18/01/1972 -

Repercussões em Angola das greves que ocorreram no Sudoeste Africano, criando agitação junto à fronteira com a Namíbia.

A 19 de Janeiro reuniram-se entre os marcos fronteiriços 21 e 26 cerca de 250 ovambos que atacaram uma patrulha da polícia com catanas, facas e cacetes e agrediram três agentes. No dia seguinte, cerca de 250 cuanhamas reuniram-se e pediram a abolição do imposto mínimo. De 19 para 20 foram destruídos mais de dez quilómetros de vedação da fronteira e incendiados equipamentos dos Serviços de Veterinária. A 20 de Janeiro realizou-se uma reunião com mais de 2000 pessoas em Unongue/Namacunde para falarem com as autoridades. Como estas não apareceram marcaram nova reunião e incendiaram mangas de vacinação de gado.

A 23 de Janeiro foi exigido a um comerciante branco que abandonasse o local junto à fronteira onde vivia. Nesse dia foi incendiada a casa do soba Mateus.

A DGS relacionava esta agitação com as greves no Sudoeste Africano e concluía: “Esta situação, de consequências imprevisíveis, poderá vir a ser aproveitada pelo inimigo que, conhecedor de todos estes acontecimentos e da receptividade dos cuanhamas a tudo quanto se relacione com a subversão, acabará por enviar para a citada região os seus agentes”.