12/1971 -

Distribuição, pelo Movimento Nacional Feminino (MNF) do disco “Natal 71”.

O mais célebre disco do MNF foi editado para o Natal de 1971 no âmbito da Operação Presença.

No LP de 1971, chamado “Natal de 71”, participaram Amália Rodrigues, Eusébio, Joaquim Agostinho, Maria de Lurdes Modesto, Florbela Queirós, Armando Cortez, Francisco Nicholson, Paulo Machado, o inspector Artur Varatojo, os Parodiantes de Lisboa, Hermínia Silva, Elsa Gomes, entre outros artistas e figuras conhecidas. O LP teve uma tiragem de 300 000 exemplares.

O apoio moral

O início da guerra apanhou as Forças Armadas Portuguesas sem quaisquer meios, mesmo que rudimentares, para apoio aos militares. Não existia legislação para regular casos de morte e ferimentos em combate, nem para as situações  de campanha, nem para o apoio às  famílias dos mobilizados.

O Movimento Nacional Feminino e a secção feminina da Cruz Vermelha Portuguesa procuraram suprir essas falhas, desempenhando ainda um papel importante como mobilizadoras ideológicas da sociedade e das mulheres em particular.

O MNF foi presidido por Cecília Supico Pinto, mulher de Luís Supico Pinto, antigo membro do Governo de Salazar, seu conselheiro, presidente da Câmara Corporativa e administrador de grandes empresas com interesses em África, como a Sagal.

A secção feminina da Cruz Vermelha era presidida por Amélia Pitta e Cunha, mulher de Paulo Cunha, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros.

Embora as duas organizações tivessem objectivos comuns de apoio aos militares, pouco a pouco foram-se separando, ocupando-se de áreas assistenciais diferentes.

O MNF, presidido pela exuberante Cecília Supico Pinto, passou a dedicar-se ao apoio moral e social dos militares e das suas famílias, muitas vezes através de acções de cariz popular.

Entre as acções mais conhecidas do MNF estão o lançamento dos aerogramas, que constituíram o meio mais difundido de comunicação dos militares em África e as suas famílias, a organização de visitas de caravanas artísticas para espectáculos junto dos militares nos teatros de operações, a organização de um “serviço de madrinhas de guerra”, mulheres que se correspondiam com os militares para minorar a solidão, o envio de lembranças, constituídas por tabaco, discos, bolas de futebol, uma actividade que mobilizava as cerca de 80 000 mulheres que chegaram a colaborar com o MNF e que atingia o seu ponto mais alto com a realização do “Natal do Soldado”.

A Cruz Vermelha Feminina, dirigida pela discreta Amélia Pitta e Cunha, dedicou-se principalmente aos militares feridos e estropiados, numa acção menos “folclórica” que a do MNF, mas mais consistente, para os quais não existiam nem sistemas de recuperação nem legislação aplicável.

A acção da Cruz Vermelha Feminina teve importância na publicação de leis relativas à situação de feridos em combate, na revisão das pensões de preço de sangue e de deficiência, que eram ainda reguladas pelas normas da Grande Guerra.

Deve-se à Cruz Vermelha a criação do Lar Militar da Cruz Vermelha, destinado a grandes deficientes, o serviço de recuperação instalado no Hospital da Parede e, mais tarde, o do Alcoitão.

Também o acordo celebrado entre Portugal e a Alemanha ao abrigo das facilidades de utilização da Base Aérea de Beja para tratamento de militares no hospital de Hamburgo teve a participação da Cruz Vermelha.