1964 - Três teatros de operações

Os Acontecimentos

  • 20
      01/1964

    20/01/1964 - 

    Realização da II Conferência das Forças Antifascistas Portuguesas promovida pela FPLN.

    A FPLN reuniu-se a 20 de Janeiro de 1964, em Argel, na sua II Conferência. A passagem à ofensiva contra o regime de Salazar dominou os debates, tendo sido criada a Junta Revolucionária Portuguesa, cuja presidência foi atribuída a Humberto Delgado. Pese embora as cisões verificadas no seio da Oposição exilada, em virtude destas duas importantes decisões, Delgado não insistiu no seu projecto de tomar o poder em Portugal por via revolucionária. Com os apoios da Argélia e do Partido Comunista Italiano, teria mesmo agendado, para a Primavera de 1965, a entrada das suas forças em Portugal, um projecto que se gorou devido ao assassínio de Humberto Delgado em Badajoz, a 13 de Fevereiro de 1965.

  • 07
      02/1964

    07/02/1964 - 

    Primeiro morto em combate das tropas Pára-quedistas na Guiné, durante a Operação Tridente, realizada na mata de Cachil, na ilha do Como.

  • 13
      02/1964

    13/02/1964 - 

    Início do I Congresso do PAIGC, realizado em Cassacá, no Sul da Guiné, sob a presidência de Amílcar Cabral, durante a qual foi eleito o Bureau Político do Comité Central do PAIGC. Neste congresso foi feita a separação entre poderes civis e militares e foi definido o conceito de território nacional e criados os comandos militares inter-regionais.

    O PAIGC realizou o seu I Congresso na tabanca de Cassacá, no Sul do país, num momento crucial para a definição e correcção das formas de luta de libertação. O congresso decorreu em simultâneo com a batalha pela posse da ilha do Como (Operação Tridente), ocupada pelo PAIGC. Das matas chegavam notícias de desvios, de excessos e de exageros cometidos por alguns dos comandantes militares, tendo contraditoriamente por alvo as populações, de cujo apoio dependia o sucesso do movimento libertador.

    Cassacá foi essencialmente o congresso da correcção de comportamentos requerida pela situação. Foi marcado por uma expurgação de grande amplitude, tendo vários dirigentes e comandantes militares sido criticados em público, denunciados pela população, expulsos do partido e os casos de traição irremediável entregues aos tribunais do povo. Foi a primeira manifestação de depuração interna.

    Ao mesmo tempo que vários nomes desapareciam de cena, eram constituídas, no mesmo congresso, as Forças Armadas Revolucionárias do Povo, as FARP, o braço armado do PAIGC. Pela sua importância para o movimento de libertação guineense e para o lançamento dos pilares da construção futura de um Estado independente, pode dizer-se que Cassacá foi o único evento, a única reunião magna do PAIGC, que conseguiu sobrepor-se à barreira partidária e afirmar-se como referência na própria história do país.

  • 05
      03/1964

    05/03/1964 - 

    Concessão de facilidades pela Alemanha para a recuperação de militares mutilados nas guerras coloniais, em hospitais militares alemães. O Hospital Militar de Hamburgo receberá 88 mutilados de guerra portugueses.

  • 06
      03/1964

    06/03/1964 - 

    Criação do Batalhão de Caçadores Pára-quedistas 31 (BCP 31), em Moçambique.

    Embora tenha sido a mesma Portaria de 8 de Maio de 1961 que criou o BCP 21 em Luanda que determina a criação do Batalhão de Caçadores Pára-quedistas nº 31, na Beira e na dependência da 3ª Região Aérea, o BCP 31 só tem existência a partir do dia 6 de Março de 1964, após o tenente-coronel Ferreira Durão ter assumido o comando nessa data, em Lourenço Marques. A 30 de Novembro o BCP 31 instalou-se definitivamente na Beira, na Base Aérea 10.

    Pára-quedistas em operações no Norte de Moçambique. [AHM]

    Comandantes do BCP 31:

    • Tenente-coronel PQ Rafael Ferreira Durão (6 de Março de 1964 a 18 de Maio de 1966)

    • Tenente-coronel PQ Argentino Urbano Seixas (18 de Maio de 1966 a 4 de Julho de 1968)

    • Tenente-coronel PQ Carlos Manuel Correia Marques da Costa (4 de Julho de 1968 a 2 de Setembro de 1970)

    • Tenente-coronel PQ Sigfredo Ventura da Costa Campos (2 de Setembro de 1970 a 10 de Junho de 1971)

    • Tenente-coronel PQ Carlos Alberto Bragança Moutinho (29 de Junho de 1971 a 18 de Julho de 1973)

    • Tenente-coronel PQ José Ramalho Rua (18 de Julho de 1973 a 23 de Outubro de 1974)

    • Tenente-coronel PQ Horácio Cerveira Alves de Oliveira (12 de Dezembro de 1974 a 25 de Julho de 1975).

    Actividade operacional

    A instalação na Beira, como reforço da guarnição militar, teve origem no apoio do Governo português à Rodésia do Sul de Ian Smith face ao bloqueio britânico. O BCP 31 actuou como força dissuasora de um ataque, assegurando a posse das infra-estruturas portuárias da Beira, o aeroporto e a linha de caminho-de-ferro que eram vitais para a Rodésia. Apesar do bloqueio se ter mantido ao longo dos anos, o BCP 31 desenvolveu a actividade operacional na região da Mueda e também no Niassa. Com a construção da barragem de Cahora Bassa passou a realizar operações na zona de Tete, integrando as forças de intervenção do COFI. O BCP 31 teve 39 mortes em combate (31 praças, seis sargentos e dois oficiais).

     

    Vista da Base Aérea 10 na Beira. [AMGu]

  • 08
      03/1964

    08/03/1964 - 

    Reunião de dirigentes do PAIGC e da Frente Patriótica de Libertação Nacional (FPLN), em Argel, sendo distribuído um comunicado pelo PAIGC afirmando o acordo entre a Oposição portuguesa representada por Humberto Delgado e os movimentos de libertação africanos, para estreitamento de relações e concordância numa acção comum.

  • 17
      03/1964

    17/03/1964 - 

    Apresentação de um relatório de U Thant ao Conselho de Segurança sobre a presença em Angola de mercenários e ex-gendarmes catangueses.

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