1970 - A ilusão das grandes operações

1970 - A ilusão das grandes operações

Os Acontecimentos

  • 21
      04/1970

    21/04/1970 - 

    Sá Carneiro e Pinto Balsemão apresentam um projecto de Lei de Imprensa em que se previa o fim da censura.

    Os “liberais” envolveram-se na luta pela democratização, mas a guerra condicionava tudo. Caetano considerou que José Guilherme Melo e Castro, ao seleccionar gente como Sá Carneiro para as listas da União Nacional, depois Acção Nacional Popular (ANP), tinha ido longe de mais.

  • 05
      1970

    05/1970 - 

    Visita de Leopold Senghor aos países escandinavos, declarando em Estocolmo que “tinha proposto um plano de paz aceite por Amílcar Cabral, residindo a dificuldade da sua aplicação na obtenção do acordo dos portugueses”.

  • 01
      05/1970

    01/05/1970 - 

    Abertura de uma casa de apoio a desertores portugueses, em Amesterdão.

    A 1 de Maio foi aberta em Amesterdão uma delegação para os portugueses que recusavam a guerra com o apoio de igrejas e de organizações de refugiados. Após 18 meses, a delegação tinha prestado assistência a mais de 500 pessoas, encontrando-lhes trabalho e alojamento.

    A Holanda foi o único país da NATO que aceitou os desertores portugueses. A alternativa era a Suécia neutral. Outros opositores viviam ilegalmente em França, com todos os riscos que isso envolvia.

    Em Abril de 1971, Portugal e França assinaram um tratado que limitava a emigração ilegal.

    Ao todo, cerca de 2000 portugueses entraram na Holanda desta forma. Cerca de 80% abandonaram Portugal antes de serem chamados para a tropa, 15% eram desertores do Exército e 5% eram refugiados políticos. Muitos deles regressaram mais tarde a Portugal, mas um número considerável permaneceu na Holanda e adquiriu a cidadania holandesa.

  • 01
      05/1970

    01/05/1970 - 

    Início das acções preparatórias da Operação Nó Górdio, em Moçambique.

    O planeamento da Operação Nó Górdio, que começara no final de 1969, logo após a criação do COFI, previa a realização de acções preparatórias destinadas a criarem condições para o apoio logístico da operação que teria o centro em Mueda.

    O eixo principal de reabastecimento escolhido foi o que previa o transporte dos materiais por mar até Mocímboa da Praia e daqui por terra até Mueda.

    Para aliviar a pressão dos guerrilheiros sobre este itinerário, sujeito como o antecedente a implantação de minas e a frequentes emboscadas – zonas do Chindorilho e de Oasse (Curva da Morte) – foram realizadas operações com uma companhia de Comandos, a partir de Mueda até ao Sagal, uma companhia de Páraquedistas de Sagal a Diaca e um destacamento de Fuzileiros entre Mocímboa da Praia e Diaca.

  • 6/5/1970
      a 18/5/1970

    6/5/1970 a 18/5/1970 - 

    Na região de Chamanga, Sector F, são realizadas as primeiras operações do COFI na zona de Tete, Moçambique, operações Flamingo e Pelicano.

    A situação na zona de Tete estava a agravar-se, especialmente na zona da fronteira com a Zâmbia e o Estado-Maior do COFI, empenhado em Mueda nas operações preparatórias da Nó Górdio delegou o comando nos oficiais Pára-quedistas do Batalhão 31 da Beira que conduziram as operações com as suas unidades e um destacamento de helicópteros.

  • 10/5/1970
      a 18/5/1970

    10/5/1970 a 18/5/1970 - 

    Ataques a cantinas na zona de Tete.

    De 11 a 18 foram atacadas várias cantinas de europeus e indianos na zona de Tete, perto da fronteira com a Zâmbia. A 10 a loja de Induna Greva foi assaltada, a 13 uma outra loja perto do Furancungo e a 18 a cantina Carreira foram saqueadas. Esta táctica da FRELIMO visava criar um clima de terror e de desestabilização da zona, afastando os cantineiros que garantiam o fornecimento de bens às populações para os substituir por organismos do Partido.

