Savimbi deslocou-se a Estocolmo a convite do partido governamental sueco. Na conferência de imprensa manifestou a esperança de que os contactos havidos com a UPA e o MPLA conduzissem à unidade entre todos os partidos pela independência de Angola.
Início da Guerra dos Seis Dias entre Israel e os países árabes.
As acções militares deste conflito decorreram entre 5 e 10 de Junho e opuseram Israel a uma coligação árabe liderada pelo Egipto e que incluía países como a Jordânia, Síria, Iraque, Koweit, Arábia Saudita, Argélia e Sudão.
A Guerra dos Seis Dias surgiu no contexto das tensões derivadas da criação do Estado de Israel após a II Guerra Mundial. A relação entre Israel e os seus vizinhos
nunca foi pacífica e os conflitos israelo-árabes tiveram lugar logo a partir de 1948, tendo como principais causas disputas territoriais.
Na sequência de diversas ofensivas, com destaque para bombardeamentos sírios de povoações israelitas, Israel abateu, em inícios de 1967, diversos aviões inimigos e, em resposta, o Egipto mobilizou tropas para a fronteira, ameaçando desencadear nova invasão. Em Maio, fechou o acesso de Israel ao Mar Vermelho.
A aviação israelita, porém, numa operação relâmpago, eliminou a 5 de Junho a aviação egípcia, apanhada de surpresa no solo e, em três horas, a guerra ficou praticamente resolvida.
Com esta vitória categórica, Israel impôs-se aos seus vizinhos árabes, conquistando os Montes Golan à Síria e os territórios de Jerusalém Oriental e a Faixa Ocidental à Jordânia, que tinham apoiado o Egipto.
Açores, plataforma essencial para garantir a supremacia de Israel
A questão era, a partir de então, manter a supremacia israelita, e foi desta análise que saiu reforçado o papel da Base das Lajes, nos Açores, como ponto de apoio
decisivo entre os Estados Unidos e Israel.
Os Açores serão o tema central das conversações entre Portugal e os Estados Unidos, com Portugal a tentar ligar a sua política colonial à cedência de facilidades aos
americanos.
A importância dos Açores para o apoio dos Estados Unidos a Israel foi confirmada em 1973, durante a guerra do Yom Kippur, agora já com Kissinger como secretário de Estado de Nixon e Marcelo Caetano como primeiro-ministro de Portugal.
Desenvolvimento da actividade da UNITA no Leste de Angola.
A 6 de Junho guerrilheiros da UNITA atacaram uma serração em Luatamba a SE do Luso; a 9 realizaram uma emboscada a duas viaturas da Junta Autónoma das Estradas entre Lutembo e Gago Coutinho, causando um morto e três feridos; a 14 de Agosto um pequeno grupo atacou uma serração em Cavimbe, causando três mortos e um desaparecido; a 15 cortaram o Caminho-de-Ferro de Benguela entre Cachipoque e Gancumbe, causando dois mortos; em 11 de Outubro atacaram um
acampamento da Junta Autónoma das Estradas no itinerário Serpa Pinto-Silva Porto.
A actividade operacional da UNITA caracterizou-se pelo facto dos seus combatentes estarem mal armados e serem em número reduzido, por isso as acções da UNITA são maioritariamente dirigidas contra civis isolados, madeireiros e fazendeiros, contra o Caminho-de-Ferro de Benguela, são ainda frequentes os raptos de populações e de autoridades tradicionais. Raramente a UNITA realiza acções directas contra forças militares portuguesas. As acções dos primeiros anos caracterizaram o que seria o seu modo de fazer a guerra.
Actividade militar da UNITA
O ano de 1967 confirmou a entrada da UNITA na disputa militar em Angola. 1967 foi o ano em que o movimento de Jonas Savimbi se afirmou como a terceira componente do nacionalismo armado angolano e a UNITA passou a ser o único exemplo de sobrevivência entre os vários que surgiram nas três colónias dum movimento criado a partir de uma dissidência, o que a FLING, na Guiné, ou o COREMO, em Moçambique, nunca conseguiram. A UNITA iniciou a sua actividade militar a partir da Zâmbia, atingindo a região a sul de Henrique de Carvalho (Saurimo), que constituiu o limite norte da sua actividade.
