1966 - Construir um bastião branco na África Austral

Os Acontecimentos

  • 18
      03/1966

    18/03/1966 - 

    Abertura da frente leste de Angola, por parte do MPLA, com uma acção no Moxico.

    No início de 1966, o MPLA transferiu parte dos seus combatentes e do material que tinha em Cabinda e no Congo-Brazzaville para a Zâmbia e daí para o interior de Angola. Em Março, o MPLA tinha unidades de guerrilha e dirigentes instalados na região do Moxico e declarou aberta a sua III Região Militar com o ataque a Lumbala numa acção comandada por Daniel Chipenda e na qual morreram sete militares portugueses.

    As actividades alargar-se-iam depois ao Cuando-Cubango. Em Abril, um numeroso grupo de guerrilheiros, constituindo o Destacamento “Faúlha”, entrou no saliente do Cazombo, ao mesmo tempo que continuava o trabalho político junto dos Luenas. Além desta penetração no Cazombo, o MPLA iniciou também a implantação de bases para o seu dispositivo militar mais a sul, e em Outubro realizou acções na região de Ninda-Sete-Chiume para depois ultrapassar o rio Cuando e chegar a Mavinga, já no Cuando-Cubango.

     

    Acções preparatórias para a rota Agostinho Neto

    Em Novembro e Dezembro de 1966 deslocou efectivos para o Norte do saliente do Cazombo, de modo a controlar toda a região que penetra na Zâmbia, o que lhe facilitaria o apoio às suas futuras operações na rota Agostinho Neto, o eixo através do qual o MPLA pretendia ligar o Leste, a sua III Região Militar, ao Norte, a sua I Região Militar.

    Na segunda quinzena de Dezembro, o comandante da III Região Militar do MPLA ordenou a entrada em Angola de todos os grupos estacionados na Zâmbia.

     

     

  • 21
      03/1966

    21/03/1966 - 

    Celebração de um protocolo entre o Senegal e o PAIGC que estabelecia as modalidades de cooperação entre as respectivas autoridades.

    Este protocolo pretendia resolver problemas de relacionamento entre elementos do PAIGC no Senegal com as populações e com elementos da FLING.

    Em 20 de Março tinham ocorrido incidentes entre membros do PAIGC e da FLING, que causaram cinco mortos.

    Havia também notícias de ligações entre membros do PAIGC e membros do Partido Africano da Independência do Senegal, que pretendia obter a independência do Casamança, o que preocupava Senghor.

    Amílcar Cabral e Senghor pretendiam assim pacificar as relações, de modo a que o PAIGC continuasse a poder contar com apoio no território senegalês.

  • 24
      03/1966

    24/03/1966 - 

    Entrevista de Salazar ao jornal New York Times.

    Incentivado por Franco Nogueira, que entendia ser conveniente melhorar as relações com os Estados Unidos, agora que a administração Johnson parecia mais tolerante para com a política colonial portuguesa do que fora a de Kennedy, Salazar fez uma investida junto dos média
    americanos. Em Março deu uma entrevista ao New York Times que foi publicada a 24 e onde se concentrou em demonstrar as realizações económicas do seu regime: “Sem embargo de tudo isto, e apesar das insuficiências, atrasos, erros e limitações de que temos consciência, seria preciso total desconhecimento das realidades portuguesas para se negar a expansão, o progresso, a melhoria geral do nível da sociedade portuguesa, de toda a sociedade portuguesa, na Metrópole e no Ultramar, nos últimos trinta ou quarenta anos…”.

    Salazar enumerou as suas realizações, referindo o equilíbrio das receitas públicas, a luta contra o analfabetismo (mentindo ao declarar que o analfabetismo era quase de 70% quando foi para o Governo, e que estava então quase anulado), o crescimento do produto nacional bruto que, a preços constantes, se tinha elevado 65% nos últimos dez nos, a expansão das editoras de livros e revistas e o crescimento da circulação de jornais. Disse também que a população metropolitana tinha aumentado de seis para cerca de 10 milhões, que no Ultramar se tinham erradicado as grandes doenças e que se tinha intensificado e ampliado a participação dos seus habitantes, “todos cidadãos de pleno direito”, na vida política e administrativa da Nação.

    Terminava, concluindo: “Temos trabalhado muito, e numa época em que tanto se fala e tudo parece depender de subsídios e ajudas técnicas, podemos dizer que temos trabalhado sós. Não devemos o nosso progresso a subsídios gratuitos ou a favor especiais de qualquer país”.

    Em Abril, Salazar continuou a sua acção de propaganda junto dos americanos e concedeu uma entrevista ao Chicago Tribune, onde mandava um recado directo ao presidente Johnson: “As dificuldades com o Governo (americano) vêm apenas deste, ante o facto de a Nação portuguesa ser constituída por parcelas dispersas em vários continentes, julgar ser-lhe lícito aplicar-nos o estatuto de aliados numa parte do território e o de inimigos noutra”.

  • 24
      03/1966

    24/03/1966 - 

    Desaparecimento de um avião DO 27 que seguia do Ambrizete para Negage com dois tripulantes e três passageiros, que não mais foram encontrados.

  • 04
      1966

    04/1966 - 

    Transporte das lanchas LDM 405 e 408 do Lumbo, no oceano Índico, para Meponda, no lago Niassa, Moçambique.

    Estas lanchas de desembarque médias (LDM) destinavam-se à Esquadrilha de Lanchas do Niassa, com base em Metangula.

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