    A criação de um clima de terror é uma fase clássica da guerra subversiva. Com o terror os guerrilheiros pretendem inverter a anterior relação de forças, demonstrando que eram eles os mais fortes, não as autoridades.

  • 12
      05/1970

    12/05/1970 - 

    Kaúlza de Arriaga determina a alteração dos meios aéreos em Moçambique.

    Na reorganização de forças e do dispositivo a que estava a proceder para concretizar o seu conceito de manobra, Kaúlza de Arriaga determinou a alteração dos meios aéreos em Moçambique.

    As aeronaves de combate e apoio ao combate foram divididas entre o aeródromo-base de Nacala, para apoio ao Norte, e o aeródromo-base de Tete, para apoio a todo o sector. Nampula seria a grande base de helicópteros, com dois terços dos efectivos.

    A base da Beira (BA10) seria dedicada aos transportes (Noratlas e Dakota), alguns dos quais seriam atribuídos ao aeródromo de Lourenço Marques.

  • 15
      05/1970

    15/05/1970 - 

    Samora Machel assume as funções de presidente da FRELIMO.

    A nomeação de Samora Machel foi efectuada no decorrer da reunião do Comité Central da FRELIMO que teve lugar entre 5 e 15 de Maio em Naswinguea, na Tanzânia. Marcelino dos Santos assumiu as funções de vice-presidente.

    A nomeação de Samora Machel irá contribuir para intensificar o esforço de guerra, pois ele era partidário da política de “avanço”.

    A decisão do Comité Central da FRELIMO de expulsar Uria Simango e de acabar com o Conselho Presidencial, criado após o assassínio de Mondlane, e de que Simango era o presidente, foi o primeiro passo para a clarificação do poder no seio da organização.

    O Comité Central da FRELIMO considerou “a consciência das massas populares fortalecida pela consolidação das estruturas e zonas controladas pelo partido, pela expansão das acções militares e pelo impulso nos programas de reconstrução nacional” (Comunicado do Comité Central a 22 de Maio de 1970, in FRELIMO, O Processo revolucionário da guerra popular de libertação).

     

    Samora Machel e Cahora Bassa

    Os analistas militares portugueses (Perintrep 21/70, de 25 de Maio, da Região Militar de Moçambique) consideravam, a propósito da subida de Samora Machel à chefia da FRELIMO, que havia “a necessidade ou a muita conveniência de Samora obter, em prazo curto, um êxito militar que possa ser explorado a nível internacional, procurando demonstrar a vitalidade da FRELIMO e a excelência das mudanças, não sendo de excluir a hipótese de uma acção intensa visando o empreendimento de Cahora Bassa”.

    Previam que Samora iria: “Intensificar o aliciamento dos macondes, que sempre lhe tinham demonstrado desconfiança e hostilidade; colocar a população de Cabo Delgado em autodefesa, para pôr em marcha a criação do Exército Popular e, pela transferência de efectivos de Cabo Delgado, aumentar o esforço nas “zonas de avanço” e as possibilidades de intervenção em Tete e na Zambézia”.

    Foi com este quadro de análise, que se revelaria globalmente acertado, que Kaúlza de Arriaga decidiu fazer o esforço em Cabo Delgado com a Operação Nó Górdio.

    Os indícios da mudança do esforço da FRELIMO de Cabo Delgado para Tete

    Os serviços de informação militares e a PIDE souberam a 11 de Maio que se encontrava em Fort Johnson (Zâmbia) um grupo de 100 guerrilheiros da FRELIMO, vindos da Tanzânia, aguardando oportunidade de entrar na zona de Tete. A estes 100 guerrilheiros vindos da Tanzânia reuniram-se outros 110 recrutados na região.

    Souberam ainda que a intenção da FRELIMO era infiltrar este grupo pela área do chefe Albano. Estas notícias foram complementadas por uma outra que indicava que a FRELIMO estava a enviar fardamento e material da base de Nashingwea (Tanzânia) para a área de Cahora Bassa.

