27/03/1969 -

Retirada das tropas portuguesas da posição de Gandembel, no Sul da Guiné.

No início de 1968, havia já uma zona a sul da Guiné, junto à fronteira com a Guiné de Sekou Touré, que estava de facto fora do controlo das forças portuguesas e que receberia a designação geral de “corredor de Guileje”.

O quartel de Gandembel foi implantado no ponto da estrada de Guileje para Aldeia Formosa onde esta mais se aproxima da fronteira, no eixo da faixa de terreno que era conhecida pelo corredor da morte, e que servia uma das principais vias de reabastecimento para os guerrilheiros do PAIGC no interior.

O objectivo do Estado-Maior do general Shultz ao instalar um posto militar fixo naquele ponto era impedir ou limitar as penetrações no território da Guiné. Gandembel seria assim e durante meses o alvo fácil dos ataques da Artilharia do PAIGC e da Guiné-Conacri, limitando-se os militares da guarnição da Companhia de Caçadores 2317 a tentar sobreviver, muitas vezes reforçados por unidades de Pára-quedistas que aí cumpriram missões de elevado sacrifício.

Spínola, com a sua ideia de manobra de trocar terreno por populações, deu por finda a missão de permanência dos militares portugueses junto à fronteira e de alvos para os seus ataques.

A 28 de Março de 1969 o quartel foi abandonado, deixando os últimos militares portugueses de pé apenas oito casernas-abrigo e uma série de minas antipessoais de protecção, envolvendo o arame farpado e um fortim junto ao rio Balana.

O envio de tropas para uma zona de grande importância logística para o PAIGC, que já tinha conseguido impedir a deslocação de colunas no troço da picada entre Aldeia Formosa e Guileje, mostrar-se-ia um fracasso rotundo para as forças portuguesas que aí sofreriam, em cerca de um ano, desde a data de instalação a 8 de Abril de 1968 à saída em 28 de Março de 1969, cerca de 20 mortos e meia centena de feridos entre os militares da guarnição e os de reforço, em operações e durante os ataques.

Em Guileje permanecerá uma outra unidade, que Spínola julgou poder manter e que seria abandonada pela guarnição em Maio de 1973.