As incursões da UNITA partiam das áreas de Buçaco e Cangumbe, região a oeste do Luso até ao Munhango, Léua e Luxia. A zona de influência da UNITA era definida
pelo rio Cassai-Buçaco-Luso-Cassange-rio Lungué Bungo, refugiando-se no nó hidrográfico a sul de Cuemba-Munhango-Cangumbe e serra do Mosango (posto de comando de Jonas Savimbi).
O recontro armado entre forças da UPA e do MPLA ocorreu na região de Songololo perto de Matadi, no Congo, e causou um morto e um ferido à UPA. O ferido era o
comandante da área de Kamuna.
Incidentes como este entre o MPLA e a UPA/FNLA foram relativamente vulgares ao longo de toda a guerra.
Despacho do ministro da Defesa Nacional acerca das designações a aplicar aos “prisioneiros”, a propósito do facto de a FNLA estar a designar os militares portugueses que tinha em seu poder como “prisioneiros de guerra”.
Segundo o ministro de Defesa Nacional as designações deveriam ser as seguintes:
“a. Terroristas caídos em poder das nossas Forças:
Acção – Captura
Situação – Sob prisão
Designação individual – Preso
b. Militares portugueses em poder de elementos terroristas:
Acção – Retenção
Situação – Situação de retido
Designação individual – Retido”.
O facto de o regime português não reconhecer que se travava uma guerra nas suas colónias e de não atribuir o estatuto de beligerantes aos movimentos de libertação
impedia que os militares portugueses tivessem a qualidade de prisioneiros de guerra, quando eram capturados. O mesmo se passava em relação aos guerrilheiros capturados, que normalmente eram entregues à PIDE/DGS.
Curiosamente, as determinações em vigor para o caso de um militar ser “retido” previam o seguinte:
“Quando interrogado, o militar português apenas deve fornecer os dados a que é obrigado pela Convenção de Genebra: nome completo, posto, número e data de nascimento”.
O primeiro militar português feito prisioneiro foi o primeiro sargento piloto António Lourenço de Sousa Lobato, cujo avião caiu na Guiné-Bissau e que foi considerado na situação de retido desde 22 de Maio de 1963.
Embora seja pouco conhecido o número de militares portugueses prisioneiros, é possível adiantar os seguintes números e locais de prisão:
Na Guiné-Conacri, até 1970:
Oficiais (alferes) – 1;
Sargentos – 2 (um sargento piloto da Força Aérea e um furriel miliciano do Exército);
Cabos – 4;
Soldados – 15;
Total: 22.
Estes militares estiveram presos nos quartéis de Alfa Yaya e de Kindia, devendo-se-lhes acrescentar um outro que foi colocado em Argel. Um soldado prisioneiro morreu em Conacri, tendo a sua morte sido comunicada directamente à família por Carlos Correia, membro do Bureau Político do PAIGC, juntamente com uma fotografia do funeral. Ao todo, entre os que as Forças Armadas Portuguesas consideraram desertores e retidos, foram capturados e estiveram presos na Guiné cerca de 45 militares portugueses, dos quais três eram oficiais.
Na República Popular do Congo (Brazzaville):
Sargentos – 1;
Soldados – 2;
Total – 3.
Na Tanzânia:
Cabos – 1;
Soldados – 3;
Total – 4;
Na Zâmbia:
Cabos – 1.
Alguns dos cerca de 80 militares portugueses aprisionados foram libertados antes do fim da guerra por acção da Cruz Vermelha Internacional. A maioria regressou a Portugal, mas alguns optaram por ficar em África ou por se instalar em países europeus de acolhimento, como a França. Quanto aos que estiveram presos na Guiné-Conacri, foram libertados da prisão de Kindia, em Novembro de 1970, durante a Operação Mar Verde.
Relativamente a estes, o Comando-Chefe da Guiné-Bissau emitiu, a 29 de Novembro de 1970, um comunicado nos seguintes termos:
«Conforme foi oportunamente divulgado, apresentaram-se ontem, em vários pontos da fronteira, os militares portugueses que se encontravam retidos pelo PAIGC na República da Guiné, e que conseguiram evadir-se aproveitando os incidentes políticos registados naquele país. É a seguinte a identidade dos militares regressados: (segue-se uma lista com 24 nomes)”.
De 1970 a 1974, estão referenciados mais sete militares portugueses aprisionados, que foram entregues pelo PAIGC em Setembro de 1974, num processo de troca de prisioneiros em que Portugal entregou 30 guerrilheiros ou simpatizantes do PAIGC que mantinha na prisão da ilha das Galinhas.
