10/01/1968 -

Memorando do Estado-Maior do Exército para a gradual substituição dos obuses de artilharia de 8,8cm por 10,5cm, por já não se fabricarem sobressalentes nem munições para o material de 8,8cm.

A Artilharia

A artilharia do Exército existente em África era, de início, composta pelos materiais mais antiquados e de menor calibre, de difícil integração em forças NATO e para
a qual era cada vez mais problemática a obtenção de munições.

O material de artilharia tinha sido recebido durante a II Guerra Mundial, sobretudo como contrapartida da utilização dos Açores. Era principalmente constituído por obuses de 8,8cm e 14cm, peças de 11,4cm, peças antiaéreas de 4cm e 9,4cm. Os calibres eram essencialmente ingleses. Após a entrada de Portugal na NATO foi recebido material destinado à 3ª Divisão com os calibres americanos, depois adoptados pela NATO. Este material tinha restrições de emprego, pois não poderia ser
utilizado fora da área da NATO, o que impedia o seu emprego em África.

 

A solução para garantir apoio de artilharia às forças nos teatros africanos foi o aproveitamento dos materiais mais antigos até ao esgotamento das munições, e depois a sua substituição. Os primeiros obuses 10,5cm (modelos de 1941) foram testados operacionalmente em Angola em 1968. Na Guiné desde 1966 que eram utilizados obuses 8,8cm por pequenas unidades (nove pelotões a duas bocas de fogo cada) e a partir de 1968 a artilharia daquele território passou a dispor de meios mais modernos e mais potentes: 19 obuses de 10,5cm, correspondendo a três baterias, seis obuses de 14cm, correspondendo a uma bateria e seis peças de 11,4cm, correspondendo a uma bateria.

Estes últimos materiais, dado o seu alcance, já permitiam o apoio a vários aquartelamentos a partir de uma posição central, mas a falta de meios de aquisição de objectivos impedia uma contrabateria eficaz. As dificuldades apontadas para os morteiros eram semelhantes às da artilharia, se bem que na Guiné, dada a sua menor extensão e a quadrícula mais apertada das unidades, os problemas fossem menores.

Portugal fabricava munições 10,5cm, padrão NATO, desde os finais da década de 50. Quanto às munições 8,8cm, 11,4cm e 14cm tinham que ser adquiridas em países da Commonwelth, por o Reino Unido ter deixado de as fabricar. A África do Sul veio a ser o maior fornecedor de Portugal.