Abertura da frente leste de Angola, por parte do MPLA, com uma acção no Moxico.
No início de 1966, o MPLA transferiu parte dos seus combatentes e do material que tinha em Cabinda e no Congo-Brazzaville para a Zâmbia e daí para o interior de Angola. Em Março, o MPLA tinha unidades de guerrilha e dirigentes instalados na região do Moxico e declarou aberta a sua III Região Militar com o ataque a Lumbala numa acção comandada por Daniel Chipenda e na qual morreram sete militares portugueses.
As actividades alargar-se-iam depois ao Cuando-Cubango. Em Abril, um numeroso grupo de guerrilheiros, constituindo o Destacamento “Faúlha”, entrou no saliente do Cazombo, ao mesmo tempo que continuava o trabalho político junto dos Luenas. Além desta penetração no Cazombo, o MPLA iniciou também a implantação de bases para o seu dispositivo militar mais a sul, e em Outubro realizou acções na região de Ninda-Sete-Chiume para depois ultrapassar o rio Cuando e chegar a Mavinga, já no Cuando-Cubango.
Acções preparatórias para a rota Agostinho Neto
Em Novembro e Dezembro de 1966 deslocou efectivos para o Norte do saliente do Cazombo, de modo a controlar toda a região que penetra na Zâmbia, o que lhe facilitaria o apoio às suas futuras operações na rota Agostinho Neto, o eixo através do qual o MPLA pretendia ligar o Leste, a sua III Região Militar, ao Norte, a sua I Região Militar.
Na segunda quinzena de Dezembro, o comandante da III Região Militar do MPLA ordenou a entrada em Angola de todos os grupos estacionados na Zâmbia.
Celebração de um protocolo entre o Senegal e o PAIGC que estabelecia as modalidades de cooperação entre as respectivas autoridades.
Este protocolo pretendia resolver problemas de relacionamento entre elementos do PAIGC no Senegal com as populações e com elementos da FLING.
Em 20 de Março tinham ocorrido incidentes entre membros do PAIGC e da FLING, que causaram cinco mortos.
Havia também notícias de ligações entre membros do PAIGC e membros do Partido Africano da Independência do Senegal, que pretendia obter a independência do Casamança, o que preocupava Senghor.
Amílcar Cabral e Senghor pretendiam assim pacificar as relações, de modo a que o PAIGC continuasse a poder contar com apoio no território senegalês.
Incentivado por Franco Nogueira, que entendia ser conveniente melhorar as relações com os Estados Unidos, agora que a administração Johnson parecia mais tolerante para com a política colonial portuguesa do que fora a de Kennedy, Salazar fez uma investida junto dos média
americanos. Em Março deu uma entrevista ao New York Times que foi publicada a 24 e onde se concentrou em demonstrar as realizações económicas do seu regime: “Sem embargo de tudo isto, e apesar das insuficiências, atrasos, erros e limitações de que temos consciência, seria preciso total desconhecimento das realidades portuguesas para se negar a expansão, o progresso, a melhoria geral do nível da sociedade portuguesa, de toda a sociedade portuguesa, na Metrópole e no Ultramar, nos últimos trinta ou quarenta anos…”.
Salazar enumerou as suas realizações, referindo o equilíbrio das receitas públicas, a luta contra o analfabetismo (mentindo ao declarar que o analfabetismo era quase de 70% quando foi para o Governo, e que estava então quase anulado), o crescimento do produto nacional bruto que, a preços constantes, se tinha elevado 65% nos últimos dez nos, a expansão das editoras de livros e revistas e o crescimento da circulação de jornais. Disse também que a população metropolitana tinha aumentado de seis para cerca de 10 milhões, que no Ultramar se tinham erradicado as grandes doenças e que se tinha intensificado e ampliado a participação dos seus habitantes, “todos cidadãos de pleno direito”, na vida política e administrativa da Nação.
Terminava, concluindo: “Temos trabalhado muito, e numa época em que tanto se fala e tudo parece depender de subsídios e ajudas técnicas, podemos dizer que temos trabalhado sós. Não devemos o nosso progresso a subsídios gratuitos ou a favor especiais de qualquer país”.
Em Abril, Salazar continuou a sua acção de propaganda junto dos americanos e concedeu uma entrevista ao Chicago Tribune, onde mandava um recado directo ao presidente Johnson: “As dificuldades com o Governo (americano) vêm apenas deste, ante o facto de a Nação portuguesa ser constituída por parcelas dispersas em vários continentes, julgar ser-lhe lícito aplicar-nos o estatuto de aliados numa parte do território e o de inimigos noutra”.
We use cookies to personalise content and ads, to provide social media features and to analyse our traffic. We also share information about your use of our site with our social media, advertising and analytics partners. View more