Agravamento da situação militar na Zona de Intervenção Leste (ZIL) em Angola no ano de 1967.
A ZIL incluía os sectores de Henrique de Carvalho, do Luso, do Cazombo e de Gago Coutinho. Fazia fronteira a norte com o Congo (Leopoldville), a leste com a Zâmbia e a sul com a África do Sul/Namíbia.
A avaliação que os militares portugueses faziam no relatório periódico (Perintrep) de 9 de Setembro era a seguinte:
“Nesta zona, onde a actividade do inimigo em 1965 foi nula, asituação deteriorou-se com a entrada de cinco destacamentos do MPLA (cada um com cerca de 70 a
80 elementos bem instruídos, com bom armamento e bastantes munições) e ainda com a infiltração de elementos da UNITA (…) Em 1966 o número de acções de fogo foi de 86 e o número de baixas (mortos e feridos) foi de 151 (das nossas tropas e civis).
Durante o ano de 1967, até à data, o número de acções de fogo já excede os 150, sendo quase todas da iniciativa do inimigo e o número de baixas é superior a 200. Verifica-se, portanto, um crescente agravamento da situação da ZIL, onde o inimigo estende a sua acção a todo o distrito do Moxico, à faixa Sul do distrito da Lunda e às faixas Este e SE dos distrito do Cuando-Cubango…”.
Ameaça de comerciantes e agricultores de café do Norte de Angola de abandonarem a área depois da colheita.
Os comerciantes e agricultores da zona de Bolongongo, no Norte de Angola, ameaçaram as autoridades portuguesas de abandonarem a actividade se não lhes fosse
garantida a segurança.
Esta ameaça surgiu na sequência de uma flagelação feita por dois elementos armados que dispararam contra trabalhadores da Fazenda Cuílo, sem consequências, e que mais tarde atacaram uma viatura daquela fazenda, causando um ferido.
As autoridades portuguesas consideraram esta atitude dos comerciantes da região exagerada e inconveniente e uma forma de exercerem pressão para lhes ser dada protecção permanente, ou “carta branca para procederem a retaliações e outras atitudes” que aliás já tinham proposto publicamente.
O ministro da Defesa interessou-se pelo assunto e a resposta do Comando-Chefe de Angola foi informar que, após o ataque sofrido, a primeira reacção da população foi a de fazer justiça pelas próprias mãos e, de seguida, aproveitando-se da situação, os comerciantes pretenderam apoderar-se do café das lavras dos africanos para se pagarem das dívidas dos indivíduos fugidos para as matas.
“Semelhantes atitudes foram contrariadas pelas autoridades militares o que, como é óbvio, não agradou e provocou hostilidades”.
Proposta do Sudão para repatriar os mercenários do Catanga.
Durante a reunião da OUA o Sudão fez uma proposta para resolver o problema dos mercenários de Schramme de modo a permitir que abandonassem o Catanga. Deviam aceitar serem repatriados através de organizações internacionais.
Memorando do chefe de Estado-Maior do Exército, general Câmara Pina, às autoridades militares da África do Sul, enumerando os materiais mais críticos que poderiam materializar o auxílio a Portugal, com fundamento no facto de estar Portugal “indiscutivelmente” a “pôr um dique ao alastramento da subversão para a África do Sul”.
Este memorando insere-se numa série de encontros e visitas mútuas, que virão a tomar corpo institucional a partir de 1970, com a aprovação do “Exercício Alcora”. A partir de 1968, a África do Sul aumentou o seu empenho em Angola, em especial através de acções de apoio da sua Força Aérea, mas só depois de 1970 as reuniões de planeamento passaram a ter carácter regular. No memorando apontam-se já as necessidades de Portugal, que incluem granadas e minas diversas, viaturas blindadas, viaturas de transporte, postos de rádio e medicamentos.
A Gulf Oil americana anuncia a extracção de petróleo em Cabinda.
A Cabinda Gulf Oil Company anunciou o começo da produção de um campo petrolífero, no distrito de Cabinda, em Angola, em conferência de imprensa promovida
no Hotel Ritz. O início da extracção de petróleo pela multinacional americana era um novo factor a considerar na cena angolana. Os interesses da Gulf Oil não deixariam de influenciar os decisores políticos em Washington a favor da continuidade da abstenção americana nas resoluções da ONU contra Portugal e para a mudança de atitude face ao embargo de armamento.
Abate de um avião T-6, com morte do piloto, com utilização de metralhadoras antiaéreas, pela FRELIMO, na zona de Révia, Sector E.
O abate deste avião revelou uma assinalável capacidade de combate da FRELIMO, que operava já metralhadoras antiaéreas com elevada eficiência e cujas guarnições antiaéreas eram capazes de suportar o ataque de um avião armado e pilotado por um piloto experiente e treinado, como era o caso do tenente Malaquias.
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