23/03/1968 -

Guerrilheiros do MPLA atacam cinco vezes o destacamento do Chiume.

Os ataques começaram pelas 20h30 e cada um teve a duração de cerca de 10 minutos.

Ainda na noite de 23 para 24, um grupo de 40 elementos do MPLA armados com espingardas automáticas esteve nos sobados de Mufupo e Nhalacundo, na região do
Lumege, tentando levar as populações a colaborar e ameaçando os sobas que não o fizessem. Este grupo seguiu depois na direcção de Buçaco.

A 24 foram raptadas mulheres na região de Lutembo e raptados os sobas de Chiriata e de Munhunda. Ainda a 24 um grupo emboscou um movimento logístico na estrada Lutembo-Luevei, causando dois feridos e na noite de 24 para 25 foram incendiadas cubatas no sobado de Sautar, a Sudoeste do Luso. Na noite de 25 para 26 de Março, os guerrilheiros levaram 400 pessoas do sobado de Cafamba, na região do Cuito Canavale.

A 26 foi cortado o aterro para a passagem do rio Melasi do itinerário Ninda-Chiume e a 27 os guerrilheiros do MPLA emboscaram um grupo de combate da PIDE/Flechas perto de Gago Coutinho. A partir de 27 de Março ocorreram as acções mais violentas até então vividas pelos militares portugueses no Leste de Angola e que chegaram ao combate corpo a corpo.

Às 14h30 do dia 27 um grupo de 10 elementos armados com espingardas automáticas e granadas de mão defensivas emboscou um grupo de combate que regressava de uma operação na zona de Lumege, causando um morto e um ferido. Uma hora depois outro grupo de guerrilheiros também com 10 elementos atacou o mesmo grupo de combate português, causando-lhe agora dois mortos e cinco feridos, tendo sofrido dois mortos. Pelas 21 horas, um grupo ainda de 10 elementos emboscou uma secção de militares portugueses na mesma zona, causando-lhe três mortos, entre os quais o alferes comandante e um sargento e sete feridos. Este grupo incendiou a viatura militar e chegou a travar luta corpo a corpo com os militares portugueses, sofrendo três mortos. Os analistas militares portugueses concluíram, pelo modo de actuação, que se tratava de elementos do MPLA. Era o início da ofensiva do MPLA no Leste.

No dia seguinte, 28 de Março, no decorrer da mesma acção, os guerrilheiros emboscaram forças portuguesas causando mais dois mortos, entre eles um alferes. A 29
emboscaram e detiveram um grupo de combate português, de novo na zona do Lumege, e com tal violência que foi necessário o apoio aéreo de T-6 para permitir a retirada das tropas portuguesas, depois de reunidos os dois grupos que estiveram envolvidos nos combates para o regresso ao Lumege com os seus mortos e com as populações que conseguiram controlar. Ainda a 28, grupos de guerrilheiros do MPLA atacaram o estacionamento de forças portuguesas no lago Dilolo e emboscaram um grupo de combate português no itinerário Sete-Ninda.