31/03/1971 -

Relatório Trimestral do Comando-Chefe das Forças Armadas da Guiné.

Situação

Neste relatório concluía-se: “A situação continua assim caminhando para novo e rápido agravamento face à crescente pressão militar do In, passível de suplantar a nossa capacidade de defesa das populações, o que irá criar-lhes um complexo de medo que as tornará de novo menos receptivas às nossas teses…”.

Sobre a actividade do PAIGC no primeiro trimestre de 1971

Segundo o relatório, o PAIGC deu pela primeira vez um inequívoco sinal de pretender, em 1971, pressionar a área de Guileje-Gadamael, no Sul, procurando manobrar segundo dois eixos convergentes a partir de Salancaur/Botche Sanza por Medjo e de Kandiafara, na Guiné-Conacri. Para atingir este objectivo, deslocou efectivos do Corpo de Exército (CE) da frente de Catió para reforçar os de Buba. Esboçava-se assim a tentativa do PAIGC de proceder ao corte de ligações terrestres
entre Gadamael e Guileje, o qual visava em especial pressionar este aquartelamento, que constituía uma ameaça a Kandiafara, o mais importante ponto de apoio logístico e para a manobra do PAIGC no Sul. A partir de 1971, Amílcar Cabral procurou estabelecer estruturas sociais do PAIGC em Tigili/Iador/Sara/Zona Oeste (Biambi), Catió e Quintafine, enquanto defendia as áreas libertadas envolventes da estrada Mansabá-Farim (Morés), visando manter abertos os corredores de infiltração para os ataques aos centros urbanos. O PAIGC inicia a partir desta alturaas acções contra Bissau e Bafatá, há muito anunciadas, num momento em que procede à desconcentração das unidades dos CE 199/A e 199/B, que se haviam deslocado para as áreas de Sano e Kumbamori (Senegal), dando por findo o esforço realizado na área de Barro-Bigene-Guidage. O CE 199/A regressou à área de Campada, enquanto o 199/B foi ocupar e reactivar a base de Hermancono, que voltou a constituir área fulcral na fronteira norte, praticamente abandonada desde Fevereiro de 1971. Como consequência desta nova ocupação, aumentou de forma considerável o trânsito pelo corredor do Lamel, que passou a ser o mais usado. Na ligação ao interior da Guiné, o PAIGC reabriu o corredor de Campada, que lhe permitiu ligar directamente as bases no Senegal ao “chão manjaco”, em virtude da manobra que o PAIGC pretendia desenvolver nessa área.