Segundo Franco Nogueira, a situação no seio do Governo durante o ano de 1968 seria a pior de sempre, incluindo a disposição das Forças Armadas.
A este propósito escreverá mais tarde o ministro dos Negócios Estrangeiros:
«De mais alarme se apresenta o ânimo de alguns círculos centrais das Forças Armadas. Mantém-se a desinteligência, mesmo atrito entre os ministros militares; e o facto tem reflexo nos oficiais que formam a roda de cada um. Criticam muitos o ministro da Defesa, Gomes de Araújo, pela conduta das operações em África: tudo obedece a uma “concepção de Estado-Maior” em Lisboa; a substituição frequente de unidades permite ao terrorismo grandes “abertas” entre rendições; os terroristas já aprenderam a defender-se de métodos que se repetem como rotina; e o ministro parece sem moral para enfrentar problemas de estratégia militar. Mas outros acusam o ministro do Exército, Luz Cunha: não tira da máquina do Exército todo o rendimento possível, não coordena com eficácia os planos administrativos e logísticos. E muitos na Armada consideram ultrapassado e exausto o ministro da Marinha, Quintanilha Dias, há dez anos no Governo. Por outro lado, os meios ligados a Belém mostram-se impacientes: nos termos constitucionais, e em princípio, o presidente da República é o comandante-chefe das Forças Armadas: mas o almirante Thomaz nunca é consultado, nem procurado pelo ministro da Defesa de modo a ter oportunidade de ao menos formular uma pergunta ou uma sugestão: e das críticas que por este facto emanam da Presidência da República muitos se fazem eco. E todo este quadro suscita mal-estar no interior do regime: há um sentimento de desagregação, de fim de época, de que os mais veteranos não alcançam memória, nem nos piores lances de 1945, nem na turbulência de 1958» (Franco Nogueira, Salazar, Vol. VI, p. 327).
Início da exploração de petróleo em Cabinda pela Gulf Oil.
Torna-se efectivo o contrato de associação entre a Petrangol, Angola e a Texaco Petróleos de Angola, cobrindo a concessão feita com data de 27 de Janeiro de 1966. A Gulf Oil começou a explorar e a comercializar petróleo angolano em 1968, produzindo 1,4 milhões de toneladas nesse primeiro ano. Em 1974, a produção foi de nove milhões de toneladas. Este foi um dos mais lucrativos negócios feitos pela Cabinda Gulf Oil (Cabgoc), uma subsidiária da Chevron.
Desentendimentos entre Amílcar Cabral e alguns dirigentes do PAIGC.
A PIDE referia nos seus relatórios desinteligências graves entre Amílcar Cabral e Malam Sanhá, Mamadu Djassi e Oto, que se tinham recolhido a Conacri. A acusação que faziam a Cabral era a do favorecimento aos cabo-verdianos, como de costume. Malam Sanhá será mais tarde envolvido no assassínio de Cabral.
Conferência de imprensa de Agostinho Neto em Brazzaville, comunicando que o movimento se preparava para transferir a sua sede para o território angolano.
Agostinho Neto, em conferência de imprensa realizada em Brazzaville, definiu como objectivo para a organização militar do MPLA a condução de uma guerra popular revolucionária de longa duração, generalizada a toda a extensão de Angola, envolvendo aldeias, que serão mobilizadas para o trabalho clandestino e tomadas na última fase da guerra.
A promessa de transferir a sede do movimento para o interior de Angola tinha por objectivo ganhar apoios no seio da OUA para obter o reconhecimento do MPLA como único representante do povo angolano, o que nunca se concretizou.
Memorando do chefe do Estado-Maior do Exército, general Câmara Pina, sobre a compra nos Estados Unidos de um emissor para Timor, que acabou por ser recusada pelas autoridades americanas.
Uma empresa portuguesa tinha encomendado nos EUA um emissor “destinado a assegurar as comunicações directas entre Timor e Lisboa”. A certa altura foi informada de que o emissor só poderia ser vendido se as autoridades portuguesas declarassem que ele se destinava a ser utilizado na área NATO. Como tal não ocorreu, o fornecimento foi cancelado.
As autoridades militares portuguesas, depois de esgotarem o seu poder de influência, procuraram esclarecer o assunto, através de um encontro entre o chefe do Estado-Maior do Exército e o almirante Miller, chefe do MAAG. Embora este, pessoalmente, não encontrasse razões para a atitude do seu país, acabou por informar que, de facto, a licença de exportação foi negada pelo State Department, e nada havia a fazer.
