Publicação por Jonas Savimbi, em Brazzaville, do “Manifesto aos Amigos de Angola”, que estará na origem da UNITA. O documento intitulava-se: “O inimigo principal do nosso povo é o colonialismo português”.
O avião realizava um bombardeamento em apoio de uma operação nas ravinas do rio Muera. Era pilotado pelo 2º comandante da base de Nampula, que faleceu no acidente. A causa provável do acidente foram estilhaços das suas próprias bombas.
Uma nota da PIDE dava conta de terem sido recebidas três comunicações de um informador operando no interior da FRELIMO que revelava estarem a verificar-se importantes acções políticas dos EUA relativamente ao partido e ao seu presidente, Eduardo Mondlane. Assim, segundo o agente, em meados de Novembro o embaixador americano em Dar es Salam teria oferecido 600 000 libras a altas entidades da Tanzânia para evitar que Mondlane fosse considerado indesejável e expulso do país, como consequência de um artigo publicado na revista Drum, altamente desfavorável ao líder da FRELIMO. Sabe-se também que, por interferência das autoridades tanzanianas, Cuba cancelara uma ajuda financeira solicitada por Uria Simango, um opositor de Mondlane, e que a OUA interveio para impedir a criação de um novo partido concorrente da FRELIMO e apoiado por países do bloco comunista.
Os comentários da PIDE
Os comentários da PIDE sobre estas informações consideram que “a atitude americana pode ser encarada como uma manobra destinada a afastar da FRELIMO certas influências comunistas, principalmente a chinesa e a cubana
(…)
A protecção dos americanos a Mondlane (cuja esposa, tudo indica, é agente da CIA) é sobejamente conhecida; falta saber se, desse modo, os EUA conseguirão efectivamente retardar o anunciado incremento da acção da FRELIMO em Moçambique, o que poderia colocar o partido numa posição difícil: efectivamente, outras pressões existem contrariando a americana”.
O que a PIDE sabia
A PIDE tinha acesso ao interior da cúpula dirigente da FRELIMO e sabia com toda a clareza que Mondlane não era comunista e não defendia o alinhamento pelo bloco comunista. A PIDE e o Governo português sabiam que Mondlane era pró-americano e protegido dos americanos, que contavam com ele para contrariar a influência da União Soviética e da China.
O jornal Pravda, de Moscovo, acusava Holden Roberto e a FNLA de serem instrumentos dos EUA.
Na edição de 16 de Dezembro de 1964 o jornal Pravda noticiou com grande destaque as ligações da FNLA com os Estados Unidos e com o regime de Mobutu, apontando o MPLA como o único movimento representativo do povo angolano. Esta notícia não trazia nada de novo, pois Holden Roberto foi sempre considerado um homem dos americanos e um subordinado de Mobutu, ela destinava-se a favorecer a posição do MPLA junto da OUA e a levar esta organização a substituir a FNLA como representante da luta do povo angolano.
A FNLA também nunca conseguiu ultrapassar a imagem de movimento tribalista, um movimento de bacongos, não obstante Holden Roberto ter tentado fazer equilíbrios étnicos no Governo Revolucionário de Angola no Exílio (GRAE) da FNLA, pondo na linha da frente dirigentes de etnia ovimbundo e quimbundo.
A 20 de Dezembro foram presos intelectuais ligados à FRELIMO, entre os quais José Craveirinha, Rui Nogar, Luís Bernardo Honwana e Malangatana Valente.
A 24, a PIDE prendeu ainda em Lourenço Marques vários elementos da FRELIMO treinados na Argélia. Foram detidos pela PIDE elementos treinados no estrangeiro que se tinham infiltrado em Moçambique para realizarem acções a sul do rio Save:
Joel Chibambo, treinado na Argélia;
Matias Thomas Krumalo, treinado na Argélia, comandante de material do campo de Kongwea, na Tanzânia;
Lameque Michanguela, especialista em sabotagem, treinado em Moscovo;
Daniel Sebastião Mangele, antigo quadro da UDENAMO que frequentou cursos de sabotagem em Moscovo;
Saul Tomo, treinado na Argélia;
André Manjoro, especialista em sabotagem e pára-comando na Argélia;
Alexandre Jossefate Machel, treinado em Israel em guerra de guerrilhas, tendo feito um curso de enfermagem.
A Assembleia Geral da ONU reconheceu a legitimidade da luta que os povos sob dominação portuguesa travavam para alcançarem a sua liberdade e independência.
O último dos aviões F-86 americanos foi retirado da Guiné.
O Governo português informou a Embaixada dos EUA de que o último dos F-86 fornecidos a Portugal no âmbito do Military Assistance Program (MAP) tinha sido retirado da Guiné. Por outro lado, Portugal manifestou a intenção de comprar 65 aviões idênticos (F-86) à Alemanha, que os tinha comprado à Canadair, em 1956. Estes aviões tinham sido produzidos no Canadá para a Força Aérea do Canadá, que não os podia ter vendido sem licença do Governo dos EUA. Estava criado mais um problema internacional envolvendo Portugal, os EUA, o Canadá e a Alemanha.
A embaixada americana em Lisboa informou o Governo português de que haviam sido vendidos à Alemanha na condição de apenas serem usados na Europa, pelo que não podiam ser utilizados em África.
Os canadianos tentaram dissuadir os alemães de venderem os aviões a Portugal e os americanos criticaram os canadianos por os terem vendido aos alemães sem acautelarem a venda futura. Na realidade, os aviões acabaram por não vir para Portugal e foram substituídos mais tarde por Fiat G 91.
Declaração de Franco Nogueira sobre o abandono da ONU por parte de Portugal.
Na sequência de várias condenações da política portuguesa feitas pelas Nações Unidas, Franco Nogueira declarou textualmente que Portugal “estará certamente entre os primeiros” a abandonar a ONU.
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