1967 - África para sempre: Cahora Bassa

1967

As lanchas na Guerra Colonial

A necessidade de construir lanchas de desembarque é uma consequência directa da criação das primeiras unidades de Fuzileiros em 1961. Tentada a aquisição de lanchas de desembarque em segunda mão, verificou-se rapidamente não ser possível obter embarcações em razoável estado de manutenção, pelo que depressa se pensou na construção em estaleiros nacionais.

Lancha de desembarque grande na Guiné, com a rampa descida. [Revista da Armada]

 

Embora as lanchas, em particular as de menores dimensões, fossem de construção relativamente simples, para ganhar precioso tempo foi seguido o caminho de adquirir os desenhos de lanchas utilizadas durante a II Guerra Mundial e desenvolver o seu projecto de execução em estaleiros nacionais. Foram construídos três subtipos de lanchas: as pequenas (LDP), as médias (LDM) e as grandes (LDG). Dentro destes grandes subtipos foram constituídas classes que se distinguiam por algumas das suas características ou até pelo tipo de utilização a que se destinavam, em particular as lanchas chamadas logísticas. Ao longo dos anos houve por vezes lanchas que mudaram de classe já depois de terem entrado ao serviço, chegando mesmo a ser criada uma classe que acabou por ser integrada noutra. Nas lanchas pequenas há a assinalar as classes LDP 100, LDP 200 e LDP 300. Nas lanchas médias criaram-se as classes LDM 100, LDM 200, LDM 300 e LDM 400. As lanchas que inicialmente constituíram a classe LDM 500 acabaram por serem integradas na classe LDM 300. Distribuídas pelas três colónias, foi sobretudo para a Guiné que foi enviada a maioria: 51 lanchas. Angola recebeu 15 e Moçambique sete, todas para o lago Niassa, ficando ainda algumas em Portugal para treino dos fuzileiros. As lanchas de desembarque grandes eram verdadeiros navios, embora as formas dos seus cascos, com fundo chato, não lhes concedessem as melhores características para as suas travessias oceânicas. Foram construídas em 1965 quatro da classe Alfange nos ENM, a que se seguiram outras duas em 1969 nos mesmos estaleiros. Com excepção da Cimitarra, enviada para Moçambique, as outras estiveram quer em Angola, quer na Guiné, por vezes em mais do que uma das colónias. As lanchas das classes LDM dispunham de uma metralhadora Oerlikon de 20mm à ré e as LDG, inicialmente artilhadas com duas metralhadoras também de 20mm, vieram numa segunda fase a ser modificadas com a instalação de duas peças Bofors de 40mm. No total foram construídas entre 1961 e 1976, as últimas das quais só ficaram prontas após a descolonização, 97 lanchas, das quais 26 LDP, 65 LDM e seis LDG. O número total de lanchas construídas para enfrentar as tarefas que surgiram com o desencadear da Guerra Colonial foi portanto de 153 unidades, o que pode ser considerado um esforço verdadeiramente excepcional quando se recorda que em cerca de 15 anos se passou de uma situação de verdadeira indigência para uma situação de relativa suficiência deste tipo de embarcações.

Lancha de desembarque no rio Cuito, em Angola.[ACM]

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