05/06/1970 -

O primeiro-ministro da África do Sul, John Vorster, visita Portugal.

A visita de John Vorster a Portugal inseriu-se numa viagem à Europa para melhorar a imagem do regime do apartheid e realizar alguns negócios.

No jantar oficial em Lisboa, Marcelo Caetano afirmou a propósito da cooperação dos dois países na barragem de Cabora Bassa: “É extraordinário como a realização dessa obra gigantesca destinada a valorizar tão profundamente a África meridional tem sido objecto de tamanha campanha de ódio e falsidade!

O aproveitamento de Cabora Bassa permitirá a transformação das condições de vida em larga parcela do vale do Zambeze, tendo em primordial atenção os interesses da população nativa que não só não serão sacrificados como, pelo contrário, serão espantosamente beneficiados”.

Os constrangimentos políticos e militares resultantes da guerra reduziram a zero a dimensão de desenvolvimento económico e social e Cahora Bassa passou a ser apenas um projecto de produção de energia barata para a África do Sul e Rodésia e uma barreira artificial contra a progressão da FRELIMO para Sul.

Quanto ao apregoado desenvolvimento e ao apoio social das populações da região de Cahora Bassa, ele traduziu-se no emprego de 3000 trabalhadores africanos em condições difíceis e perigosas e na deportação de 25 000 a 42 000 habitantes, que foram retirados dos seus ancestrais locais de habitação e realojados em aldeamentos estratégicos, incluídos no plano de contra-subversão para os separar da contaminação da FRELIMO.