22/02/1968 a 26/02/1968 -

Primeira Assembleia Regional das 1ª e 2ª Regiões Político-Militares do MPLA.

Esta assembleia reuniu em local que as autoridades portuguesas não descobriram, com a presença de mais de 70 delegados, e foi presidida por Agostinho Neto, que se referiu aos objectivos essenciais da luta, salientando a importância dos planos interno e externo. Aludiu ao apoio da OUA e dos países progressistas e do campo socialista.

No final foram tomadas as seguintes resoluções:

  • Generalizar a luta, criar novas regiões militares e consolidar as já existentes;

  • Instalar o poder popular e reestruturar o órgão executivo do MPLA;

  • Combater o tribalismo e o racismo;

  • Reactivar o trabalho e a organização política nas cidades, criando células clandestinas;

  • Intensificar a mobilização das populações de Cabinda;

  • Estudar a possibilidade de integração no movimento, na qualidade de membros simpatizantes, de indivíduos de raça branca, nascidos ou residentes em Angola, assim como estrangeiros casados com militantes do movimento. Mobilizar os militantes no sentido da compreensão e aceitação destas medidas;

  • Alargar o âmbito do MPLA a todos os jovens angolanos. Foram tomadas resoluções no aspecto militar de intensificação e mobilização das populações, na educação, na política externa, contra o tribalismo, sobre a economia mas, em resumo, as resoluções reflectiam o desejo dos dirigentes do MPLA de reorientarem os seus esforços para o interior de Angola, no combate ao domínio português através de acções de subversão e de guerrilha em todo o território, procurando adoptar uma estratégia de guerra prolongada.

Os cabindas e os brancos

Parece significativa a importância dada aos povos de Cabinda, no sentido de contrariar o sentimento autonómico daquela território e a referência à integração de brancos e estrangeiros no MPLA, ainda que apenas como simpatizantes.

A questão dos brancos no MPLA foi sempre complexa. Na I Conferência Nacional, realizada em 1961, o MPLA afirmou o seu apoio aos “movimentos de Oposição” constituídos por elementos brancos, dado que concorriam para objectivos comuns: a queda do regime de Salazar e a independência de Angola. Porém em mais de uma ocasião o MPLA evidenciou o desejo de manter afastados do “movimento” elementos europeus, embora uma parte dos seus dirigentes fossem descendentes de europeus, ou casados com europeias, como era o caso do próprio Agostinho Neto, casado com uma portuguesa.