05/07/1969 -

Carta aberta de Uria Simango (FRELIMO), Agostinho Neto (MPLA) e Amílcar Cabral (PAIGC) ao simpósio dos bispos africanos, reunido em Campala para a visita de Paulo VI.

O simpósio dos bispos africanos realizou-se em Campala e foi presidido pelo Papa Paulo VI. Os dirigentes dos três movimentos que combatiam o regime português acusavam a Igreja Católica Romana de apoiar explicitamente a guerra feita por Portugal nas suas colónias e condicionavam a atitude futura dos seus povos face à Igreja de acordo com a posição que esta tomasse.

A hierarquia da Igreja Católica de Moçambique, inicialmente convidada para participar, foi desconvidada, enquanto os bispos angolanos se apresentaram em Campala sem problemas. Era nítido o isolamento internacional da Igreja Católica de Moçambique.

Em nenhum outro território foi tão clara a divisão da Igreja e tão violento o confronto com as autoridades portuguesas. No centro do conflito esteve a diocese da Beira. O Governo Português recusou o sucessor do bispo D. Sebastião de Resende proposto pelo Vaticano. Este tivera problemas com as autoridades que lhe fecharam por várias vezes o jornal Diário de Moçambique que ele fundara e deixara atrás de si um rasto de contestação à guerra e de defesa das liberdades dos povos e da autonomia do território. A diocese ficou longo tempo sem bispo. Os padres brancos foram expulsos. Outros foram presos.