Continuação da reocupação do Cantanhez, na Guiné.
Falhada a solução política, laboriosamente preparada e procurada por Spínola e que poderia ter tido expressão no Plano Senghor, só restava ao comandante-chefe tentar, de novo, uma vitória militar.
Era suficientemente esclarecido para ter consciência de que ela não era possível, mas também não era homem para assistir de braços cruzados ao evoluir dos acontecimentos e à progressiva degradação da sua obra. Se aceitara ficar mais um ano à frente dos destinos da Guiné, se o Governo central lhe proibira a hipótese de uma solução política, negociada, para a contenda, agora só lhe restava prosseguir a guerra, com algum sentido e coerência. Fiel ao princípio de que só a ofensiva conduz à vitória, Spínola concebeu então o plano arrojado da reconquista das áreas libertadas do Sul da colónia, cujo controlo as forças portuguesas haviam perdido logo nos primeiros tempos das hostilidades.
“A reocupação do Cantanhez”
Dispondo ainda do domínio absoluto dos ares e de unidades especiais – entre as quais se destacava o Batalhão de Comandos Africanos – bem preparadas, equipadas e helitransportadas, foi possível a Spínola montar uma manobra que, fixando a guerrilha perto dos seus santuários, permitiu a implantação de posições das forças portuguesas nas áreas libertadas no Cantanhez, surpreendendo, de início, os guerrilheiros do PAIGC. Quando estes começaram a reagir, viram-se confrontados com fortes acções aéreas, conjugadas com o lançamento de forças helitransportadas sobre as suas áreas de refúgio. E a operação foi-se desenvolvendo com um sucesso que ultrapassou as previsões mais optimistas”.