Incidente ao largo da Beira entre uma fragata inglesa e um petroleiro francês durante o bloqueio de petróleo para a Rodésia.
Incidente com navios: o caso Artois
O bloqueio do porto da Beira por navios ingleses provocou alguns incidentes. A 19 de Dezembro a fragata HMS Minerva interceptou o petroleiro Artois, de bandeira francesa, que navegava para a Beira e não fazia parte da lista autorizada. Apesar da ordem para parar dada pelo comandante do navio inglês e do aviso que ia abrir fogo o petroleiro francês continuou a sua rota. A fragata inglesa já tinha disparado alguns tiros quando recebeu ordem para deixar passar o navio francês, já este se encontrava em águas territoriais de Moçambique.
A falta de meios da Marinha para cumprir as suas missões
Em 1967 a maioria dos navios que se encontravam em África pertenciam à geração dos navios adquiridos em segunda mão após a II Guerra Mundial, quer à Marinha britânica, quer à Marinha americana. As fragatas Nuno Tristão e Diogo Gomes eram navios ingleses da classe River, adquiridos em 1949, que ainda tinham participado na Batalha do Atlântico. As outras duas fragatas, a Álvares Cabral e a Pacheco Pereira, tinham sido adquiridas em 1959, pertenciam à classe Bay inglesa e foram construídas ainda nos últimos meses da II Guerra, assim como as duas novas fragatas da mesma classe Bay, a D. Francisco de Almeida e a Vasco da Gama, que tinham ficado no final da guerra a meio da construção e que tinham sido concluídas em 1949.
Eram estes o mais poderosos meios navais com que Portugal podia contar para afirmar a sua soberania nas águas de África e, neste caso, perante a Inglaterra. Para responder a esta debilidade foi desenvolvido nos últimos anos da década de 60 um programa de construção e de aquisição de navios de maior porte, as fragatas e as corvetas, em estaleiros nacionais e estrangeiros. Em França, foram construídas nos estaleiros de Nantes quatro fragatas idênticas às francesas da classe Commandant Rivière, as fragatas Comandante João Belo, Comandante Hermenegildo Capelo, Comandante Roberto Ivens e Comandante Sacadura Cabral, a primeira das quais entrou ao serviço em 1967 e a última em 1969, pelo que a substituição das velhas fragatas de origem inglesa só veio a ficar terminada em 1970.
Na Alemanha e em Espanha foram construídas seis corvetas, uma nova classe de navios, da classe João Coutinho. Estes navios foram resultado de um projecto português do contra-almirante Rogério de Oliveira, desenvolvido em seguida no estaleiro alemão Blohm & Voss. As corvetas tinham muito menos armamento do que
as fragatas da classe Comandante João Belo, em particular no que dizia respeito à artilharia principal e ao armamento anti-submarino, desnecessário na maioria das situações previsíveis de encontrar em África, com guarnições muito mais reduzidas. Eram uma solução muito mais económica para o controlo das águas das colónias portuguesas do que a que era obtida com o recurso às fragatas da classe Comandante João Belo. Os seis navios entraram ao serviço entre 1970 e 1971, já na fase final da Guerra Colonial.
Perante o relativo êxito das corvetas, foi decidida a construção de mais quatro corvetas da classe Baptista de Andrade, igualmente construídas em Espanha, com projecto baseado no das corvetas João Coutinho, mas muito mais armadas e sofisticadas. Estes navios entraram ao serviço a partir de 1973, pelo que tiveram uma
acção muito reduzida na Guerra Colonial, tendo no entanto participado nas tarefas da descolonização.
Sabotagem do Caminho-de-Ferro de Benguela por elementos da UNITA.
A sabotagem foi feita entre Munhango e Simoge e pretendia o descarrilamento do comboio num precipício existente a oeste de Silva Porto, numa zona atingida pela primeira vez.
Reunião do ministro da Defesa Nacional com os chefes de Estado-Maior dos três Ramos, a fim de tratar do problema do sargento Lobato, preso na Guiné-Conacri.
A reunião tinha sido convocada porque o embaixador de Portugal em Paris comunicara que, através de um intermediário de confiança, o Governo da Guiné informara que estava disposto a libertar o sargento Lobato “se este declarasse que se comprometia a não mais pegar em armas”. Ora, o interessado, “ao ser-lhe dado
conhecimento da proposta do Governo guineense, imediatamente declarou que se negava a tomar tal compromisso e que, muito pelo contrário, a primeira coisa que faria, se fosse libertado, seria pedir às autoridades que o mandassem o mais depressa possível continuar a combater o inimigo do seu país”. O que era necessário saber era se se devia autorizar ou não o sargento Lobato a tomar o compromisso pedido.
Coube ao chefe do Estado-Maior do Exército fazer o enquadramento da questão, apresentando uma síntese do que deveria ser a posição do Governo português. Em primeiro lugar, “a República da Guiné não está em guerra com Portugal – e não tem o mínimo direito de negociar sobre este assunto com o Governo português”; depois “poderia ter consequências graves entabularem-se negociações entre os dois Governos em matéria ligada à subversão na nossa Guiné – entre outras, reconhecimento de estados de beligerância e instituição de um poder medianeiro”; finalmente, “o Governo português não deverá ter outra preocupação que não seja a de ajudar o sargento Lobato a preservar a sua magnífica atitude. Fará evidentemente todos os esforços para o libertar, mas não o afligirá com uma autorização de não mais combater que pode provocar-lhe desilusão ou até ofendê-lo”. Ficou também assente que o sargento Lobato era credor de uma alta recompensa dessa mesma data, mas que o galardão a atribuir-lhe seria válido para todos os efeitos a partir de então, “embora permanecendo secreto até à oportunidade devida”.
O sargento Lobato, como os outros prisioneiros portugueses que estavam em Conacri, foi libertado em 1970, durante a Operação Mar Verde.
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