    No dia 18 de Maio um camião com material de guerra da FRELIMO foi interceptado por autoridades da Zâmbia. Este material destinava-se a Milange, no distrito da Zambézia.

    A 25 e a 27 de Maio o serviço de informações militares soube de fonte segura (A1) que se encontravam dois grupos de 20 guerrilheiros na base de Nashingwea (Tanzânia) prontos para partirem para Tete.

    As autoridades militares portuguesas sabiam ainda que se encontravam em Nashingwea 80 recrutas da zona de Tete a receberem instrução de especialização (quadros).

    Parecia clara a intenção da FRELIMO de transferir o seu esforço principal para Tete.

     

  • 18
      05/1970

    18/05/1970 - 

    Ataque de guerrilheiros do ELNA/FNLA na zona Norte de Angola (Sector de Luanda), entre Capulo e Ambriz, fazendo três militares portugueses prisioneiros.

    O ataque foi executado por um grupo de 40 elementos com metralhadoras, espingardas e pistolas-metralhadoras que emboscaram duas secções de Caçadores que seguiam de Capulo para Ambriz, causando seis mortos, três feridos e três prisioneiros e capturando cinco espingardas G3.

    Nunca se tinham registado acções neste itinerário e tão perto de Luanda. O ataque contou com a cumplicidade de trabalhadores das salinas de Capulo, que nesse dia não tinham comparecido ao trabalho. A 28 de Maio os três militares portugueses chegaram a Kinshasa, onde foram apresentados numa conferência de imprensa na sede do GRAE.

    Holden Roberto tinha dado orientações aos seus homens para tentarem capturar militares portugueses porque essa acção era um excelente modo de provar a capacidade operacional da FNLA.

  • 23
      05/1970

    23/05/1970 - 

    Ataque do PAIGC ao navio Alvor no rio Cacheu, com lança-granadas-foguete.

  • 23
      05/1970

    23/05/1970 - 

    Operação Broca contra o comando da FNLA no Norte de Angola, com o objectivo de destruir o comando operacional de Angola que o ELNA/FNLA tinha instalado na região de Zala – Vila Pimpa – Bico de Pato.

  • 25
      05/1970

    25/05/1970 - 

    Criação da 1ª Companhia de Comandos de Moçambique.

    Por despacho de 25 de Maio de 1970 foi criada a 1ª Companhia de Comandos de Moçambique. Esta nova unidade, constituída por militares voluntários de toda a Região Militar e de quadros (oficiais e sargentos) de Moçambique, foi instruída em Montepuez e passou a ter existência desde 13 Abril 1970.

    Foi integrada para todos os efeitos no Batalhão de Comandos de Moçambique.

  • 26
      05/1970

    26/05/1970 - 

    Juramento de bandeira da 1ª Companhia de Comandos Africanos, na Guiné.

    Cerimónia de juramento de bandeira em Bissau, na presença do comandante-chefe, general Spínola. O comandante da companhia era o capitão graduado comando João Bacar Jaló, um torre e espada, ex-alferes de milícia, de etnia fula, que viria a morrer em combate, mais tarde. O 2º comandante era o tenente Zacarias Saeigh, que seria mais tarde graduado também em capitão.

  • 27/5/1970
      a 30/5/1970

    27/5/1970 a 30/5/1970 - 

    Preparação da Operação Nó Górdio.

    De 27 a 31 de Maio foram efectuados reconhecimentos fotográficos com um avião Dakota C-47 às áreas prováveis de objectivos.

  • 29
      05/1970

    29/05/1970 - 

    Visita a Lisboa do secretário de Estado norte-americano William Rodgers.

  • 06
      1970

    06/1970 - 

    Carta de Kaúlza de Arriaga para Marcelo Caetano relatando as suas impressões sobre a população de Moçambique.