Reunião da Comissão Técnica do Estado-Maior do Exército em que são analisados o estado de espírito e de disciplina dos militares em serviço no Ultramar e alguns aspectos ligados ao rendimento operacional das forças terrestres.
Relativamente ao estado de espírito dos militares são referidas as seguintes causas: “Cansaço físico e psicológico dos quadros militares, provocado pela luta no Ultramar, com sucessivas mobilizações”, “situação financeira (insuficiência e disparidade de vencimentos)”, “falta de medidas de apoio e protecção aos militares e familiares”, e “incompreensão por parte de grande parte da população em relação à luta no Ultramar”.
Memorando do Estado-Maior do Exército para a gradual substituição dos obuses de artilharia de 8,8cm por 10,5cm, por já não se fabricarem sobressalentes nem munições para o material de 8,8cm.
A Artilharia
A artilharia do Exército existente em África era, de início, composta pelos materiais mais antiquados e de menor calibre, de difícil integração em forças NATO e para
a qual era cada vez mais problemática a obtenção de munições.
O material de artilharia tinha sido recebido durante a II Guerra Mundial, sobretudo como contrapartida da utilização dos Açores. Era principalmente constituído por obuses de 8,8cm e 14cm, peças de 11,4cm, peças antiaéreas de 4cm e 9,4cm. Os calibres eram essencialmente ingleses. Após a entrada de Portugal na NATO foi recebido material destinado à 3ª Divisão com os calibres americanos, depois adoptados pela NATO. Este material tinha restrições de emprego, pois não poderia ser
utilizado fora da área da NATO, o que impedia o seu emprego em África.
A solução para garantir apoio de artilharia às forças nos teatros africanos foi o aproveitamento dos materiais mais antigos até ao esgotamento das munições, e depois a sua substituição. Os primeiros obuses 10,5cm (modelos de 1941) foram testados operacionalmente em Angola em 1968. Na Guiné desde 1966 que eram utilizados obuses 8,8cm por pequenas unidades (nove pelotões a duas bocas de fogo cada) e a partir de 1968 a artilharia daquele território passou a dispor de meios mais modernos e mais potentes: 19 obuses de 10,5cm, correspondendo a três baterias, seis obuses de 14cm, correspondendo a uma bateria e seis peças de 11,4cm, correspondendo a uma bateria.
Estes últimos materiais, dado o seu alcance, já permitiam o apoio a vários aquartelamentos a partir de uma posição central, mas a falta de meios de aquisição de objectivos impedia uma contrabateria eficaz. As dificuldades apontadas para os morteiros eram semelhantes às da artilharia, se bem que na Guiné, dada a sua menor extensão e a quadrícula mais apertada das unidades, os problemas fossem menores.
Portugal fabricava munições 10,5cm, padrão NATO, desde os finais da década de 50. Quanto às munições 8,8cm, 11,4cm e 14cm tinham que ser adquiridas em países da Commonwelth, por o Reino Unido ter deixado de as fabricar. A África do Sul veio a ser o maior fornecedor de Portugal.
Ataque simultâneo do PAIGC à lancha de fiscalização Hydra e ao quartel de Cacine, no rio Cacheu, correspondendo a uma intensificação da actividade militar do PAIGC no Sul da Guiné.
Emboscada a uma coluna portuguesa na estrada Guileje-Gadamael-Porto (Guiné).
A coluna era escoltada por autometralhadoras Fox e a emboscada foi realizada por um grupo de 60 elementos e causou um morto e oito feridos à força portuguesa.
12ª Sessão do Comité de Libertação de África, da OUA, em Conacri.
Este comité tinha reunido anteriormente em Kampala (Uganda), tendo debatido o apoio à luta de libertação de Angola, Guiné e Moçambique e ainda a luta armada contra os regimes da África do Sul e da Rodésia.
O Governo português concede à Texaco Inc. o direito de prospectar, pesquisar, desenvolver e explorar jazidas de petróleo em Moçambique, situando-se a área da concessão na orla marítima do distrito de Cabo Delgado, entre a foz do Rovuma e o Norte da baía de Nacala.
A intensificação da guerra tornou as actividades da companhia muito difíceis, no entanto a Texaco insistiu na exploração, pedindo que lhe fossem garantidas as condições de segurança ou indicadas outras áreas onde pudesse fazer prospecção. O Ministério do Ultramar estava interessado em estabelecer um contrato e pressionou o Comando-chefe de Moçambique a indicar-lhe as zonas onde a companhia poderia exercer a sua actividade.
