiça Militar e as sanções disciplinares aplicáveis eram reguladas por normas próprias baseadas nos usos e costumes locais. A criação dos GE teve como finalidade criar forças voluntárias locais para obter informações e aumentar as capacidades operacionais de contraguerrilha, comprometer politicamente as populações e elevar o nível socioeconómico dos seus elementos.

    Executavam operações segundo técnicas peculiares, idênticas às dos guerrilheiros, e dependiam operacionalmente do Comando- Chefe de Angola através do Comando das Tropas Irregulares (CTI).

     

    Grupos de GE

    Cabinda – 6 GE+10 TE
    ZMN – 22 GE+6 TE
    ZML – 70 GE+Fiéis+Leais
    Total – 98 GE

    Os efectivos dos GE em Angola eram em 1974 de cerca 6400 dos quais 4725 na ZML.

  • 26
      08/1971

    26/08/1971 - 

    Visita de Samora Machel à China.

    Depois de ter estado em Moscovo, Samora visitou a China. Foi acompanhado por Sebastião Mabote, chefe nacional de operações. Esta visita demonstrava o interesse de Machel em não se comprometer apenas com um aliado e diversificar as relações do seu partido.

    Como presidente da FRELIMO já tinha visitado a Argélia, a Jugoslávia, a União Soviética, a Roménia, a Bulgária e o Vietname.

  • 9
      1971

    9/1971 - 

    Visita de uma delegação da OUA a vários países da NATO, com o objectivo de conseguir que estes deixassem de apoiar a política colonial portuguesa.

  • 9
      1971

    9/1971 - 

    Movimento de elementos militares do MPLA ao longo do rio Luena no Leste de Angola, com o fim de reabrir a Rota Agostinho Neto em direcção à zona do Luso, fazendo face à pressão da FNLA e da UNITA.

    A Rota Agostinho Neto

    Rota Agostinho Neto foi a designação geral das linhas de progressão dos guerrilheiros do MPLA a partir das bases na Zâmbia em direcção ao interior de Angola, com o objectivo geral de ligar a III Região Militar, o Leste, à I Região Militar, Dembos e planalto central (Huambo).

    A designação de Rota Agostinho Neto reúne um conjunto de infiltrantes que ao longo dos tempos os guerrilheiros do MPLA foram percorrendo a partir da Zâmbia, na direcção leste-oeste, procurando na sua progressão encontrar protecção e povos a quem recorrer.

    No final da guerra foi possível definir três dessas linhas gerais de infiltração, ou eixos de progressão, que constituíram em fases diversas a Rota Agostinho Neto.

    De norte para sul encontrava-se a chamada Nova Rota, que saía da base Muiengo, na Zâmbia, e passava pelo Norte da fronteira do saliente do Cazombo; no Centro, a Rota Agostinho Neto, com variantes, que entrava em Angola pela zona do Marco 1 (marco de fronteira) e seguia pelo rio Luena, ou pelo rio Lungué-Bungo até Lucusse; finalmente uma terceira infiltrante, a sul, a Rota do Rio Nengo, que começava na base zambiana de Lingumbua, passava a sul de Gago Coutinho em direcção a Cangamba.

    Estas linhas foram utilizadas pelo MPLA, consoante a situação e os objectivos a alcançar aconselhavam, por vezes simultaneamente, por vezes com o esforço concentrado numa delas.

    Parece não haver dúvidas que a mais importante base de partida para a infiltração dos grupos do MPLA em Angola foi a de Kassamba, na Zâmbia, junto à fronteira sul do saliente do Cazombo e de onde saíam duas linhas de penetração.

    Foi ao longo das linhas que constituíam a Rota Agostinho Neto que o MPLA enfrentou a oposição das forças portuguesas e sulafricanas que tinham bases operacionais no Cuíto-Canavale e Luso e de onde partiam para realizar operações de “caça” e de heliassalto e também os grupos da UNITA que disputavam o território.

    Para o MPLA, a Rota Agostinho Neto consistia num eixo de aproximação ao planalto central de Angola e de ligação ao Norte, a sua I Região Militar, pois era ao centro nevrálgico de Angola que o MPLA queria chegar. As forças portuguesas, de acordo com a manobra gizada por Costa Gomes e levada à prática por Bettencourt Rodrigues, procuraram barrar essa progressão com uma acção dinâmica, em que as tropas portuguesas fizeram uma busca activa dos guerrilheiros em vez da clássica montagem de acções estáticas de emboscada e espera.

