10/05/1972 -

Pedido de 150 000 minas para defesa de Cahora Bassa, feito pelo comandante-chefe de Moçambique, Kaúlza de Arriaga.

O pedido para o fornecimento de minas foi feito em nota enviada ao CEMGFA, sendo 100 000 minas de sopro e 50 000 de fragmentação.

Nesta nota, Kaúlza de Arriaga refere que “para o obstáculo de Cahora Bassa o Gabinete do Plano do Zambeze (GPZ), organismo responsável pela sua aquisição, apenas dispõe de 12 000”. Para a segurança da barragem Kaúlza pede 80 000 e para a segurança da linha mais 30 000, numa primeira fase.

Para Cabo Delgado, no âmbito da Operação Fronteira, o general pedia 90 000 minas, referindo já estarem lançadas 45 000, junto ao Rovuma.

A Operação Fronteira – uma opção problemática

Para Kaúlza de Arriaga o objectivo da acção das suas forças era aniquilar as unidades inimigas e limpar o terreno onde elas se instalavam. Para o atingir, ao contrário de outros generais portugueses, nomeadamente Spínola e do seu antecessor Augusto dos Santos, necessitava de um campo de batalha livre do elemento perturbador que eram as populações. Por isso, logo após a Operação Nó Górdio, desencadeou uma série de acções de destruição de “machambas” – série de operações Orfeu, Baião e Badanal – entre o rio Rovuma e o paralelo Mueda-Mocímboa da Praia, de modo a retirar às populações os meios de subsistência que lhes permitiam permanecer no local e tornarem-se apoios dos guerrilheiros.

Estas acções, realizadas na época seca de 1971, constituíram o primeiro passo para a gigantesca Operação Fronteira, com a qual previa construir junto ao rio Rovuma um sistema de interdição de centenas de quilómetros, que incluía uma rede de arame, estrada alcatroada, postos fixos, vigilância electrónica, campos de minas e patrulhamento permanente, aldeamentos controlados, que não foi levado à prática por manifesta incapacidade de o dotar dos meios financeiros, humanos e materiais necessários. O mesmo conceitoserá aplicado à albufeira de Cahora Bassa, considerada, depois de cheia, um obstáculo intransponível, apesar de os guerrilheiros já estarem bem a sul dela.