Além destes militares presos, existe um outro conjunto de desaparecidos dos quais nunca foi possível obter dados sobre o seu paradeiro. As acções que motivaram essa situação foram as mais variadas, desde o acidente por afogamento à queda de aeronaves e ao puro desaparecimento numa floresta durante o combate (em alguns casos, devido à destruição completa do corpo do militar, o que acontecia com minas de grande potência). Em grandes acidentes de travessia de cursos de água, como os de Madina do Boé e do Zambeze, ocorreram também desaparecimentos, mas não existe estatística destes casos.
Quanto aos guerrilheiros feitos prisioneiros pelas forças portuguesas, dado não serem reconhecidos como beligerantes, deviam ser legalmente tratados como criminosos de delito comum. De facto, não o eram e a eles nenhuma lei se aplicava – nenhum guerrilheiro foi sujeito a julgamento. Quando capturados eram considerados “fontes de informação” e interrogados primeiro pela unidade militar e, posteriormente, entregues à PIDE/DGS. O seu destino não obedecia a normas e não tinham quaisquer direitos específicos. Tanto podiam ser dados como “recuperados” e regressar aos seus povos, como desaparecer sem deixar rasto. Os guerrilheiros que ocupavam postos importantes eram normalmente sujeitos a uma forte pressão para se declararem como arrependidos e serem posteriormente utilizados em acções de propaganda. Os outros eram habitualmente forçados a servir de guia até às suas bases.
Podem considerar-se ainda os militares que foram feitos prisioneiros já depois do 25 de Abril, como os prisioneiros de Omar, guarnição do Norte de Moçambique ocupada pela FRELIMO em 1 de Agosto de 1974, tendo os militares portugueses permanecido na Tanzânia até à assinatura do Acordo de Lusaca.
Assinatura de um acordo entre Portugal e o Malawi para a extensão do caminho-de-ferro da linha Nacala-Nova Freixo para o Malawi.
O acordo foi assinado entre o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Franco Nogueira, e o presidente do Malawi, Hastings Banda. Em troca desta facilidade de acesso ao mar que Portugal concedia ao Malawi, este obrigava-se a impedir o trânsito de guerrilheiros da FRELIMO da zona do Niassa para Tete. A partir de 1967, a polícia malawiana passou a informar regularmente a embaixada portuguesa dos movimentos de guerrilheiros.
Na 51ª Conferência Internacional do Trabalho da OIT, a Comissão de Verificação de Poderes decide incluir Portugal na lista especial dos países que não respeitavam as Convenções da OIT.
Nova carta da Acção Democrática e Social ao presidente da República pedindo a cessação imediata da Guerra Colonial em África e a concessão da autonomia aos povos das colónias.
Félix Laporta foi o primeiro militar cubano a morrer em combate na Guiné. Morreu durante um ataque ao destacamento de Béli, no Leste.
Segundo Pedro Donia, embaixador de Cuba na Guiné-Bissau, durante toda a Guerra Colonial morreram 17 cubanos que lutaram ao lado do PAIGC contra as forças portuguesas.
Organização do apoio logístico do Exército para a abertura da Frente Leste.
Devido à evolução da situação operacional, a Região Militar de Angola foi obrigada a implantar um dispositivo logístico no Leste e o Estado-Maior do Exército emitiu
uma directiva apoiada na seguinte justificação:
“Atendendo a que o território do Leste de Angola é quase totalmente desprovido de vias de comunicação, que não possui infraestruturas aproveitáveis e que as condições de vida em muitas das suas áreas são dificílimas, ou praticamente impossíveis, verifica-se a enorme dificuldade da RMA para montar com os meios ao seu dispor um complexo logístico para apoio das tropas em operações”.
Para suprir estas dificuldades foram consideradas como mínimo indispensável as seguintes unidades de apoio de serviços para a abertura da Frente Leste:
Um Pelotão de Serviço de Material (PAD), em Gago Coutinho;
Um Pelotão de Intendência, em Gago Coutinho;
Um Destacamento Misto de Cirurgia e Reanimação, no Luso;
Três Equipas Cirúrgicas (Cazombo, Henrique de Carvalho e Gago Coutinho);
Relatório das Nações Unidas sobre as Forças Armadas da África do Sul.
De acordo com o relatório, as Forças Armadas da África do Sul eram constituídas por 17 mil homens e o potencial de recrutamento anual seria de 24 mil. Eram designadas South African Defense Force (SADF) e eram formadas exclusivamente por brancos.