    Quanto à UNITA, ao contrário do MPLA, para quem o Leste era uma zona de passagem que poderia vir a ser uma zona de retaguarda, utilizava o Leste como zona principal de combate e de acção política para ali se estabelecer. A aliança entre a UNITA e as autoridades portuguesas contra o MPLA e que tomou o nome de Operação Madeira resultou da conjugação de interesses em que o Comando português não queria deixar o MPLA avançar para a zona decisiva da guerra e a UNITA não o queria ver a estabelecer-se na única área em que tinha possibilidade de implantação e desenvolvimento.

     

  • 01
      09/1971

    01/09/1971 - 

    Operação Madeira – primeiras cartas trocadas entre um dirigente da UNITA e os madeireiros.

    As primeiras cartas trocadas entre o madeireiro José Oliveira (Zeca) e um oficial da UNITA, Edmundo Rocha (Sabino Candende), datam de 1 de Setembro. Seguiram-se outras, datadas de 11, 14 e 20 de Setembro.

  • 2/9/1971
      a 7/9/1971

    2/9/1971 a 7/9/1971 - 

    Durante a 59ª reunião da Conferência Interparlamentar realizada em Paris, com 700 delegados de todo o mundo, foi condenada a política de Portugal e da África do Sul.

  • 03
      09/1971

    03/09/1971 - 

    Forças rodesianas entram em combate com um grupo da FRELIMO na fronteira junto a Mucumbura. Uma unidade portuguesa de Comandos, que realizava operações na zona, é surpreendida no meio do combate. Os rodesianos sofreram um ferido e os guerrilheiros sete mortos.

    Estes acontecimentos demonstram o à-vontade com que os rodesianos operavam dentro do território de Moçambique, em operações de perseguição, sem informação e sem coordenação com as forças portuguesas.

  • 05
      09/1971

    05/09/1971 - 

    Viagem a Lisboa do chefe dos serviços secretos rodesianos, Ken Flower, para apresentar críticas do seu Governo à actuação de Kaúlza de Arriaga em Moçambique.

    Ken Flower era o director dos serviços secretos rodesianos (CIO).

    Nesta visita veio transmitir a Marcelo Caetano o que pensavam do general que comandava as Forças Armadas Portuguesas em Moçambique. Para os rodesianos, Kaúlza de Arriaga “era um general político que se aproveitava da guerra em Moçambique para realizar as suas ambições pessoais e de propaganda, sem condução eficiente da guerra”. No início de 1971, Ian Smith visitou Moçambique para contactos com Kaúlza de Arriaga e este garantiu-lhe que as Forças Armadas Portuguesas de Moçambique alcançariam a vitória e descreveu aquilo que achava que eram os seus êxitos militares da Operação Nó Górdio e dos planos para o vale do Zambeze, onde se projectava instalar um milhão de colonos europeus e da barreira inexpugnável que a barragem de Cahora Bassa seria contra o avanço da FRELIMO em Tete.

    Como as preocupações rodesianas se centravam na zona de Tete e, quanto a essa, enquanto Kaúlza descrevia cenários de ficção, o inspector Sabino, da DGS, informava e esclarecia os agentes dos serviços de informações da Rodésia que os guerrilheiros já tinham passado o Zambeze para sul e avançavam em direcção a Manica e Sofala, o quadro não foi do agrado de Ian Smith.

    As Forças Armadas Portuguesas e o seu comandante não mereciam grande admiração dos rodesianos.

    Segundo Ian Smith, as forças de segurança rodesianas tinham uma elevada taxa de mortalidade contra os guerrilheiros, matando muito e muito rapidamente. Nada de parecido acontecia com os portugueses, embora admitisse que, do lado português, a situação para os rodesianos não era tão boa como devia ser – os homens da segurança rodesiana consideravam que os portugueses nunca conseguiriam controlar toda a área como eles controlavam a Rodésia, e alguns consideravam que Kaúlza de Arriaga estava a fazer um mau trabalho em Moçambique.

  • 05
      09/1971

    05/09/1971 - 

    Criação da 4ª Companhia de Comandos de Moçambique.

  • 06
      09/1971

    06/09/1971 - 

    Emboscada de guerrilheiros do ELNA/FNLA a uma viatura civil, causando quatro mortos civis europeus, que regressavam do mercado de café em Quiluvualo, a NE de Santa Cruz, Angola.

  • 07
      09/1971

    07/09/1971 - 

    Início da primeira reunião da subcomissão de Acção Psicológica do Exercício Alcora, realizada em Lisboa.

    Os representantes de Portugal, África do Sul e Rodésia concluíram que o âmbito e os procedimentos nos três países eram muito diferentes, embora estivessem de acordo que era “incontestável que as operações psicológicas (…) são sobretudo um problema político”, excedendo “largamente o âmbito das Forças Armadas dos três países Alcora”.

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