1964 - Três teatros de operações

1964 - Três teatros de operações

Os Acontecimentos

  • 11
      1964

    11/1964 - 

    Primeira acção da FRELIMO na zona de Tete, com um ataque a um posto de sentinela em Mutarara.

     

  • 11
      1964

    11/1964 - 

    Constituição pelo PAIGC das primeiras unidades do Exército Popular da Guiné, com organização da Milícia Popular e abertura da Frente Leste.

    A rápida melhoria das técnicas de combate do PAIGC Nos primeiros tempos de guerra, os grupos guerrilheiros do PAIGC fugiam quase sempre após as acções que empreendiam, com receio de serem envolvidos no contra-ataque das forças portuguesas, mas rapidamente os grupos do PAIGC melhoraram a sua técnica de emboscadas, evidenciando os ensinamentos recebidos nos campos de treino da Argélia, Checoslováquia, Rússia e mesmo da China, por onde tinham passado.

    Na segunda metade de Outubro de 1964, o PAIGC iniciou o emprego generalizado de minas e fornilhos anticarro. No Leste, o primeiro engenho assinalado explodiu na estrada Bambadinca-Xitole.

    Com receio de represálias, numerosas tabancas da área foram abandonadas pelas populações futa-fulas, muitas das quais se acolheram a Bambadinca.

    Verificou-se também o aumento da acção do PAIGC contra os navios portugueses que faziam o reabastecimento do Sul ou que patrulhavam os rios e canais da região.

    Escondidos no “tarrafo” das margens, os grupos guerrilheiros do PAIGC atacavam os barcos, em especial nos rios Cobade (que separa a ilha de Como da península de Catió), Corubal e Cumbijã.

    A norte do rio Geba, em especial no Oio, a acção do PAIGC fazia-se sentir crescentemente, tendo os seus grupos revelado a utilização de uma metralhadora pesada num ataque ao Olossato, no princípio de Dezembro.

    O porto madeireiro de Binta, a oeste de Farim, a tabanca de  Cutia, na estrada Mansôa-Mansabá e a própria vila de Farim sofreram flagelações nos últimos dias de Dezembro, o que revelava uma grande capacidade de acção entre o rio Cacheu e o centro da Guiné. As acções de implantação de minas e de colocação de abatizes dificultaram o tráfego civil, que praticamente deixou de existir em todo o território, obrigando à organização de colunas militares para assegurar a actividade económica da região, baseada na produção de mancarra. No fim do ano de 1964, o PAIGC actuava com grande à-vontade no Sul da Guiné, considerando mesmo algumas regiões como estando já “libertadas”, uma das quais a ilha de Como.

    Nas margens do rio Geba, os grupos guerrilheiros do PAIGC actuavam nas áreas de Porto-Gole, Enxalé, Xime e Bambadinca, região esta que lhes servia de ligação entre o Sul e o Norte.

     

  • 16
      11/1964

    16/11/1964 - 

    Apresentação ao Comité de Libertação da OUA de um relatório da subcomissão de análise do problema angolano, cujas conclusões apontam para a revisão das decisões anteriores e a atribuição de uma ajuda concreta ao MPLA.

  • 16
      11/1964

    16/11/1964 - 

    Primeiras baixas portuguesas em combate em Moçambique, na região de Xilama, no Norte do território. No Niassa, a FRELIMO avança para sul, na direcção de Meponda e Mandimba, tentando atingir Tete com a ajuda do Malawi.

    Nestas acções os grupos atacantes já utilizaram armas automáticas e lança-foguetes, mantendo o ataque durante largos minutos, o que demonstra uma boa preparação anterior e a existência de um sistema de reabastecimento de armas e munições eficaz.

  • 20
      11/1964

    20/11/1964 - 

    Chegada a Moçambique do DFE1, que se instala em Porto Amélia (Pemba).

  • 22
      11/1964

    22/11/1964 - 

    Suspensão do jornal Diário, da Beira, Moçambique, por publicar o que foi considerado como “uma versão falsa de confrontos militares no Norte de Moçambique”.

    O motivo invocado pelas autoridades foi o jornal ter relatado uns incidentes ocorridos no Norte, dos quais resultara a morte de um militar. O Diário de Moçambique pertencia à diocese da Beira e tinha sido fundado pelo seu bispo, D. Sebastião Soares de Resende, um religioso muito activo no plano social e cujas prédicas e pastorais revelavam um forte sentido crítico sobre a situação colonial, numa linha que teria seguidores como D. Manuel Vieira Pinto, bispo de Nampula, e na linha oposta à do então arcebispo de Lourenço Marques, D. Teodósio Gouveia, defensor do regime e da causa colonial.

    D. Soares de Resende foi o fundador do semanário A Voz Africana, da revista Economia, do Diário de Moçambique e da Rádio Pax, estação emissora também anexa à diocese. Ele utilizava estes órgãos para a evangelização e denúncia das situações de violência e opressão, entrando por isso em conflito com as autoridades coloniais que suspenderam o jornal por 30 dias em 1964 e por 10 em Julho de 1965, quando o bispo publicou um artigo sobre os 25 anos do Acordo Missionário sem o submeter à censura.

    A intenção destas penas era a de sufocar financeiramente estes órgãos e assim calar uma voz incómoda.

