21/12/1972 -

Ataque de guerrilheiros nacionalistas da Rodésia (Zimbabué) a uma quinta de agricultores brancos em Centenary.

Este ataque marca o início da guerra de guerrilhas na Rodésia, embora muito antes desta data já as forças rodesianas perseguissem e atacassem nacionalistas negros na Rodésia e em Moçambique.

A descrição desta operação é um bom exemplo do modo como os rodesianos actuavam, como organizavam e conduziam as suas operações.

Nesta descrição surgem conceitos operacionais que as Forças Armadas Portuguesas hesitaram em utilizar, ou utilizaram limitadamente como o de “cordão sanitário” junto às fronteiras, que foi previsto para a Operação Fronteira mas não implantado no terreno, especialmente por falta de recursos, ou de áreas de “fogo livre”, que as forças portuguesas só utilizaram para a Força Aérea.

A 21 de Dezembro, guerrilheiros do ZANLA atacaram a residência de um branco, marcando com esta acção o início de uma nova campanha militar. A penetração dos guerrilheiros tinha-se espalhado durante o ano, e a guerra na Rodésia entrava numa nova fase. As populações africanas tinham sido sujeitas a uma grande actividade de propaganda pelos guerrilheiros e colaboravam cada vez menos com as Forças Armadas, nomeadamente no campo das informações. As forças rodesianas responderam ao ataque do ZANLA com um Centro Conjunto de Operações, com o nome de código de Hurricane, para conter a ameaça. Este centro conjunto era a formalização dos sistemas de coordenação existentes desde os anos 60 e podia integrar o Exército, a Força Aérea e a Polícia. As prioridades eram as resultantes da necessidade de deter o fluxo de guerrilheiros vindos de Moçambique e o controlo da população.

O centro conjunto iria planear grandes operações no exterior (Moçambique) de resposta aos ataques. Por um lado, as forças iriam montar um “cordão sanitário” com aparelhos de detecção e aviso de violação, patrulhado e protegido por uma faixa de 20 quilómetros de largura como área interdita; e por outro, seria exercido o controlo das populações, através de “aldeias protegidas”, controlo de alimentação, corta-fogos e, eventualmente, lei marcial e acção psicológica massiva.

A finalidade era usar campos de minas e patrulhas para canalizarem os guerrilheiros até áreas determinadas de onde a população tinha sido evacuada, onde poderiam então ser seguidos e eliminados antes de atingirem áreas povoadas.

Contudo, estas áreas deviam primeiro ser esvaziadas de população, a quem devia ser proporcionada ajuda e condições de conforto. A população local devia ser colocada em “Aldeias Protegidas e Consolidadas” para impedir ou terminar a interacção entre a população e os guerrilheiros.

A primeira área interdita da Operação Hurricane foi criada ao longo da fronteira com Moçambique em Maio de 1973.

Outra área interdita foi desenvolvida ao longo das planícies da fronteira da Rodésia para tentar estabelecer áreas livres de população para a intervenção de das forças de segurança – zonas de fogo livre.

Este conceito (quem quer que se movimente numa destas áreas é considerado um terrorista e pode ser abatido) foi experimentado em algumas áreas do Vietname com grande sucesso militar.