09/01/1972 -

Prisão do padre Teles Sampaio na Beira.

A 9 de Janeiro, quando se realizava a cerimónia de promessa de alguns “lobitos” do Corpo Nacional de Escutas na igreja do Macúti, o coadjutor da paróquia e o chefe do Agrupamento de Escuteiros, um afilhado de Jorge Jardim, entraram em litígio sobre a presença, ou não, da bandeira nacional durante a referida cerimónia.

Ultrapassada a situação, a bandeira acabou por estar presente durante a celebração. No fim da mesma, um inspector da DGS de imediato interrogou os padres e alguns escuteiros sobre os acontecimentos. Também acorreram ao local um jornalista e três oficiais do Exército não uniformizados.

No dia seguinte, surgiu no Notícias da Beira, um jornal que pertencia a Jorge Jardim depois de ter sido da diocese da Beira, um artigo intitulado “Crime contra a harmonia racial — Padres Sampaio e Fernando, nós denunciamos”, acompanhado de cinco fotografias com a legenda “Foi este o homem que impediu a entrada da Bandeira Nacional na Igreja do Macúti”.

A 14, os padres são presos e julgados um ano depois. O acórdão do 1º Tribunal Militar Territorial de Moçambique, datado de 26 de Janeiro de 1973, que concede a liberdade aos padres, pode ser considerado um modelo de isenção do poder judicial face ao poder político.