26/05/1972 -

Reunião entre Marcelo Caetano e Spínola, a quem este transmite os resultados do seu encontro com Senghor.

Spínola foi a Lisboa comunicar a Marcelo Caetano as propostas de um Plano de Paz que Leopold Senghor, o presidente do Senegal, lhe apresentou na reunião de 18 de Maio em Cap Skiring.

Neste encontro, Marcelo ordenou a interrupção definitiva das conversações com Senghor, afirmando ser preferível perder a guerra a negociar a paz. Marcelo Caetano frisou que não seria aceite “qualquer hipótese de acordo político negociado” e que “o governo se encontrava preparado para uma derrota militar”.

No seu livro Depoimento, escrito no exílio do Brasil, Marcelo Caetano descreve este encontro: “… e foi aqui que, no decurso da conversa (com o general Spínola) fiz a afirmação chocante para a sensibilidade do General, dizendo mais ou menos isto: Para a defesa global do Ultramar é preferível sair da Guiné por uma derrota militar
com honra, do que por um acordo negociado com terroristas, abrindo caminho a outras negociações. Pois V.Exª. preferia uma derrota militar na Guiné – exclamou exaltado o general”.

Com esta posição de intransigência, perdeu-se a última oportunidade de negociar uma solução política para a guerra da Guiné.

A partir daqui só restava a ambas as partes prosseguir com a luta de acordo com as respectivas estratégias, adaptadas agora à nova situação político-militar.

Para Spínola não restava outra solução que não fosse continuar a guerra na Guiné de forma honrosa até ao fim da sua comissão e preparar na Metrópole o derrube do regime.