    “A população branca é aqui, normalmente, fria e indiferente relativamente aos problemas de defesa, em particular no Centro Este e no Sul” (Kaúlza de Arriaga, Guerra e Política, p. 167).

  • 06
      1970

    06/1970 - 

    Artigo publicado no “Jornal do Exército” sobre o mal-estar da instituição militar relativamente à indiferença da população portuguesa pelo que se passa nas colónias e na guerra.

    “Esse esquecimento, por vezes quase alheamento, do que por lá se passa é uma ofensa para todo aquele que, generosamente, está combatendo e sacrificando anos da sua vida para o bem comum. A indiferença generalizada pela tropa que vai e pela que regressa é, infelizmente, facto mais que comprovado para a quase totalidade das pessoas que ali não tenham parentes ou amigos…”.

  • 01
      06/1970

    01/06/1970 - 

    Acção da FNLA na zona de Toto, Angola, contra uma viatura civil, acção que marca o reinício da sua actividade na zona, depois de ano e meio sem incidentes.

  • 01
      06/1970

    01/06/1970 - 

    Início das operações Doninha, Rudeza e Rodovia no Norte de Moçambique, com o objectivo de assaltar e destruir as bases Limpopo e Beira, entre a fronteira norte (rio Rovuma) e o núcleo central.

    As bases Limpopo e Beira constituíam as primeiras grandes organizações militares da FRELIMO no interior de Moçambique para apoio da infiltração de guerrilheiros e de reabastecimentos vindos das bases de retaguarda na Tanzânia.

    Estas operações pretendiam cortar a linha de reabastecimento da FRELIMO às bases do núcleo central do planalto dos Macondes que seriam os objectivos principais da Operação Nó Górdio (bases Moçambique, Gungunhana e Nampula), que se iniciaria um mês depois (1 de Julho).

  • 05
      06/1970

    05/06/1970 - 

    O primeiro-ministro da África do Sul, John Vorster, visita Portugal.

    A visita de John Vorster a Portugal inseriu-se numa viagem à Europa para melhorar a imagem do regime do apartheid e realizar alguns negócios.

    No jantar oficial em Lisboa, Marcelo Caetano afirmou a propósito da cooperação dos dois países na barragem de Cabora Bassa: “É extraordinário como a realização dessa obra gigantesca destinada a valorizar tão profundamente a África meridional tem sido objecto de tamanha campanha de ódio e falsidade!

    O aproveitamento de Cabora Bassa permitirá a transformação das condições de vida em larga parcela do vale do Zambeze, tendo em primordial atenção os interesses da população nativa que não só não serão sacrificados como, pelo contrário, serão espantosamente beneficiados”.

    Os constrangimentos políticos e militares resultantes da guerra reduziram a zero a dimensão de desenvolvimento económico e social e Cahora Bassa passou a ser apenas um projecto de produção de energia barata para a África do Sul e Rodésia e uma barreira artificial contra a progressão da FRELIMO para Sul.

    Quanto ao apregoado desenvolvimento e ao apoio social das populações da região de Cahora Bassa, ele traduziu-se no emprego de 3000 trabalhadores africanos em condições difíceis e perigosas e na deportação de 25 000 a 42 000 habitantes, que foram retirados dos seus ancestrais locais de habitação e realojados em aldeamentos estratégicos, incluídos no plano de contra-subversão para os separar da contaminação da FRELIMO.

  • 06
      06/1970

    06/06/1970 - 

    Primeira directiva do comandante-chefe de Angola, general Costa Gomes, remodelando o sector Zaire.

  • 07
      06/1970

    07/06/1970 - 

    Anúncio da realização de consultas periódicas entre os governos de Portugal e dos EUA.

    O anúncio foi feito por Marcelo Caetano e Richard Nixon sobre a efectivação de consultas periódicas entre os dois governos e reflectia a nova atitude dos Estados Unidos quanto a Portugal e à política colonial do Governo português.

    Esta mudança de atitude tinha como pano de fundo a cedência “amigável” de facilidades de utilização da base das Lages, nos Açores, que era uma peça importante na estratégia da administração Nixon de apoio declarado a Israel, mas também de abertura política à China e à URSS.