Acordo entre a Zâmbia e a Tanzânia para a construção do caminho-de-ferro entre os dois países.
O ministro das Finanças da Zâmbia e o ministro das comunicações da Tanzânia aprovaram em Dar es Salam a construção de um caminho-de-ferro que desse acesso ao mar à Zâmbia sem necessitar de atravessar a Rodésia, Angola ou Moçambique. Os dois ministros recusaram-se a fazer qualquer comentário às propostas da China, que estava por detrás da proposta.
Início da Operação Roaz para transporte de lanchas da Marinha para o lago Niassa.
A operação destinou-se a transportar da costa do oceano Índico até Meponda, no lago Niassa, as lanchas de fiscalização Saturno e Urano e a lancha de desembarque média LDM 407.
A operação terminou a 11 de Agosto com o lançamento à água das lanchas em Meponda.
Início das emissões regulares, a partir da Guiné-Conacri, com três períodos diários de emissão, da Rádio Libertação, a Voz do Povo, como órgão do PAIGC.
Esta emissora teve um papel muito importante no desenrolar da guerra. Foi através dela que o PAIGC influenciou as populações da Guiné e também os militares portugueses. Os prisioneiros e os desertores portugueses falaram através dela com os seus camaradas que estavam nos quartéis. Estas emissões tinham também um impacto significativo junto das populações e das tropas de recrutamento local, e eram transmitidas em crioulo e noutras línguas locais, como o fula e o balanta.
Mercenários comandados por Schramme (cerca de 300) preparavam-se para atacar a cidade de Bukavu. Depois do ferimento de Bob Denard, Schramme era o mais graduado dos mercenários e estes 300 mercenários eram antigos gendarmes catangueses ao serviço de Tchombé. Estavam praticamente derrotados e a aventura dos mercenários no Catanga e no Congo prestes a findar.
A 28 de Julho estavam a ser perseguidos pelo Exército congolês apoiado por aviões F-86 Sabre da Força Aérea etíope e, a 30 de Julho, 1.800 mercenários defendiam-se na cidade de Albertville.
A 9 de Agosto os mercenários de Schramme apoderaram-se de Bukavu, de onde este fez exigências a Mobutu para garantir a segurança dos seus homens.
Reuniões entre delegações de Portugal e da África do Sul para a construção de Cahora Bassa.
As conversações entre Portugal e a África do Sul tinham-se iniciado em Março de 1967. Em Julho realizou-se uma segunda ronda de negociações para examinar o projecto hidroeléctrico e os meios pelos quais a energia produzida poderia ser posta à disposição da África do Sul.
A delegação portuguesa era composta por 12 elementos chefiados pelo embaixador Calvet de Magalhães, director-geral dos Assuntos Económicos do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Pedido da Anglo American Corporation, a mais importante companhia da África do Sul, com sede em Joanesburgo, para utilizar o aeroporto da Beira para escala dos seus aviões cargueiros Hércules que transportavam cobre da Zâmbia extraído do Copperbelt.
Este pedido vinha na sequência de conversações que envolveram o engenheiro Jorge Jardim. O cobre seria transportado do interior para a costa e os aviões regressariam com carga geral.
Este tipo de negócios e contactos entre a África do Sul, a Zâmbia e Moçambique, através do engenheiro Jardim, mantiveram-se até 1974 apesar do discurso oficial de ausência de contactos com a Zâmbia.
Mensagem de Amílcar Cabral na Rádio Libertação do PAIGC.
Amílcar Cabral referiu os progressos na luta de libertação oito anos após os acontecimentos de Pidgiguiti e anunciou os grandes progressos do trabalho político em Cabo Verde, onde o PAIGC esperava passar à fase da luta armada.
Combates na zona dos Dembos e do rio Dange entre o MPLA e a UPA.
O MPLA tentava ocupar os quartéis do ELNA na região e conseguiu controlar as centrais de Catete e de Pange. Estas centrais eram a base de ataques à estrada do café e permitiam perturbar a actividade económica de Angola.
Reunião de alto nível da OUA em Kinshasa, que decidiu criar uma comissão de peritos militares para auxílio aos movimentos de libertação e conceder o estatuto de observadores aos movimentos reconhecidos pela OUA.
Declaração do ministro dos Negócios Estrangeiros da Grã-Bretanha na ONU, confirmando que o Governo de Londres apoiava “persistentemente o princípio da autodeterminação em relação aos territórios portugueses”.
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