1964 - Três teatros de operações

OS GRUPOS ECONÓMICOS VOLTAM A ANGOLA

Aspecto das minas de Cassinga. [DGARQ-TT-SNI]

As minas de Cassinga e de Serpa Pinto (actual Menongue) constituem uma das maiores reservas de minério de ferro do mundo e eram exploradas desde 1957 pela Companhia Mineira do Lobito, que explorava também as da Jamba e Tchamutete. A Companhia Mineira do Lobito fazia parte do grupo Champalimaud e passou a estar associada ao trust Krupp, da República Federal da Alemanha, à Bethlehem Steel e à Greg-Europe (belga).

 

Investimento estrangeiro para pagar a guerra

Salazar sempre foi contrário ao investimento estrangeiro. No início do seu governo, a sua filosofia era simples – as colónias dependiam da Metrópole, a quem forneciam matérias-primas e de quem recebiam produtos manufacturados. Era um rural antidesenvolvimentista e um adepto do condicionamento da indústria. Mas as despesas da guerra, que consumiam já 32% do Orçamento do Estado (chegariam aos 48%), obrigaram Salazar a contrair empréstimos e a aceitar investimentos, abdicando dos princípios apregoados. E, para isso, lá estavam os seus grandes apoiantes: os grandes empresários nacionais e as grandes companhias internacionais.

 

 

A importância de Cassinga na estratégia militar do Leste

A importância das minas de Cassinga determinará, em boa parte, a estratégia militar portuguesa do Leste de Angola, que montou um dispositivo para as defender. Por sua vez, o contingente sul-africano do Destacamento de Cooperação do Cuíto Canavale manterá uma companhia na área das minas.

 

Interesses económicos

Passados os primeiros anos de guerra e de incerteza, os grandes grupos económicos portugueses começaram a investir em Angola, muitas vezes associados a grupos estrangeiros. Estes investimentos com capital e tecnologias estrangeiras levaram para Angola grandes unidades fabris e empresas, mas foi o sector da banca que atraiu os grupos tradicionais portugueses, os quais se instalaram quase sempre aliados a grupos sul-africanos, por sua vez ligados a casas-mãe em Inglaterra.

 

Vista aérea de Luanda.[DGARQ-TT-SNI]

 

A banca era a galinha dos ovos de ouro para os grupos metropolitanos

Em 1972, a CUF encontrava-se associada ao Standard Bank Ld.ª de Londres através do Banco Totta-Standard de Angola SARL. O banco londrino estava ligado a empresas sul-africanas e rodesianas, a CUF já possuía onze empresas em Angola e estava a construir uma nova unidade fabril que seria o início de um complexo de indústrias de base químico-orgânicas.

O grupo angolano CUCA, de Manuel Vinhas, intimamente ligado ao grupo cervejeiro metropolitano Portugália, também associado da CUF, era detentor de 18 empresas em Angola e tinha ainda participações financeiras em mais seis empresas. Estava também ele associado a alguns grupos estrangeiros, como Amalgamated Packaging Industries, da África do Sul, a Arbor Acres, rodesiana, a Crown Cork e Internation Protein Corporation, americana, e a Passi, suíça. O grupo SACOR era proprietário de três empresas em Angola. Além disso, criou uma empresa especificamente para a exploração do petróleo angolano – ANGOL – que se encontrava associada a importantes grupos estrangeiros, ao grupo belga da Petrofina, ao grupo francês TOTAL, à TEXACO e a um consórcio sul-africano para a exploração das concessões petrolíferas de Angola.

O grupo Banco Português do Atlântico, de Cupertino de Miranda, tinha já um banco em Angola, o Banco Comercial de Angola, cujo arranha-céus do edifício sede marcava a paisagem de Luanda. Dispunha de participações em 14 empresas angolanas.

O grupo Espírito Santo estava presente em seis empresas, pelo menos. O grupo Borges & Irmão era proprietário do Banco Comercial e Industrial de Angola – BCI – e da Mabor Angolana.

As duas únicas fábricas de lacticínios que existiam em Angola, a ELA e a SIAL, tinham participações importantes da empresa de lacticínios Martins & Rebelo. Na década de 70 encontram-se já instalados em Angola quatro bancos comerciais intimamente associados a bancos metropolitanos, todos eles com filiais nas mais pequenas localidades angolanas.

Sobre a sua actividade e razões que determinaram o seu aparecimento, a “Semana Ilustrada”, uma revista editada em Luanda, escreveu o seguinte: “… o negócio bancário é altamente rendoso em Angola. Comparando com os resultados metropolitanos poderá mesmo dizer-se que é espectacular. A simples título de exemplo considere-se que, em 1971, o Banco Comercial de Angola, com um total de activo de 14 625 contos, obteve um lucro líquido de 39 000 contos, ao passo que o seu associado, Banco Português do Atlântico, apenas ganhou no mesmo ano 92 000 contos, conquanto tenha um total de activo de 63 611 contos. Em relação ao “Activo” das duas instituições, a melhor percentagem de lucro conseguida pelo BCA é flagrante”. 

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