07/05/1971 -

Nomeação do general Augusto dos Santos para o cargo de chefe do Estado-Maior do Exército.

A nomeação de Augusto dos Santos para chefe de Estado-Maior do Exército foi o prémio dado pelo Governo pela forma disciplinada, competente e esforçada como cumpriu todas as determinações durante a sua longa permanência em Moçambique.

Augusto dos Santos esteve em Moçambique ininterruptamente de Maio de 1963 a Março de 1970, desempenhando vários cargos, foi 2º comandante da Região Militar, com o general Carrasco, um general com pouca sensibilidade para a guerra de contra-subversão, a quem Augusto dos Santos teve de temperar e emendar alguns erros, foi comandante-chefe adjunto, com Costa Almeida, o general da Força Aérea que substituiu Sarmento Rodrigues como governador e comandante-chefe principalmente porque nascera em Moçambique e que passou a Augusto dos Santos a efectiva responsabilidade da condução das operações, e foi, por fim, comandante-chefe, com a separação dos cargos de governador e de comandante, após a substituição de Costa Almeida por Arantes e Oliveira.

Augusto dos Santos tinha aceite o convite de Sá Viana Rebelo para continuar em Moçambique, mas viu-se substituído por Kaúlza de Arriaga, que se movimentava com à-vontade nos corredores da política. Augusto dos Santos ainda comunicou a Sá Viana a intenção de passar à reserva, mas o ministro advertiu-o de que essa decisão seria vista como uma  atitude política e o general recuou. Recebeu como prémio este cargo de chefe de Estado-Maior.

O regime utilizaria a sua disponibilidade para cumprir sem questionar, nomeando-o presidentedo Congresso dos Combatentes que se realizaria em 1973 e que deu origem a algumas das primeiras demonstrações do profundo mal-estar que se instalara nas Forças Armadas e no corte que ocorrera entre o regime e os seus militares de média patente.