16/03/1969 -

Lázaro Kavandame, o líder maconde, abandona a FRELIMO e entrega-se às autoridades portuguesas em Moçambique.

Kavandame entregou-se em Nangade, no Norte de Moçambique. Outros 14 macondes conseguiram também furtar-se ao controlo da FRELIMO e atravessar o rio Rovuma. A rendição do chefe maconde só foi, no entanto, anunciada em Porto Amélia, quartel-general do Sector B (Mueda/Cabo Delgado) no dia 3 de Abril.

Kavandame foi utilizado como um troféu político pelas autoridades civis portuguesas, nomeadamente pelo governador-geral, Baltazar Rebelo de Sousa.

Mas, tal como previram os dois mais altos comandantes militares portugueses em Moçambique, os efeitos das apresentações foram sobrestimados e não afectaram o desenvolvimento da actividade da guerrilha da FRELIMO.

O general Augusto dos Santos, comandante-chefe em Moçambique, que o foi ver a Porto Amélia, considerou que ele não se tinha apresentado, que tinha fugido das acusações que a FRELIMO lhe fazia de assassínio.

O general Costa Gomes, comandante-militar interino da Região Militar de Moçambique, que se recusou a ir falar com ele, considerou que Kavandame apenas queria benesses dos portugueses e não colaborar com eles. Pelo contrário, o governador-geral, Baltazar Rebelo de Sousa, considerou que a apresentação de Kavandame e de outros membros da FRELIMO “alterou substancialmente a situação existente, tornando o inimigo mais vulnerável em Cabo Delgado e susceptível a uma acção mais decisiva”.

Um mau estudo de situação conduziu à Operação Nó Górdio

A sucessão de acontecimentos na FRELIMO, com a morte de Mondlane, o assassínio de Samuel Cancomba, a defecção do dirigente Mateus Gwenguere, a ausência dos macondes do II Congresso, a actividade do COREMO, o movimento rival e, por fim, a apresentação de Kavandame e de outros dirigentes, levaram Baltazar Rebelo de Sousa a considerar que “valeria a pena efectuar um reforço das acções militares em Cabo Delgado”.

Com o fim das comissões militares dos experientes e prudentes Augusto dos Santos e de Costa Gomes, este entusiasmo atraiu Kaúlza de Arriaga, o novo comandante de Moçambique, para aproveitar esta oportunidade de obter uma vitória militar.