    A resposta que o Diário de Moçambique encontrou para contrariar a apertada vigilância da PIDE e da Censura foi deixar de publicar discursos de ministros e governadores-gerais, passando a ser mais importante o que calava do que aquilo que publicava. Em contraponto ao Diário de Moçambique e para defender as posições do regime, existia o Notícias da Beira, órgão da União Nacional, dominado por Jorge Jardim.

  • 25
      11/1964

    25/11/1964 - 

    O Comité de Libertação da OUA reconhece o MPLA como único representante do povo angolano.

    O reconhecimento do MPLA, em vez da FNLA, deve-se principalmente à associação muito mais clara que assumiu relativamente ao campo socialista, que tinha uma influência crescente na OUA. O MPLA estabelecera laços fortes com Moscovo e Havana que lhe facilitaram este reconhecimento por parte da OUA.

    A partir de 1966, esta organização passou a canalizar para ele a maior parte dos seus apoios financeiros. Por seu lado, a FNLA/GRAE viu declinar a sua sorte, num processo que reflecte aquilo que tinha sido a experiência do MPLA em 1963.

  • 30
      11/1964

    30/11/1964 - 

    Nomeação do brigadeiro Emílio Moura dos Santos para o cargo de 2.º comandante da Região Militar de Moçambique.

    Nesta data a hierarquia militar em Moçambique estava assim constituída:

    • General da Força Aérea Costa Almeida – Governador-geral e Comandante-Chefe;

    • General do Exército Caeiro Carrasco – Comandante da Região Militar;

    • General António Augusto dos Santos – Adjunto-militar do Comandante-chefe.

    Com a saída do general Carrasco, Moura dos Santos foi nomeadocomandante da Região Militar de Moçambique e para o seu lugar chegou o brigadeiro Costa Gomes. Augusto do Santos será o comandante-chefe e Costa Gomes será, de facto, o comandante das forças do Exército em Moçambique. Estes dois homens constituirão uma dupla de grande eficácia, porque tinham o mesmo conceito operacional, baseado na prioridade da conquista das populações, da interdição das linhas de infiltração dos guerrilheiros e, acima de tudo, eram adeptos de conter a guerra ao mais baixo nível de violência e visibilidade possível. Serão eles que colocarão o quartel-general da guerra em Nampula, designado como Quartel-General Avançado, embora formalmente o quartel-general se mantenha em Lourenço de Marques, onde ficou o general Moura dos Santos.

    As suas concepções foram radicalmente alteradas por Kaúlza de Arriaga, que em 1969 substituiu Augusto dos Santos como comandante-chefe.

  • 12
      1964

    12/1964 - 

    O Comité dos Nove da OUA anuncia que passa a dar ajuda militar ao MPLA e não unicamente ao GRAE.

  • 02
      12/1964

    02/12/1964 - 

    Visita do Papa Paulo VI à Índia, que o Governo português considera “uma afronta gratuita, inútil e injusta contra Portugal”.

  • 02
      12/1964

    02/12/1964 - 

    O Conselho de Segurança da ONU decide ouvir em audiências os movimentos de libertação de Angola, Guiné e Moçambique.

  • 05
      12/1964

    05/12/1964 - 

    Comunicado de Humberto Delgado em Argel.

    O general Humberto Delgado emitiu um comunicado como presidente da Frente Portuguesa de Libertação Nacional contra o aproveitamento que o Partido Comunista fez das facilidades que lhe tinham sido concedidas pelo Governo argelino como presidente da Oposição portuguesa e as tentativas de controlo das suas actividades.

    A 15 de Dezembro, Delgado apresentou um memorando ao delegado do Governo argelino sobre perturbações no seio da Oposição portuguesa em que retirava a qualidade de representantes da Oposição aos militantes do PCP que tinham vindo à Argélia para a terceira conferência da FPLN, que não se chegou a realizar por falta de representantes de outras correntes que não os comunistas.

    A 18 de Dezembro, o Governo argelino impediu Delgado de realizar uma conferência de imprensa sobre o “rompimento” político da FPLN. A principal divergência entre Delgado e o PCP residia na decisão de lançar acções armadas contra o regime de Salazar, que o general defendia energicamente, em contraste com a continuação da luta política que o PCP propunha. Esta opção de Delgado pela luta armada ficaria bem expressa na sua mensagem de fim de ano dirigida ao povo português a partir de Argel: “Sabeis também a esta hora que tive oportunidade de reunir novamente, algures na Europa, elementos representativos dos sectores que desejam a revolução a prazo curto.

    (…) Portugueses! A Frente Portuguesa que chefio, e cujas operações militares comandarei, logo que rebente a luta, pretende desencadear a revolta muito proximamente. Para o efeito, teve no último semestre de 1964 duas reuniões no estrangeiro, com elementos do interior e do exterior. Nessas reuniões procurou-se ganhar o tempo perdido em discussões estéreis entre opiniões muito afastadas”.

  • 07
      12/1964

    07/12/1964 - 

    Situação geral em Moçambique.

    A situação geral em Moçambique era descrita assim no PERINTREP 24/64 de 1 a 7 Dezembro de 1964, primeiro ano de acções violentas significativas: “Enquanto se desenvolve a acção dos bandos inimigos no Norte da Província, há referências a novas e mais numerosas infiltrações de elementos combatentes e material de guerra, agora através da fronteira do Rovuma e do lago Niassa. Por outro lado continua a verificar-se um aumento da propaganda que, praticamente, abrange toda a Província e à qual corresponde também a aceitação cada vez maior por parte das populações nativas”.

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