Acções da PIDE nos países vizinhos
Em Novembro de 1966, uma equipa da PIDE comandada por Matos Rodrigues colocou cerca de 30 quilos de explosivos na sede da FRELIMO em Mtwara. Esta acção foi a primeira de uma série de acções da PIDE no sul da Tanzânia, onde se encontravam instalações da FRELIMO.
A PIDE realizou muitas acções nos países vizinhos, revelando uma notável capacidade técnica, pois nunca os seus elementos foram descobertos, mas essas acções revelavam acima de tudo a excelência dos contactos locais e das redes de informadores que a organização controlava.
Na Tanzânia
Além da equipa do inspector Matos Rodrigues uma outra espalhou minas na estrada entre Mtwara e Lindi. O chefe de brigada Casimiro Monteiro, o assassino do general Delgado e futuro assassino do presidente da FRELIMO Eduardo Mondlane, colocou bombas na baía de Mtwara. Mais tarde, foram colocadas minas na região de Quirambo que provocaram três mortos.
O porto de Mtwara era considerado um objectivo de alta prioridade, mas chegaram a ser realizadas acções na capital, em Dar es Sallam, com a destruição de material de guerra oriundo da China e destinado à FRELIMO.
E também no Malawi
A PIDE realizou numerosas acções desde 1966 no Malawi e no lago Niassa, umas para comprometer as autoridades locais, outras para atacar instalações da FRELIMO e assassinar elementos seus.
Acções de desestabilização
Actos de desestabilização, como o aliciamento e a corrupção de dirigentes em ruptura com as autoridades dos seus países, foram levados a efeito na Tanzânia, através de Óscar Kombona, um maconde que foi ministro do Governo de Nyerere; na Zâmbia, trazendo para Angola dissidentes do Partido Unido da Independência, o partido de Kaunda, para realizarem acções de sabotagem e de ataque ao MPLA; e também no Congo-Brazzaville e no Congo-Kinshasa.
Utilização de mercenários
A PIDE também esteve envolvida em operações com mercenários no Congo e no Catanga, tentando recolocar Tchombé no poder através da utilização de mercenários sul-africanos e rodesianos.
Operações das Forças Armadas fora das fronteiras
Não era só a PIDE que realizava operações e acções fora das fronteiras. As Forças Armadas também as faziam. A Marinha colaborava com a PIDE para colocar as suas brigadas nos portos e na costa dos países estrangeiros, forças especiais do Exército realizaram operações nas fronteiras entre Angola e a Zâmbia, entre a Zâmbia e Moçambique, entre Moçambique e a Tanzânia.
A Força Aérea bombardeou várias vezes objectivos junto às fronteiras e existem vários registos de queixas nas Nações Unidas contra essas incursões, de países como o Senegal, o Congo, a Zâmbia, a Tanzânia. Um avião T6 foi abatido sobre a Tanzânia e o corpo do piloto jamais foi recuperado, a Guiné-Conacri apresentou queixa contra a invasão de forças portuguesas envolvidas na Operação Mar Verde e uma operação de ataque aéreo à base de Nashingwea da FRELIMO, na Tanzânia, esteve completamente planeada e até já tinha nome de código: Diamante Azul. Seria lançada a partir de Mueda com a totalidade dos aviões Fiat G91 a bombardearem a base.
Operações defensivas
Todas estas operações tinham, contudo, um carácter eminentemente defensivo. Todas elas procuravam dizer aos governantes dos países vizinhos – não ultrapassem os limites, mas não faziam mais do que isso. Mesmo a Operação Mar Verde, que se destinava a mudar o regime de Sekou Touré, assassinar (ou prender) Amílcar Cabral e libertar os prisioneiros de guerra portugueses, era defensiva, pois as forças portuguesas não assumiam a sua responsabilidade, fazendo-a sob a ideia de que era uma acção de oposicionistas guineenses que não gostavam de Sekou Touré e gostavam dos portugueses.
A outra grande operação num território estrangeiro, a Ametista Real realizada no Senegal é uma operação de envolvimento para furar o cerco do PAIGC a Guidage e aliviar a pressão sobre esta base portuguesa.
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