Ataque ao quartel de Nancatari (Sul de Mueda), Moçambique.
O ataque ao quartel da Companhia de Caçadores 1805 ocorreu às cinco da manhã, durou uma hora e causou um morto e três feridos graves. Nancatari situava-se na
estrada Montepuez-Mueda e garantia a segurança do trajecto mais difícil até ao planalto. Situava-se também na zona de influência da Base Sub-provincial 25, que controlava a região da planície do Sul de Mueda, onde se situavam as grandes “machambas” que alimentavam as populações da zona. Era, pois, um objectivo importante manter esta guarnição sob pressão de modo a não realizar operações no exterior do quartel.
Ataque à Base Limpopo pela 9ª Companhia de Comandos.
A Base Limpopo situava-se junto à fronteira com a Tanzânia e servia de apoio ao trânsito de guerrilheiros para o núcleo central do planalto dos macondes. Era ainda uma base logística importante, pois ali era reunido o material vindo da Tanzânia antes de ser distribuído.
Nesta operação os Comandos sofreram um morto (sargento) e um ferido grave (oficial).
Ataque ao posto avançado de Mitumba (Macomia – Moçambique).
Um grupo da FRELIMO atacou o posto de Mitumba, na zona de Macomia, a sul do rio Messalo, durante uma hora, causando três mortos e seis feridos, tendo sido levados uma metralhadora ligeira, uma espingarda G-3 e seis espingardas Mauser.
Em 1968 ainda existiam postos militares de efectivo de secção e de pelotão em zonas isoladas no Norte de Moçambique, que constituíam um objectivo rentável para os guerrilheiros.
Em 26 de Dezembro do ano anterior, na mesma região, tinha sido atacado o posto militar que vigiava a ponte sobre o rio Messalo, perto do Chai, que causou a morte de três militares incluindo o alferes comandante.
Em 1968 ocorreram vários ataques de guerrilheiros quer do PAIGC, na Guiné, quer da FRELIMO, em Moçambique, a postos isolados das forças portuguesas em que foram feitos prisioneiros militares e capturado material de guerra.
Estes factos ocorreram porque as unidades de guerrilheiros aumentaram a sua capacidade operacional, dispondo agora de melhor armamento, de melhor instrução e comando, enquanto os militares portugueses continuavam a ter postos com efectivos de pelotão (30 homens) ou mesmo de secção (12 homens) em locais isolados, empenhados em acções de rotina, quase se limitando à mera presença. Foi referenciado que o grupo atacante era comandado por um “europeu alto, de cabelo encaracolado e apresentando-se de tronco nu, falando português” que a PIDE admitiu tratar-se de um argelino de nome John, comandante do Grupo Moçambique.
Em Fevereiro este branco comandou o ataque de 60 guerrilheiros ao Posto Avançado 11 de Abeamuala, que causou dois mortos e sete feridos e durante o qual foram capturados uma metralhadora e dois rádios.
Transferência de um padre italiano acusado de apoiar a FRELIMO.
O padre Ernesto Cristofoletti foi transferido da Missão de Mocuba por ser acusado de fornecer livros, medicamentos e alimentos a membros da FRELIMO.
Este foi apenas um dos primeiros confrontos entre religiosos de várias igrejas com as autoridades de Moçambique a propósito do apoio que estas davam aos guerrilheiros e à luta anticolonial.
Operação Apoteose, com o objectivo de destruir a base Inhambane, da FRELIMO, no Norte de Moçambique.
Esta base situava-se a sul de Nambude, perto do rio Messalo, em Cabo Delgado, e tinha sido destruída no ano anterior por um destacamento de Fuzileiros.
Depois de um ataque das forças portuguesas era habitual os guerrilheiros voltarem a instalar as bases do seu dispositivo perto do local anterior, pois essas bases serviam principalmente como órgãos de comando de unidades de guerrilha e, principalmente, como pontos de controlo das populações da área.
Ataque ao quartel de Nancatari, em Cabo Delgado, Moçambique.
Nancatari tinha sido atacada a 13 de Janeiro. Neste novo ataque ao quartel a sul de Mueda os guerrilheiros da FRELIMO utilizaram canhões sem recuo, referenciados
pela primeira vez no norte de Moçambique, morteiros de 60mm, e metralhadoras pesadas de 12,7mm, durante uma hora, sem restrições de gastos de munições, causando desta vez três mortos e 15 feridos.
Os guerrilheiros ensaiaram a invasão ao quartel e só retiraram após a intervenção de dois aviões T-6 que descolaram de Mueda ainda com falta de visibilidade. Estes aviões foram também alvo de fogo dos guerrilheiros.
