31/12/1972 -

Em documento oficial, o Comando militar português na Guiné previa a utilização, pelo PAIGC, de canhões antiaéreos, lançadores múltiplos de foguetões, viatura anfíbia PT-76, viatura blindada BTR-40 e carros de combate T-34, aumentando substancialmente o seu potencial de combate.

O emprego pelos movimentos de libertação de armas antiaéreas, ou de outras usadas como tal, foi progredindo ao longo do tempo, mas quase todos dispuseram destas armas. Saliente-se que as metralhadoras em uso em todos os exércitos eram capazes de fazer tiro conta aeronaves de baixa velocidade (aviões de hélice e helicópteros) com relativa eficácia.

A título de exemplo, as metralhadoras Breda de 7,9mm tinham um tripé para tiro antiaéreo, bem como as mais poderosas Browning de 12,7mm, mas também as metralhadoras ligeiras MG-44 tinham o mesmo sistema, e até as Dreyse tinham uma alça para tiro contra aeronaves. Evidentemente que se tratava de autodefesa conta a ameaça aérea pontual, e não de um plano de defesa contra aviões.

As armas mais usadas pela guerrilha neste papel foram a metralhadora Goriunov SG-43 de 7,62mm e sobretudo a metralhadora pesada DSHK de 12,7mm, ambas veteranas da II Guerra Mundial.

Na Guiné foi usada a metralhadora pesada ZPU-4 de 14,5mm, de fabrico soviético, que originalmente seria rebocada ou montada numa viatura blindada ou num camião.

Composta por quatro tubos, cada um com uma cadência de 550 tiros por minuto, esta arma tinha um poder de fogo total de 2200 t.p.m., com um alcance eficaz de cerca de 1500 metros. Era portanto uma arma eficaz para defesa pontual (bases e aquartelamentos). Este conceito de tubos múltiplos é ainda hoje utilizado contra mísseis e aviões voando a baixa altitude.

Também foi referido o emprego de uma peça antiaérea de origem soviética de 37mm. Tratava-se da peça antiaérea de 37mm M/1939, equivalente à Bofors de 40mm, usada pelo Exército e pela Marinha.

O calibre 37mm era partilhado por diversas forças armadas (inglesas, americanas, francesas, etc.), quer em antiaérea quer em anticarro, ou peça de carro. Sendo uma arma obsoleta em termos de conflitos clássicos no teatro de operações europeu, era uma arma eficaz contra aviões lentos ou helicópteros, sobretudo porque tinha um projéctil explosivo, ao contrário da metralhadora de 14,5mm.

O lança-foguetes múltiplo referido era o BM-21, afinal o “pai” de todos os lança-foguetes soviéticos, constituído por um camião com uma rampa de 40 tubos que podem ser disparados em salva ou um por um. É uma arma de saturação de área muito eficaz, que está também na origem da concepção do MLRS americano.

Há várias referências a viaturas blindadas usadas na Guiné, pelo PAIGC. A BTR-40 é uma viatura de rodas 4×4 de blindagem lateral de 8mm, que entrou ao serviço do Exército da URSS em 1951, tendo sido considerada obsoleta no final da década de 50 e vendida por todo o mundo. Era semelhante às viaturas blindadas White m/946, de origem americana, usadas em Portugal em unidades de reconhecimento, e que chegaram a ser usadas em África. A BTR-40 pesava 5,3 toneladas e podia transportar oito atiradores, carga, ou rebocar morteiros ou artilharia ligeira.

O carro de combate ligeiro PT-76 foi usado nas unidades de reconhecimento do Exército soviético, tendo a particularidade de ser anfíbio, o que, na Guiné, teria muito interesse. Estava armado com uma peça de 76mm e metralhadoras de 7,62mm, tinha um peso de 14,6 toneladas e uma blindagem máxima de 14mm. O seu motor de 240 hp permitia-lhe uma velocidade de cerca de 45 km/h em terra e de 8 km/h na água.