25/02/1970 -

Apreciação pouco optimista da situação feita pelo director da PIDE/DGS de Angola, São José Lopes, numa informação de 25 de Fevereiro, intitulada “Apreciação da situação político-subversiva em Angola e sugestão para um melhor aproveitamento das populações nativas na luta contra os terroristas”.

Nesta informação, São José Lopes começava por considerar que “a situação político-subversiva em Angola é grave e tudo indica que venha a piorar a curto prazo”.

Quanto ao MPLA, “a subversão vinda de Leste (3ª RM) tende a alastrar rapidamente em direcção à Lunda e Malange (4ª RM), aos distritos do Huambo e Bié (5ª RM), em direcção à Huíla e Moçâmedes (6ª RM)”; considerava ainda que, embora tendo grande dificuldade de reabastecimento em homens e material no Quanza-Norte, essa hipótese constituía séria ameaça para a cidade de Luanda. “A subversão na cidade de Luanda e arredores poder-se-á avaliar o que tem sido e o que continuará a ser pelo número e perigosidade das organizações clandestinas detectadas e desmanteladas, com a captura de centenas, num ano apenas, de elementos fortemente subversivos, incluindo estudantes universitários, alguns europeus e euro-africanos”.

Embora o inimigo principal fosse o MPLA, São José Lopes apresentava também um resumo do que se passava com os outros movimentos – UPA e UNITA.

“No Norte, na região dos Dembos, o ELNA (UPA) encontra-se bem estruturado e armado, sendo de esperar que venha a reactivar-se nos tempos mais próximos.” A UNITA estende-se por uma faixa que vai do Cuando-Cubango à Lunda, passando pelos distritos do Bié e Moxico e tende a progredir em direcção a Silva Porto.