Ataque do PAIGC a Buba (Guiné), com a participação de oficial cubano.
Os guerrilheiros do PAIGC atacaram o aquartelamento de Buba (Sul), provocando sete feridos e grandes destruições. O ataque foi acompanhado pelo capitão cubano Peralta.
Na Guiné, o Batalhão de Caçadores Pára-quedistas 12 realiza as operações Ciclone II, Titão e a série de acções Júpiter no “corredor de Guileje”.
O comando militar português chefiado pelo general Schulz tentava com estas operações aliviar a pressão que o PAIGC vinha fazendo sobre as zonas do Quitafine, na fronteira sul com a Guiné-Conacri. Durante a Operação Ciclone II forças do BCP 12 causaram mais de 20 mortos entre os guerrilheiros. 12 mortos foram provocados pelo helicanhão em apoio próximo às forças em terra.
Helicanhão
O helicanhão da Força Aérea Portuguesa estava armado com um canhão de tiro rápido de 20mm, instalado na plataforma e disparando pela porta. Os rodesianos armavam os seus helicópteros com metralhadoras de 7,62mm. Em 1973 foram realizadas experiências para adaptação de um canhão longitudinal e de lança-foguetes,
que nunca chegaram à fase de emprego operacional.
O PAIGC faz três prisioneiros militares portugueses, em Bissássema, Sul da Guiné.
Bissássema de Cima, a sul de Bissau, na zona de Fulacunda, na margem esquerda do rio Corubal, tinha sido ocupada por forças de um batalhão de Artilharia durante a Operação Velha Guarda a 31 de Janeiro. Estas operações destinavam-se a reocupar a zona a sul de Bissau na margem direita do rio Geba cuja população estava praticamente sob controlo total do PAIGC. A 3 de Fevereiro, os guerrilheiros atacaram a posição com morteiros, lança-foguetes e armas automáticas, causando sete
desaparecidos entre os quais um oficial (alferes) e um furriel.
Os militares dispersaram perante o ataque, tendo os guerrilheiros capturado armamento, rádios, códigos de encriptamento de mensagens e fardamento.
Comemoração do Dia do Movimento do MPLA em Cabinda.
A comemoração foi feita com a realização de uma emboscada em Miconge, a primeira do último ano na região de Cabinda. Esta emboscada marcou o reinício da actividade do MPLA, que tinha estado inactivo durante o ano de 1967. A actividade do MPLA em Cabinda manteve-se constante até 1970, com progressiva melhoria
qualitativa da sua actividade operacional, que lhe permitiu atacar aquartelamentos militares, como foram os casos dos ataques ao quartel de Miconge-o-Velho em
Janeiro de 1970, durante meia hora, ao quartel de Sangamongo em Março e a emboscada próximo de Buco Zau em Julho do mesmo ano a forças empenhadas na Operação Mundo Novo.
Grande emboscada a uma unidade portuguesa em Cabo Delgado, Moçambique.
Um grupo de cerca de 300 elementos da FRELIMO emboscou um pelotão de uma companhia de caçadores na região de Mocímboa da Praia, causando sete mortos e quatro feridos.
Um numeroso grupo deguerrilheiros, com cerca de 300 elementos, atacou esta base eventual portuguesa com um canhão sem recuo, morteiros e lança-foguetes durante 45 minutos, causando três feridos entre os militares portugueses.
O último ataque tinha sido a 5 de Fevereiro. Esta região, em que as populações eram maioritariamente das etnias beafada e mandinga, situava-se no coração da Guiné e o PAIGC demonstrava uma apreciável capacidade de controlo das populações e de criação de estruturas políticas e administrativas.
Ataque do PAIGC ao aeroporto de Bissalanca, a 10 km de Bissau, comandado por André Gomes.
O ataque ocorreu a partir das 23h30 com morteiros, lança-foguetes e armas ligeiras contra instalações da Base Aérea 12, causando dois mortos e alguns feridos ligeiros.
Este ataque revelava a elevada capacidade de penetração do PAIGC para aproximar e infiltrar guerrilheiros no perímetro de defesa de Bissau e de retirar sem ser interceptado. A acção teve um forte impacto no moral das forças portuguesas e dos habitantes europeus, que deixaram de se sentir em segurança em Bissau.
Dias mais tarde, a PIDE prendeu em Bissau alguns militantes clandestinos do PAIGC que tinham dado apoio aos guerrilheiros.
Primeira Assembleia Regional das 1ª e 2ª Regiões Político-Militares do MPLA.