  • 09
      06/1970

    09/06/1970 - 

    Prisão de 70 elementos de um núcleo de apoio à FRELIMO em Lourenço Marques.

    Na sequência de uma rusga foram apanhados documentos e grande quantidade de dinheiro que era angariado através da seita “Zione”, promovida por Aurélio Micas Langa.

    Nos documentos constavam planos de sabotagem à central eléctrica, Governo Geral, Rádio Marconi, entre outras.

    Deste núcleo faziam parte empregados de bancos, de grandes firmas da cidade e de organismos do Estado.

  • 10
      06/1970

    10/06/1970 - 

    Cerimónia do 10 de Junho em Lourenço Marques, com a participação de Forças Especiais.

    O 10 de Junho de 1970 foi uma cerimónia de grande aparato promovida por Kaúlza de Arriaga para apresentar as “novas” tropas com que contava para a Operação Nó Górdio que seria lançada no início de Julho.

    Para esta cerimónia, realizada na Praça Mouzinho de Albuquerque, foram mandadas vir dos seus quartéis do Norte a 1ª Companhia de Comandos formada em Moçambique, uma Companhia de Pára-quedistas, um Destacamento de Fuzileiros, unidades que tinham participado nas operações preparatórias da Nó Górdio, entre Mueda e Mocímboa da Praia e que ali regressariam, e também os primeiros Grupos Especiais, que ali estrearam o vistoso uniforme negro com boina amarela.

    Era uma tentativa de trazer o cheiro da guerra à população de Lourenço Marques e de Kaúlza se promover.

    A cerimónia teve ampla cobertura da comunicação social não só de Moçambique com ainda da Rodésia e da África do Sul.

  • 12
      06/1970

    12/06/1970 - 

    Conferência de imprensa de Samora Machel em Dar es Salam, na qual, referindo-se a Cahora Bassa, afirma que o impedimento da sua construção continuava a ser o principal objectivo militar da FRELIMO, só podendo obter-se pela força das armas.

    Sabe-se hoje que, após um primeiro momento em que a FRELIMO elegeu como alvo principal a luta contra a construção da barragem de Cahora Bassa, esse objectivo foi sendo alterado para um outro que consistia em causar as maiores dificuldades possíveis ao desenvolvimento do projecto e aproveitar essas acções para propaganda externa.

    A ameaça da FRELIMO de atacar o empreendimento foi, contudo, suficiente para obrigar as autoridades militares portuguesas a concentrarem na zona da barragem (Tete) um elevadíssimo potencial de combate, com os correspondentes custos, enquanto a FRELIMO ficava com o campo mais livre para realizar as suas acções de controlo das populações na península de Tete.

  • 13
      06/1970

    13/06/1970 - 

    Inaugurada uma base de submarinos na África do Sul.

    A base situava-se em Simonstown. O ministro da Defesa, P. Botha, anunciou também a aquisição de helicópteros para a Marinha.

    A África do Sul preparava-se para ser a grande potência militar regional. Politicamente também começava a dar sinais de mudança e de se estar a preparar para os novos tempos, aliviando as regras do apartheid.

    A 13 de Junho foi anunciada a nomeação do chefe Buthelesi, um partidário da integração racial, para primeiro-ministro da Zululândia, e foi autorizada a actuação do cantor negro Percy Slege para um público constituído por europeus.

  • 15
      06/1970

    15/06/1970 - 

    Publicação, pela revista alemã Der Spiegel, de fotografias sobre atrocidades cometidas em Moçambique pelas tropas portuguesas.

    O aparecimento de fotografias de operações militares resultava de uma falha de segurança que nunca foi corrigida e que tinha a ver com o processo de revelação dos diapositivos.

    Os rolos de fotografias de diapositivos eram vendidos com a revelação incluída e com uma embalagem de porte pago para envio ao laboratório de revelação, localizado na África do Sul, para a maioria das grandes marcas, Kodak e Agfa.

