20/12/1971 -

Operação Safira Solitária realizada por duas companhias de Comandos Africanos na zona do Morés, Guiné, com vários contactos com forças do PAIGC, para reocupação de algumas posições pelas tropas portuguesas.

A região do Morés situava-se entre Mansoa e Mansabá e era uma zona libertada pelo PAIGC. A este propósito, o Comando-Chefe emitiu um comunicado especial:

“Numa das mais importantes operações militares realizadas no teatro de operações da Guiné, as forças guerrilheiras acabam de sofrer um expressivo revés. Desde Outubro, final da “época da chuvas”, que o Comando, através dos seus órgãos de pesquisa, vinha acompanhando os movimentos de infiltração do inimigo nas florestas da área do Morés, situada no norte da Província, tendo lançado algumas operações de diversão com vista a criar no inimigo uma falsa sensação de segurança que o levasse a continuar a concentrar meios na referida área, o que efectivamente se verificou. A crescente adesão das populações à causa nacional permitiu que através de informações seguras e detalhadas, colhidas no seio do próprio dispositivo inimigo, se localizassem exactamente as posições inimigas e se completasse o conhecimento do esquema da sua denominada “Ofensiva do Natal” e definida nos seguintes termos constantes em documentos apreendidos: Oposição a todo o custo ao asfaltamento das estradas Mansoa-Bissorã e Bula-Bissorã-Olossato; desencadeamento dum conjunto de acções ofensivas na quadra do Fim de Ano sobre as povoações mais importantes da área, nomeadamente Bissorã, Mansoa, Olossato, Mansabá e sobre todos os novos aldeamentos.

De posse de todos os elementos foi planeado, no maior sigilo, uma grande operação visando envolver, cercar e aniquilar as forças de guerrilha concentradas na referida área fulcral do Morés.

Montada a operação, denominada “Safira Solitária”, foi esta levada a efeito por unidades da força africana e teve início ao alvorecer do dia 20 prolongando-se até à tarde do dia 26 tendo as nossas forças sido guiadas na floresta por elementos das populações da área pertencentes à nossa rede de informações que conhecia a localização precisa das posições inimigas. Apesar de colhido de surpresa, o inimigo estimado em seis bi-grupos, dois grupos armados de armas pesadas instaladas em posições fortificadas e cerca de 333 elementos armados da milícia popular, opôs durante os três primeiros dias tenaz resistência, acabando todavia por ser desarticulado e aniquilado, tendo sofrido 215 mortos confirmados, entre os quais três cubanos e alguns mercenários estrangeiros africanos, 28 capturados, além de apreciável número de feridos.

Segundo declarações dos capturados, encontravam-se na área pelo menos mais quatro elementos cubanos. Verificou-se que o inimigo estava implantando no Morés um sistema de fortificação de campanha do qual se destacavam espaldões para armas pesadas e abrigos subterrâneos para pessoal.

Os grupos de guerrilha, pela resistência que ofereceram, revelaram uma sensível melhoria de enquadramento e uma técnica mais avançada de guerra de posição.

No decurso da operação foi capturado o seguinte material: um canhão sem recuo B-10, dois morteiros de 82mm, dois morteiros de 60mm, três metralhadoras pesadas Goryonov, sete lança-granadas RPG-7, 14 espingardas automáticas Kalashnikov, 38 espingardas semi-automáticas Simonov, oito espingardas Mosin Nagant, 14 pistolas metralhadoras PPSH, além de avultado número de armas de repetição, de cunhetes de munições, fitas e carregadores, destruídos no local por desnecessários. As nossas forças sofreram oito mortos, 12 feridos graves e 41 feridos ligeiros”.