O pesado fardo da Zâmbia
A Zâmbia e a Tanzânia suportaram a maior parte do esforço no apoio aos movimentos de libertação de Angola e Moçambique. Contudo, por razões da sua localização geográfica no centro dos conflitos, foi a Zâmbia que suportou o fardo mais pesado, funcionando como base de muitos movimentos no exílio: o MPLA teve ali o seu quartel-general e várias bases de 1966 a 1974 e também a FRELIMO e o COREMO ali se instalaram. Também apoiou a ZAPU do Zimbabwe, o Congresso Nacional Africano (ANC) da África do Sul e a SWAPO da Namíbia.
Ajudar os amigos sem hostilizar os vizinhos
A gestão destes apoios e das vizinhanças hostis de Angola, de Moçambique, da Rodésia e até do Malawi, que preferia estar do lado dos governos de minoria branca, exigiram de Keneth Kaunda uma grande habilidade e sensatez. Embora concedendo apoio aos movimentos de libertação, teve com alguns deles relações turbulentas e viu-se envolvido em disputas internas. O conflito entre os apoiantes de Agostinho Neto e Daniel Chipenda da Revolta do Leste ocorreu na Zâmbia. Por outro lado, os países vizinhos, como Portugal em Angola e a Rodésia, retaliavam o apoio dado aos guerrilheiros, encerrando-lhe as fronteiras por onde ele devia exportar os seus produtos.
Estabelecer pontes
Para sobreviver entre estes dois mundos antagónicos, Kaunda procurou desenvolver uma política de unidade entre os movimentos de libertação, ou as suas facções – fê-lo com Agostinho Neto e Chipenda e também com Holden Roberto. Durante algum tempo acolheu Savimbi e tentou também servir de ponte entre os interesses em conflito e Lusaka ficou ligada a algumas das tentativas de acordo entre as partes em guerra. Os sul-africanos utilizavam os bons ofícios de Kaunda e foi também a ele e a Lusaka que, em 1973, Jorge Jardim se dirigiu para uma última tentativa de parte dos colonos de Moçambique negociarem com a FRELIMO.
Refugiados angolanos
Um outro papel importante que a Zâmbia desempenhou foi o de destino de acolhimento para refugiados. Durante a Guerra Colonial a Zâmbia acolheu 220 000* refugiados, que fugiam da guerra e das deslocações forçadas para os aldeamentos criados pelas autoridades portuguesas para controlarem as populações.
*Durante a guerra civil, depois da independência, este número subiu a mais de meio milhão.
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