1966 - Construir um bastião branco na África Austral

A Marinha em Moçambique

O Comando da Defesa Marítima dos Portos do Lago Niassa

O nome era maior que a força naval portuguesa a navegar no lago Niassa, mas era assim que a Marinha designava o conjunto de Lanchas de Fiscalização Pequenas (LFP), de Lanchas de Desembarque Médias (LDM) e de Lanchas de Desembarque Pequenas (LDP) com base em Metangula, uma pequena povoação nas margens do Lago.

Estes meios navais tinham por missão impedir os movimentos de guerrilheiros da FRELIMO da Tanzânia para o Malawi, através do lago Niassa e controlar as actividades das forças navais da Tanzânia e do Malawi. Quanto à actividade da Marinha do Malawi, que recebeu os meios navais deixados pelos ingleses após a independência, o engenheiro Jorge Jardim tomou o assunto em mãos e conseguiu que ela fosse comandada por um oficial da reserva naval da Marinha portuguesa, ali destacado em comissão especial de serviço. Quanto à Tanzânia, nunca foram registados movimentos importantes nas águas territoriais portuguesas.

As lanchas de desembarque serviam para apoiar as operações das unidades do Exército estacionadas em Meponda, Metangula e Cobué e dos Destacamentos de Fuzileiros Especiais.

 

Lanchas no lago Niassa

Em 1964 foram colocadas no lago Niassa as primeiras embarcações da Marinha, a Lancha de Fiscalização Pequena (LFP) “Castor” e duas Lanchas de Dembarque Médias (LDM).

Seguiram-se, em 1966, as LFP Regulus, Marte e Mercúrio, mais duas LDM e uma LDP. Em 1967 chegaram as últimas unidade ao Lago Niassa – as LFP Saturno e Urano e mais uma LDM. As primeiras lanchas foram desembarcadas no porto do Lumbo, junto à Ilha de Moçambique, e as últimas no porto de Nacala. Depois de desembarcadas, seguiram por via férrea pela linha de Nampula até ao Catur, a última estação então existente na linha que devia chegar a Vila Cabral (Lichinga).

No Catur, a 500 quilómetros da costa, foram transferidas para “zorras” detransporte, fazendo o restante percurso numa zona de grande actividade operacional até Meponda, onde foram lançadas à água.

 

Uma lancha de desembarque a caminho do lago Niassa. [RA]
 

 

A Marinha em Moçambique 1964 -1971: prioridade ao Norte

O dispositivo da Marinha quando a guerra começou em Setembro de 1964 era o seguinte:

  • Comando Naval de Moçambique
  • Nove Comandos de Defesa Marítima de Portos.

 

Meios Navais no Índico:

  • Duas Fragatas: “Pacheco Pereira” e “Vasco da Gama”;
  • Três Lanchas de Fiscalização.

 

Meios no Lago Niassa:

  • LFP “Castor”.

 

Fuzileiros:

  • Um Destacamento de Fuzileiros Especiais (DFE);
  • Uma Companhia de Fuzileiros (CF).

A partir de 1964 até 1967 são reforçados os meios da Marinha.

 

Situação em 1971:

Constituído o Comando da Esquadrilha de Lanchas do Niassa:

  • Seis LFP (Castor, Regulus*, Marte, Mercúrio, Saturno e Vulcano);
  • Três LDP;
  • Quatro LDM;
    Lançamento à água de uma lancha no lago Niassa, em Meponda. [RA]

Fuzileiros:

  • Um DFE e uma CF;

*A LFP Regulus foi cedida à marinha do Malawi em 21 Março de 1969, com tripulação, recebendo o nome de Chibisa.

Porto Amélia (Pemba):

  • Em 1965 foi colocado um DFE em Porto Amélia;
  • Em 1967 foi também colocada em Moçambique a LDG Cimitarra, que teve a sua base em Porto Amélia para apoiar operações ao longo da costa entre a foz do Rovuma e a foz do Messalo.
  • Passaram a operar em Moçambique dois DFE, um no Niassa (Metangula) e outro em Cabo Delgado (Porto Amélia) e uma CF no Niassa.

 

Beira:

Em 1966, como consequência da declaração unilateral de independência da Rodésia, foi declarado o embargo àquele território e bloqueada a entrada de produtos a ele destinados pelo porto de Beira, o que levou Portugal a deslocar alguns meios navais para esta área.

Neste período estiveram em missão em Moçambique o aviso Bartolomeu Dias e as fragatas Pacheco Pereira, Álvares Cabral, D. Francisco de Almeida e Diogo Gomes.

 

Nampula:

Em 1969, com a instalação do Comando-Chefe das Forças Armadas em Nampula, a Marinha desdobrou o seu comando, criando ali o Comando Naval Avançado, o que significou a colocação de alguns elementos que constituíram o Comando das Forças de Marinha, na Zona de Intervenção Norte, junto do Quartel-General Avançado em Nampula para coordenar operações conjuntas, mas mantendo em Lourenço Marques o Comando Naval Recuado.

Até 1971 o dispositivo da Marinha não sofreu grandes alterações.

 

Niassa:

  • Cinco LFP, quatro LDM e três LDP

 

Índico (P. Amélia):

  • Duas LFP
  • Uma LDG

Neste ano chegaram a Moçambique a nova fragata Hermegildo Capelo e a corveta João Coutinho, à qual se juntará a Jacinto Cândido, navios estes especialmente concebidos para a guerra de África.

O número de Destacamentos de Fuzileiros Especiais variou entre dois e quatro.

Em 1974, a Marinha dispunha de um Comando Naval de Moçambique Avançado, em Nampula, um Comando Naval de Moçambique Recuado, em Lourenço Marques, 10 Comandos de Defesa Marítima de Portos, um Comando de Esquadrilha de
Lanchas, três corvetas, oito lanchas de fiscalização, uma lancha de desembarque grande, quatro lanchas de desembarque médias, três lanchas de desembarque pequenas e um navio de apoio logístico, o São Brás, e as seguintes forças de desembarque: Três Destacamentos de Fuzileiros Especiais e três Companhias de Fuzileiros.

 

Fragata Hermenegildo Capelo, em Mocímboa do Rovuma, Moçambique. [AMG]
 

 

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