Nomeação de Baltasar Rebelo de Sousa para o cargo de governador-geral de Moçambique, em substituição de Costa Almeida.
A nomeação de Baltasar Rebelo de Sousa para governador-geral de Moçambique foi uma das últimas decisões de Salazar para preencher um alto cargo ultramarino. A anterior tinha sido a nomeação de Spínola para governador e comandante-chefe da Guiné.
Baltasar Rebelo de Sousa era um homem do grupo de Marcelo Caetano. Parece hoje claro que Salazar preparava a sucessão para o antigo reitor da Universidade de Lisboa. Apesar de Salazar gozar ainda de grande autonomia de decisão, a nomeação de Baltasar Rebelo de Sousa deve ter merecido a concordância do presidente da República, Américo Tomás, e deve ter sido entendida por Franco Nogueira como um sinal de que não teria hipóteses de suceder a Salazar.
Em Moçambique, de 1968 a 1970, Baltasar Rebelo de Sousa representará uma nova atitude da administração colonial portuguesa, mais perto das preocupações sociais. Rebelo de Sousa deslocar-se-á pelo território, com o uniforme de governador, para realizar reuniões com administradores coloniais e promover as mudanças de comportamento relativamente aos “antigos e velhos bons tempos”.
Promove a aproximação com o Malawi de Hastings Banda e com a Suazilândia, mantém pontes de contacto com Jorge Jardim, sem se deixar subjugar, cultiva um bom relacionamento com o comandante-chefe da altura, o general Augusto dos Santos, e, por fim, opõe-se, sem êxito, à nomeação de Kaúlza de Arriaga para comandante-chefe e, tendo regressado a Lisboa em Fevereiro de 1970, já não acompanhou as grandes operações militares do general no Norte, como a Nó Górdio e a Operação Fronteira.
Baltasar Rebelo de Sousa será substituído por Arantes e Oliveira, em 1 Março de 1970.
Costa Almeida
O general de Força Aérea Costa Almeida acumulou os cargos de governador-geral e de comandante-chefe das Forças Armadas sem brilho, mas sem crises. A nomeação de Baltasar Rebelo de Sousa para governador-geral de Moçambique e do general António Augusto dos Santos para comandante-chefe reproduz em Moçambique a separação das funções político-administrativas das funções militares que existia em Angola.
Depois de alguns anos de hesitações, a separação das funções passou a ser a regra nos dois territórios.