    Era frequente os “slides” com fotografias comprometedoras enviados para revelação não serem devolvidos aos remetentes, com a desculpa de que tinham ocorrido problemas na revelação e com o fornecimento de um rolo virgem.

    Algumas dessas fotografias acabaram por chegar aos jornais.

  • 16
      06/1970

    16/06/1970 - 

    Instalação do DFE 6 na Zona Militar de Tete (Sector F), Moçambique.

    Foi a primeira unidade de Fuzileiros a instalar-se na Zona de Tete, para reforço do dispositivo militar de defesa da barragem de Cahora Bassa. O DFE 6 instalou-se em Tete e mais tarde no Magué Velho, na margem do rio Zambeze, a montante do futuro local da barragem.

  • 18
      06/1970

    18/06/1970 - 

    Anúncio pelo Governo francês de que se manterá no consórcio construtor da barragem de Cahora Bassa, depois de declarações que davam como certa a retirada das empresas francesas.

  • 23
      06/1970

    23/06/1970 - 

    Explosão de uma bomba nos escritórios da FRELIMO em Dar es Salam.

    O engenho explosivo estava numa encomenda e causou ferimentos num funcionário.

    Nos dias anteriores tinha corrido o boato de que Samora Machel morrera junto à fronteira com Moçambique.

  • 23
      06/1970

    23/06/1970 - 

    Colóquio na Cooperativa de Estudos e Documentação com o título “Reflexões sobre uma experiência pessoal” dirigido pelo capitão Ernesto de Melo Antunes.

    Durante este colóquio foram abordados vários problemas ligados ao Exército e às Forças Armadas.

    Melo Antunes afirmou que “no regime fascista que nos governa os generais têm, através do Estado-Maior General, influência decisiva na solução dos problemas militares, concentrando em si, nos bastidores, grande parte do poder político, perante o qual o próprio chefe do Governo tem de se vergar”. Melo Antunes disse que a Guerra Colonial era uma guerra injusta e era, além disso, uma guerra perdida. Criticou severamente a tese do Governo de que a guerra do Ultramar era benéfica para a economia do país e afirmou que não era verdade o boato de que a maioria dos oficiais estivessem materialmente interessados em fazer a guerra.

    Melo Antunes exprimiu a opinião de que a solução da guerra só podia ser política – uma opinião partilhada pelos assistentes, entre os quais a DGS destacou Pedro Coelho e Fernando Oneto.

    Para Melo Antunes, a democratização das Forças Armadas só podia ser realizada com a queda do regime.

  • 27
      06/1970

    27/06/1970 - 

    Conferência Internacional de Apoio à Luta dos Povos das Colónias Portuguesas, em Roma.

    Esta reunião tinha sido convocada em Fevereiro pelos “Comités de Libertação” de Angola, Guiné e Moçambique e foi apoiada por organizações sindicais, católicas e políticas socialistas e comunistas da Europa. Teve como objectivo mobilizar a opinião pública mundial sobre a luta conduzida pelos povos das colónias portuguesas.

    Na sequência desta reunião os dirigentes dos movimentos, Amílcar Cabral, Agostinho Neto e Marcelino dos Santos, foram recebidos pelo Papa Paulo VI.

  • 01
      07/1970

    01/07/1970 - 

    Divulgação, pela Associação Socialista Portuguesa (ASP), da sua “Declaração de Princípios” na qual considerava necessário a abertura imediata de negociações para pôr fim às guerras coloniais.

  • 01
      07/1970

    01/07/1970 - 

    Visita a Lisboa do vice-presidente norte-americano Spiro Agnew, inserida na política de melhoria de relações entre os Estados Unidos e Portugal, apoiada pela administração Nixon.

  • 01
      07/1970

    01/07/1970 - 

    Recepção, pelo Papa Paulo VI, aos dirigentes dos movimentos de libertação das colónias portuguesas, Agostinho Neto, Amílcar Cabral e Marcelino dos Santos.

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