Esta assembleia reuniu em local que as autoridades portuguesas não descobriram, com a presença de mais de 70 delegados, e foi presidida por Agostinho Neto, que se referiu aos objectivos essenciais da luta, salientando a importância dos planos interno e externo. Aludiu ao apoio da OUA e dos países progressistas e do campo socialista.
No final foram tomadas as seguintes resoluções:
Generalizar a luta, criar novas regiões militares e consolidar as já existentes;
Instalar o poder popular e reestruturar o órgão executivo do MPLA;
Combater o tribalismo e o racismo;
Reactivar o trabalho e a organização política nas cidades, criando células clandestinas;
Intensificar a mobilização das populações de Cabinda;
Estudar a possibilidade de integração no movimento, na qualidade de membros simpatizantes, de indivíduos de raça branca, nascidos ou residentes em Angola, assim como estrangeiros casados com militantes do movimento. Mobilizar os militantes no sentido da compreensão e aceitação destas medidas;
Alargar o âmbito do MPLA a todos os jovens angolanos. Foram tomadas resoluções no aspecto militar de intensificação e mobilização das populações, na educação, na política externa, contra o tribalismo, sobre a economia mas, em resumo, as resoluções reflectiam o desejo dos dirigentes do MPLA de reorientarem os seus esforços para o interior de Angola, no combate ao domínio português através de acções de subversão e de guerrilha em todo o território, procurando adoptar uma estratégia de guerra prolongada.
Os cabindas e os brancos
Parece significativa a importância dada aos povos de Cabinda, no sentido de contrariar o sentimento autonómico daquela território e a referência à integração de brancos e estrangeiros no MPLA, ainda que apenas como simpatizantes.
A questão dos brancos no MPLA foi sempre complexa. Na I Conferência Nacional, realizada em 1961, o MPLA afirmou o seu apoio aos “movimentos de Oposição” constituídos por elementos brancos, dado que concorriam para objectivos comuns: a queda do regime de Salazar e a independência de Angola. Porém em mais de uma ocasião o MPLA evidenciou o desejo de manter afastados do “movimento” elementos europeus, embora uma parte dos seus dirigentes fossem descendentes de europeus, ou casados com europeias, como era o caso do próprio Agostinho Neto, casado com uma portuguesa.
Entrevista aos militares portugueses capturados em Bissássema.
A Rádio Libertação do PAIGC transmitiu a partir de Conacri uma entrevista com quatro prisioneiros portugueses capturados em Bissássema. Pertenciam à Companhia de Artilharia 1743, eram um alferes, um cabo e dois soldados. A entrevista limitou-se a perguntas sobre a identidade militar, circunstâncias em que foram capturados e sobre a situação em que se encontravam.
Militares ingleses passam a treinar o Exército e a Força Aérea da Zâmbia.
Ao abrigo de um acordo entre a Grã-Bretanha e a Zâmbia, cerca de 160 militares ingleses chegaram a Lusaca a fim de ministrarem treino a militares do Exército e da Força Aérea da Zâmbia. Após as independências, a Grã-Bretanha desenvolveu políticas de cooperação a todos os níveis com as suas antigas colónias, incluindo a cooperação militar.
Fim dos trabalhos da 10ª sessão do Conselho de Ministros da OUA.
Nesta reunião os ministros da OUA aprovaram uma resolução em que se comprometiam a só reconhecer, no futuro, os governos criados pelo próprio povo no interior do território. Esta resolução destinava-se a abrir o caminho para retirar o apoio da OUA ao GRAE e a concentrar esse apoio no MPLA, como a organização responsável pela luta em Angola.
Reacção de Holden Roberto à desqualificação do GRAE feita pela OUA.
Holden Roberto insurgiu-se contra a decisão da 10ª Sessão do Conselho de Ministros da OUA, realizada de 20 a 24 de Fevereiro, de reconhecer o MPLA em plano de igualdade com o GRAE. As declarações de Holden Roberto tentavam contrariar a evolução dos apoios ao MPLA que se verificava na OUA por influência dos países alinhados pela URSS.
Após uma fase inicial, em que a FNLA foi considerada como o “movimento mais representativo”, e que culminou com o reconhecimento do GRAE por numerosos países africanos, sob recomendação da OUA em Julho de 1963, era agora o MPLA o favorecido com esse reconhecimento e com a canalização dos principais apoios.
We use cookies to personalise content and ads, to provide social media features and to analyse our traffic. We also share information about your use of our site with our social media, advertising and analytics partners. View more