06/03/1969 -

Início da Operação Vulcano, na região Sul da Guiné, Quitafine/Cassebache, em que forças pára-quedistas tentaram assaltar posições de Artilharia do PAIGC, demonstrando o PAIGC, pela primeira vez, capacidade para manter posições no terreno, numa defesa a todo o custo.

Nesta operação o PAIGC defendeu-se com uma metralhadora pesada antiaérea quádrupla 14,5mm e seis simples de 12,7mm, atingindo dois Fiats G-91 e uma DO-27.

Operação Vulcano – quando as coisas correm mal

A Operação Vulcano teve lugar na Guiné em Março de 1969 e o que seria uma operação típica de um ataque de Pára-quedistas a uma base de guerrilheiros, com o apoio da aviação, esteve à beira de se transformar num sério desaire.

O PAIGC, depois das primeiras acções contra os aviões portugueses realizadas com metralhadoras 12,7mm, deu um novo passo para contrariar a superioridade aérea portuguesa e, no Sul da Guiné, na fronteira com a Guiné-Conacri, foram referenciadas na zona de Cassebeche posições de armas antiaéreas ZPU-4 (quádruplas), de origem soviética.

O Comando-Chefe decidiu realizar uma operação para destruir essas armas e capturá-las. A operação iniciou-se com o bombardeamento aéreo realizado pelos sete aviões Fiat G-91 (R4) disponíveis no território, a que se seguiu uma tentativa de heliassalto com duas companhias de Pára-quedistas apoiadas por helicanhões, uma a
norte e outra a sul das posições do PAIGC.

Um Fiat acertou com uma bomba de 200kg numa ZPU e “acredita-se que tudo vai correr pelo melhor”. Os helicópteros AL III colocaram a vaga inicial de Pára-quedistas, mas logo depois do desembarque começaram a ser batidos pelo fogo e descobriu-se que continuavam activas três armas antiaéreas. Um Fiat e um DO-27 foram atingidos, mas conseguiram regressar à base, sendo decidido empregar a reserva de quarenta Pára-quedistas, que se viram envolvidos num incêndio provocado pelos disparos das armas. A companhia de Pára-quedistas encontrava-se a 500 metros da posição da ZPU, mas estava detida debaixo de fogo. Um outro avião foi atingido e o comandante da operação considerou “a situação preocupante”. Os páras não progrediam devido à reacção das forças do PAIGC, só existiam cinco aviões operacionais, não era possível empregar os helicópteros armados, que não tinham qualquer possibilidade de sobrevivência naquelas circunstâncias e, à medida que o dia avançava, mais difícil seria recuperar os Pára-quedistas. “Torna-se urgente tomar uma decisão perante a iminência do desastre”, escrevia o comandante da operação, e as hipóteses eram dar ordem para os páras se lançarem ao assalto às posições mais fortes, com elevados custos em baixas, mantê-los na área, obrigando-os a pernoitar, deixando-os à mercê dos ataques com morteiros e Artilharia durante a noite ou mandar retirar.

Foi esta última a opção tomada e a meio da tarde todas as forças portuguesas tinham abandonado o Quitafine.

 

 

Uma lição

Aquilo que poderia ter sido um grande “ronco”, um sucesso, falhara por falta de meios de bombardeamento capazes de eliminar as resistências antes do assalto, mas o PAIGC, que viu a maior parte das suas armas destruídas por estarem em posições fixas, aprendeu que para ter êxito na luta antiaérea necessitava de armas de emprego mais flexível, facilmente transportáveis e dissimuláveis. Essa arma seria o míssil terra-ar SAM7 (Strela), que surgirá em 1973 e desequilibrará a guerra na Guiné a favor do PAIGC.