Primeira aterragem na pista do Negage, em Angola, de dois aviões Auster, quando as terraplenagens ainda se encontravam em curso. Esta data passou a ser o dia da Unidade do Aeródromo Base 3 (AB3).
Chegada a Lisboa do paquete Santa Maria. Salazar aproveitou o regresso do navio para montar uma espectacular operação de propaganda, mas este caso acabou por ter consequências sérias nas relações luso-americanas e luso-brasileiras.
Assinatura do contrato para a construção da ponte sobre o Tejo, em Lisboa, com a United States Steel Export Company.
Apesar das más relações políticas do Governo de Salazar com os americanos, as relações económicas mantinham-se. A escolha de um consórcio americano é um claro sinal de boa vontade enviado por Salazar aos americanos. É uma opção política.
Técnica e economicamente tinham sido apresentadas outras soluções, nomeadamente pelo engenheiro Edgar Cardoso, um dos maiores especialistas mundiais em pontes.
Queixa do Gana contra Portugal na Organização Internacional do Trabalho (OIT).
O Gana apresentou uma queixa na OIT acusando o Governo português de não garantir a observância da convenção sobre a abolição do trabalho forçado.
A queixa e o carácter de urgência estavam em consonância com a queixa que viria a ser apresentada pela Libéria no dia 15 de Março, e na qual seria invocada a violação dos direitos humanos em Angola.
Era uma forma concertada de as nações afro-asiáticas manterem sob pressão Portugal e a sua política colonial.
Despacho do ministro da Defesa Nacional, general Júlio Botelho Moniz, sobre o relatório dos acontecimentos do Cassange, ocorridos nos meses anteriores.
É o seguinte o texto do despacho:
“Mais uma vez as forças militares restabeleceram a ordem, ou estão em vias de a restabelecer, por motivo de sublevação de populações indígenas excitadas por instigadores políticos e por razões de especulação condenável contra legítimos interesses que não são devidamente respeitados ou acautelados por comerciantes ou industriais e autoridades administrativas pouco escrupulosas.
Não é de admitir que tal situação possa voltar a dar-se embora repetidos avisos tenham sido oportunamente dados sem resultado apreciável. O clima actual não permite reincidência quando motivada por abusos ou arbitrariedades praticadas por prevaricadores que não podem ser mais poupados.
Estou certo que o Governo Central e o Governo Geral de Angola estão igualmente interessados em imporem um regime justo e humano que ponha, sem delongas, fim à comoção política-económica verificada na região algodoeira.
Se por razões idênticas as Forças Armadas tiverem de novo que intervir receio que possa ser bastante desagradável o que tenha de proceder-se”.
Encontro entre o ministro da Defesa, general Botelho Moniz, e o embaixador americano, Elbrick, que, segundo instruções do seu Governo, pressiona a alteração da política portuguesa em África, posição que o embaixador transmitiu a Salazar no dia seguinte.
Botelho Moniz e Elbrick encontraram-se durante três horas no maior segredo. O embaixador comunicou a Botelho Moniz ter recebido instruções do secretário de Estado, Dean Rusk, para pressionar Salazar a aceitar o princípio da autodeterminação em África.
Botelho Moniz era a face mais visível de um grupo de militares empenhados em provocar uma remodelação do Governo que dilatasse a sua base social, incluindo elementos não comunistas da Oposição e que defendia a autonomia ultramarina no quadro de uma relação de “tipo Commonwealth”, uma solução semelhante à que, 13 anos mais tarde, seria proposta por António de Spínola.
Informação dos Estados Unidos ao Ministério da Defesa sobre a decisão da UPA em provocar incidentes violentos em Angola na noite de 15 de Março, informação menosprezada pelo comando militar de Angola.
Início de uma rebelião dirigida pela UPA no Norte de Angola, contra os colonos portugueses e algumas populações negras, causando centenas de vítimas.
Não existem hoje dúvidas de que as acções foram cuidadosamente planeadas, pois ocorreram simultaneamente e de forma semelhante num significativo número de locais diferentes e na data em que a situação de Angola estava na ordem do dia nas Nações Unidas.
Também parecem hoje claros os objectivos políticos da UPA ao desencadear as acções no quadro de uma insurreição armada:
– Retomar a iniciativa da actividade insurrecional, que o MPLA lhe havia retirado ao assumir a responsabilidade das acções de 4 e 10 de Fevereiro contra as prisões de Luanda;
– Conquistar as populações negras, levando-as a ver que os brancos não eram invencíveis e atemorizando-as de modo a elas se afastarem do convívio com os portugueses.
Existiam assim razões internacionais e internas para a UPA ter desencadeado as acções violentas do 15 de Março. Mas não existia qualquer justificação para a barbárie em que elas se transformaram.
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