28/03/1968 -
«Operação Marte», uma característica operação dos Comandos em Moçambique (Niassa).
A Operação Marte foi um golpe de mão executado por uma companhia de Comandos (4ª Companhia de Comandos) à Base Provincial Gungunhana, no Niassa (Moçambique). Foi uma operação característica do modo de actuar das unidades de Comandos na zona do lago Niassa naquela época.
Numa operação anterior tinha sido feito prisioneiro o chefe distrital de reconhecimento (Serecos) com uma pasta de documentos. Os documentos e as declarações do prisioneiro permitiram referenciar a localização da Base Gungunhana e saber o dia em que o chefe provincial da FRELIMO, Sebastião Mabote, ali estaria para uma reunião com outros comandantes para discutirem as acções a realizar no Niassa.
Devido ao valor excepcional da informação, o comandante do Sector A das forças portuguesas em Moçambique decidiu realizar uma operação de assalto e atribuiu
essa missão à 4ª Companhia de Comandos – Os Gatos – apesar de quatro dos seus cinco oficiais estarem feridos ou convalescentes, incluindo o seu comandante, o
capitão Horácio Valente, que no entanto se apresentou para comandar os seus homens. A 4ª Companhia de Comandos recebeu o apoio do grupo de milícias do Niassa de Daniel Roxo.
Neste assalto foram mortos 22 guerrilheiros e capturada grande quantidade de material, entre o qual três metralhadoras antiaéreas, dois RPG-2 e trinta espingardas de vários tipos, o que revela o elevado grau de desenvolvimento da capacidade militar da FRELIMO no Niassa. No regresso dos comandos à sua base em Vila Cabral, a viatura onde seguia o capitão Horácio Valente, seu comandante, rebentou uma mina que lhe causou a morte.