12/1968 -

Organização da Artilharia do PAIGC.

Em Dezembro foi organizado em Kambera (Guiné-Conacri) um grupo de Artilharia comandado por Honório Chantre Fortes, tendo como adjunto Pedro de Verona Rodrigues Pires (Pedro Pires).

Este grupo era constituído por 93 elementos, divididos em dois grupos de canhão e dois grupos de morteiro, dispunha de três canhões sem recuo B-10 de 82mm, três canhões sem recuo 75mm M-56, seis morteiros médios 82mm e três morteiros pesados de 120mm M38 e M43.

Os dois grupos de morteiros foram comandados por Silvino Manuel da Luz e Olívio Pires e operaram alternadamente na parte oriental do Boé, nomeadamente na região de Buruntuma.

Existia ainda um grupo de apoio constituído por 25 homens cuja missão era proteger a retirada do material de artilharia.

Honório Fortes era um ex-alferes miliciano desertor de Angola e Pedro Pires um ex-alferes desertor da Força Aérea Portuguesa e um dos responsáveis pela base de Kambera.

A Artilharia dos movimentos de libertação

A organização da Artilharia dos movimentos de libertação seguiu de um modo geral a doutrina soviética de considerar como Artilharia todos os meios de apoio de fogo, individualizando como tal unidades de morteiros a partir do calibre de 82mm, unidades de canhões sem recuo, de foguetões e mísseis.

O PAIGC foi o movimento que dispôs da mais avançada organização da Artilharia e de maior potencial e dispunha de morteiros de 60mm, de 82mm e 120mm.

Metralhadoras pesadas 12,7mm, metralhadora antiaérea ZPU-4 de 14,5mm Vladimir, de canhões sem recuo de 75mm e 82mm, de peças antiaéreas de 37mm, de foguetões de 122mm e no final do míssil antiaéreo Strella.

Na organização geral da Artilharia, o grupo de morteiros correspondia a uma bateria dos exércitos ocidentais, com três pelotões cada um com duas armas (morteiros 82mm) ou dois pelotões cada um com três armas (morteiros de 120mm). O grupo de artilharia era constituído por um grupo de canhões, um grupo de morteiros e um grupo de metralhadoras.

O pelotão de antiaérea podia ser equipado com metralhadoras DShK 12,7mm ou 14,5mm Vladimir e peças de 37mm, com três armas.  Os grupos de foguetões de 122mm dispunham de três rampas e mais tarde apenas duas, cada uma com uma guarnição de seis a sete homens.

A atribuição das unidades de Artilharia variava de movimento para movimento. O PAIGC integrava os grupos de Artilharia e de morteiros nos seus corpos de exército, o MPLA tinha uma secção de Artilharia – com morteiros de 82mm ou canhão sem recuo no grupo de comando dos seus esquadrões e destacamentos. O ELNA/UPA dispôs de morteiros de 60mm e de 82mm, mas utilizava-os integrados nos seus grupos de guerrilheiros quando executavam acções sobre quartelamentos portugueses no Leste de Angola a partir de Kolwezi e de Dilolo.